Santana vai destruir Dilma
Foto: NY Times/Reprodução |
Marqueteiro prometeu ao MP revelar um arsenal de
informações que, como o próprio marqueteiro admitiu, vai “destruir” a biografia
da presidente afastada
O marqueteiro João Santana guardava segredos tão
sulfurosos sobre as campanhas do PT que, por meses a fio, anos a fio, se
recusou a revelá-los. Preso em Curitiba e questionado pelo juiz Sergio Moro
sobre seu mutismo implacável a respeito das duas campanhas de Dilma Rousseff,
Santana desmontou e confessou: “Eu, que ajudei a eleição dela, não seria a
pessoa que iria destruir a presidente”. Na semana passada, VEJA levantou o véu
sobre o cardápio de revelações que o marqueteiro entregou ao Ministério Público
na negociação de sua delação premiada — e, considerando-se o que promete dizer,
pode-se finalmente entender por que ele usou a expressão “destruir a
presidente”.
A principal revelação que Santana e a sua mulher, Mônica
Moura, se dispuseram a comprovar é que a presidente afastada autorizou ela
mesma as operações de caixa dois de sua campanha. Ou seja: não se trata de
dizer que Dilma sabia do que acontecia nos bastidores clandestinos de suas
finanças eleitorais, mas sim que ela própria comandava o jogo. Faz sentido
diante da personalidade meticulosa de Dilma, tão dada aos detalhes. Segundo
Santana, em 2014, quando Dilma o convidou para tocar sua campanha à reeleição, ele
relutou em aceitar a proposta. Argumentou que, nas eleições anteriores, de
2010, havia tido problemas para receber os pagamentos pelos serviços prestados
e não queria voltar a enfrentar as mesmas complicações. Para piorar, em 2014,
com um cenário político mais competitivo, achava que precisaria de mais
recursos do que na campanha anterior. Para convencê-lo a topar a empreitada,
Dilma garantiu que dinheiro não seria problema. Santana dirá que ouviu dela que
não haveria atraso no pagamento e que o então ministro da Fazenda, Guido
Mantega, se encarregaria de negociar o caixa paralelo com os doadores.
Mantega, o ministro mais longevo da era petista, não era
o único operador do caixa dois nas campanhas do PT, segundo Santana. O
ex-ministro Antonio Palocci exerceu o mesmo papel até 2011, quando tropeçou nas
explicações sobre a multiplicação do próprio patrimônio. Ex-todo-poderoso chefe
da Casa Civil e da Fazenda, Palocci ganhou um capítulo exclusivo na proposta de
delação do marqueteiro. Ele é apontado como o responsável por esquematizar o
fluxo de pagamentos clandestinos que viabilizaram vários serviços nas eleições
de 2006 e 2010, incluindo o do próprio Santana. Palocci tinha uma conta junto
às empresas envolvidas no petrolão. Também tinha um braço-direito, Juscelino
Dourado, que distribuía uma parte do dinheiro.
Fonte: Revista VEJA
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