segunda-feira, 18 de abril de 2016

Opinião – 2

O tchau Dilma e as abstenções

A frase dita por Lula ao final da conversa telefônica grampeada pela Polícia Federal foi estandarte para milhares de cartazes espalhados pelo plenário da Câmara durante a votação do processo de impeachment da presidente.

Provavelmente Lula jamais tenha imaginado que sua despedida na conversa em que Dilma comunicava que enviaria o documento de posse na Casa Civil, “para ser usado em caso de necessidade”, acabasse se transformando quase que num slogan da oposição durante a votação.

Mas tudo o que está ruim pode piorar. E parece que é assim em relação ao processo de impeachment de Dilma. A partir de agora, as coisas devem ficar muito mais difíceis para a presidente com a análise no Senado.

Por maioria simples, ou seja, 41 votos, os senadores poderão autorizar o processo, abrir a Comissão Especial, colocando Dilma por 180 dias na geladeira, permitindo que Temer assuma a presidência. E as pesquisas em relação ao voto dos senadores, mostra que 45 votarão pela condenação de Dilma que, até agora, tem apenas 21 votos favoráveis.

Mesmo na votação final, quando são necessários dois terços dos 81 senadores ou seja, 54 votos, é praticamente impossível que Dilma reverta a situação. Ela perdeu, nos últimos dias, apoios importantes de grandes partidos que deixaram a base aliada e foram para o lado de Temer.

Parece que o grito de “não vai ter golpe” ou a insistência em chamar a grande mídia de “imprensa golpista”, não colou, a não ser entre os que defendem o governo. Ao mesmo tempo, todo o brilho de Lula, sempre tão forte e senhor de si, parece definitivamente ofuscado. Ele não conseguiu melhorar nada a situação de sua criatura, muito pelo contrário, parece que ajudou a piorar.

Se duvidarem, será visto na saída do hotel, ou do Palácio do Planalto, carregando um cartaz de Tchau Querida!

Foram sete deputados que se abstiveram de votar na tarde de ontem. Entre eles, lamentavelmente, um gaúcho, o deputado Pompeo de Matos (PDT). Aliás, dos três deputados gaúchos do PDT, um votou contra (Afonso Mota), um a favor (Geovani Cherini) e outro (Pompeo de Matos) se absteve.

Sempre tive uma posição sobre quem vota ‘abstenção’ quando precisa se posicionar diante de um problema polêmico, ainda mais como no caso de ontem quando todos os eleitores esperavam por um posicionamento de seu candidato.

O deputado tinha que ser claro, honesto e objetivo, votando sim ou não, jamais frustrando a expectativa de quem confiou seu voto a ele esperando uma posição a favor ou contra o impeachment. Pompeo preferiu ficar sobre o muro.

Tenho uma convicção formada sobre o voto de abstenção. Para mim, num caso como o de ontem, quem se abstém de votar, pratica um ato menor, jogando seu voto no lixo. Quer ficar bem com os dois lados, mas não consegue enganar a nenhum.

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