Marcos Valério confirma chantagem
Foto: Revista VEJA/Reprodução |
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 38 anos
de prisão por ser o operador financeiro do mensalão, o empresário Marcos
Valério narrou nesta segunda-feira ao juiz federal Sergio Moro o que sabe
sobre a operação petista para comprar o silêncio do empresário Ronan Maria
Pinto, que ameaçava envolver o ex-presidente Lula no assassinato do ex-prefeito
de Santo André Celso Daniel. Ao ser perguntado pelo procurador Diogo Castor de
Mattos sobre o dinheiro pago a Ronan mediante a chantagem, Valério se virou
para Moro, confirmou que tomou conhecimento do suborno, mas não quis entrar em detalhes:
disse que era algo “muito grave” e que temia pela sua vida na penitenciária.
Na esteira de sua condenação pelo Supremo Tribunal
Federal em 2012, por envolvimento no esquema do mensalão, o publicitário Marcos
Valério prestou um depoimento ao Ministério Público Federal naquele ano em que
citava o caso do assassinato de Celso Daniel. Diante da
condenação a mais de 40 anos de cadeia, Valério indicou ao STF seu
desejo de prestar novas declarações ao tribunal sobre o esquema. Um acordo de
delação, contudo, nunca chegou a ser firmado.
Na ocasião, o publicitário disse que um empréstimo
concedido pelo Banco Schahin ao empresário José Carlos Bumlai em 2004 tinha
como finalidade pagar uma extorsão a que eram submetidos Lula e o ex-ministro
Gilberto Carvalho. “O termo certo é chantagem. Ouvi de Silvio Pereira na
primeira conversa dentro do hotel Sofitel. Foi explícito isso, o ministro José
Dirceu, o presidente Lula e Gilberto Carvalho estavam sendo chantageados”, afirmou
Valério a Moro no depoimento de hoje. “Vou revelar para o senhor como é que eu
fiquei sabendo desse assunto. O PT tem a mania de montar comitê de crise e,
durante o processo do mensalão, montaram o comitê de crise, que era toda
segunda-feira dentro do Palácio.
Paulo Okamotto |
Nesse comitê, no meu primeiro depoimento na
CPI do mensalão, apareceu uma pessoa que eu nunca vi na minha vida. Chama-se
Paulo Okamotto. Eu nunca o tinha visto. Ele se apresentou, conversamos sobre o
escândalo e foi se passando o tempo. Esse Paulo Okamotto é que ficou me
pajeando o tempo todo. Encontrei com ele ‘n’ vezes e, numa dessas, eu fiquei
sabendo que o senhor José Carlos Bumlai tinha feito o empréstimo e eles tinham
pago o empréstimo com o financiamento da sonda”, completou.
Fonte: Revista VEJA
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