quinta-feira, 14 de julho de 2016

Operação Lava Jato

Limite para Moro é o fim do ano

Foto: Reprodução
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato, afirmou na tarde desta quinta-feira, em Washington, nos Estados Unidos, que espera terminar sua parte nas investigações até o fim do ano. O magistrado ressaltou, no entanto, que não pode determinar prazos e que a parte que cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) deve continuar por mais tempo. A Corte julga casos de envolvidos que têm direito a foro privilegiado.

— A investigação ainda está em aberto. É difícil fazer previsões, mas espero acabar a minha parte na Lava-Jato até o fim do ano — disse Moro, para depois acrescentar que pretende "tirar longas férias" após o fim de sua participação e voltar para sua atividade como juiz de carreira.

Moro está na capital americana para um ciclo de palestras no Instituto Brasil, do Wilson Center, onde participou do debate "Tratando dos casos de corrupção política no Brasil". No evento, ele afirmou que “nenhum país está condenado a ser corrupto” e que as investigações da Lava-Jato não têm objetivo de perseguir nenhum grupo político. Moro disse que, apesar de todo o espaço dado às delações premiadas, a principal arma das investigações continua a ser o rastreamento do dinheiro.

— Alguns críticos da Lava-Jato dizem que a operação depende muito das informações obtidas nestes acordos de delação. A verdade é que o processo envolve o uso de outros métodos de investigação, e a velha estratégia de seguir o dinheiro continua a ser o mais importante método de investigação — afirmou Moro.

O juiz disse que a quebra do sigilo bancário dos suspeitos tem auxiliado muito, juntamente com a cooperação internacional, para descobrir valores alocados no exterior. Moro explicou os desdobramentos das investigações e as particularidades do sistema judicial brasileiro aos americanos presentes na palestra. Disse que, historicamente, casos de corrupção não geram condenações, mas que isso mudou após o mensalão.

— O aspecto mais problemático do caso (Lava-Jato) é que parece que o pagamento de subornos em contratos da Petrobras não foi uma exceção, mas sim a regra. Alguns dos criminosos cooperantes usaram essa palavra. Eles descreveram os crimes cometidos como uma regra do jogo em contratos do setor público — disse o juiz, que destacou a ocorrência de casos em diversas esferas do governo:

— Todos esses fatos, especialmente os casos já sentenciados, permitem concluir que há um ambiente de corrupção sistêmica, que foi descoberto através da investigação.
Agência Globo

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