Temer virou refém do Centrão?
Não há como negar que o presidente interino, Michel
Temer, está perigosamente virando refém dos 219 deputados que formam o chamado Centrão na Câmara
Federal. Desde partidos com dois ou três representantes, como PSL, PT do B e
PEN, até os maiores como PR, que abriga 41 deputados e o PP com 48
parlamentares, o bloco é formado por quem pode decidir os destinos do novo
governo.
Agora mesmo, indicaram o deputado André Moura (PSC-CE)
para líder do governo na Câmara. Além de representar uma bancada de apenas nove
deputados, Moura é réu em três ações penais no STF, investigado em outros três
inquéritos, sendo um por tentativa de homicídio, além de ser condenado por
improbidade administrativa.
A pergunta quase obrigatória é a que indaga se, pelo
menos entre os 219 deputados do Centrão, não haveria um outro nome que não
fosse tão envolvido em processos como o indicado?
O grande ‘mérito’ de André Moura, é ser amigo íntimo do
deputado Eduardo Cunha, afastado da presidência da Câmara e envolvido em
acusações nada recomendáveis. Cunha, quer queiram ou não, segue mandando na quase
maioria dos deputados federais.
A partir da indicação de Moura, o presidente Temer fica
dependente do trabalho dele e do Centrão, para aprovar projetos de interesse do
governo.
Existem resistências, por exemplo, para a aprovação de
uma reforma trabalhista, com mudanças nas regras de terceirização e negociações
entre sindicatos e empregadores.
Até o mês de junho, o governo pretende enviar ao
Congresso uma proposta de reforma da previdência e discute a idade mínima a ser
exigida para aposentadoria. Partidos como o PTB e Solidariedade, não concordam
e podem interferir na decisão do Centrão.
Por outro lado, o governo pretende aprovar a mudança da
meta fiscal, já que está diante de um cenário que mostra um rombo de mais de R$
150 bilhões nas contas publicas para este ano. Com o apoio praticamente certo
do chamado Centrão, a redução será aprovada com tranquilidade.
Diante da manifestação do ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, da necessidade de retomada da CPMF, a maioria dos deputados do
Centrão já se manifestou desfavorável e não pretende mudar de ideia.
Como se vê, se o Centrão praticamente garante a maioria
para a base de Temer na Câmara, ao mesmo tempo pode ser uma pedra no sapato dele
na hora de caminhar em direção ao que precisa fazer para garantir mudanças e
permanecer na presidência.
Mas como a política é muito dinâmica, na opinião de
alguns, é bom esperar e aguardar o desenrolar dos acontecimentos. O que é hoje,
pode não ser amanhã.
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