Centrão age para adiar cassação
Apesar do discurso de pacificação, menos de uma semana
depois da eleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara, a
base aliada voltou a divergir sobre o melhor momento para levar ao plenário a
cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). De um lado, os
líderes do Centrão (PP, PSD, PR, PTB, PSC e partidos nanicos), grupo ligado ao
peemedebista, são cautelosos e consideram que não haverá quórum suficiente para
a votação em agosto, depois do recesso legislativo.
Do outro, os partidos do grupo de Maia – DEM, PSDB, PPS e
PSB – afirmam que convocarão as bancadas para tentar assegurar um número mínimo
para votar a cassação de Cunha em agosto. “O PSB vai cobrar presença, igual
escolinha”, afirmou o líder do partido, Paulo Foletto (ES). “Virá todo mundo e
terá quórum elevado”, disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). Para ele, a
ausência da maioria dos deputados neste período seria “desmoralizante”.
No meio da pressão, Maia afirmou nesta terça-feira, que
poderá pautar o processo entre os dias 8 e 12 de agosto. “Na primeira semana
acho difícil, mas a partir da segunda é possível. Eu só não quero dar data
porque se não tiver quórum vocês vão ficar me cobrando que eu adiei a votação.
Vamos ter uma noção melhor na primeira semana, como vai se construir o quórum
para dar uma data objetiva”, disse.
A primeira semana de atividades no Congresso vai
coincidir com a realização das convenções partidárias, que definirão os
candidatos para a disputa municipal. Outro fator que pode influenciar é o
início da Olimpíada no Rio. “Não sei se vai ter quórum”, afirmou o líder do
PTB, Jovair Arantes (GO).
“O presidente falou que se não tiver um quórum de 460,
ele não vai colocar para votação [o processo contra Cunha]. É um risco, mas
acredito que será votado”, considerou o líder do PR, Aelton Freitas (MG). O
processo foi enviado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) à
secretaria-geral da Mesa e não há prazo definido para que Maia dê início aos
debates no plenário.
Outro item que deve entrar na pauta de votações da Câmara
no segundo semestre é o projeto das 10 medidas de combate à corrupção
encampadas pelo Ministério Público. Segundo Maia, a expectativa é de que as
medidas sejam analisadas até 9 de dezembro, Dia Internacional contra a
Corrupção. Ao receber um grupo de juízes e procuradores nesta terça-feira, Maia
indicou que o tema será uma de suas prioridades. A comissão que vai
analisar o pacote foi instalada na semana passada, quatro meses após a proposta
ser apresentada. “Queremos estar até lá com a matéria votada”, disse o relator
do projeto no colegiado, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Agência Estado/veja.com
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