O tchau Dilma e as abstenções
A frase dita por Lula ao final da conversa telefônica grampeada
pela Polícia Federal foi estandarte para milhares de cartazes espalhados pelo
plenário da Câmara durante a votação do processo de impeachment da presidente.
Provavelmente Lula jamais tenha imaginado que sua
despedida na conversa em que Dilma comunicava que enviaria o documento de posse
na Casa Civil, “para ser usado em caso de necessidade”, acabasse se
transformando quase que num slogan da oposição durante a votação.
Mas tudo o que está ruim pode piorar. E parece que é
assim em relação ao processo de impeachment de Dilma. A partir de agora, as
coisas devem ficar muito mais difíceis para a presidente com a análise no
Senado.
Por maioria simples, ou seja, 41 votos, os senadores
poderão autorizar o processo, abrir a Comissão Especial, colocando Dilma por
180 dias na geladeira, permitindo que Temer assuma a presidência. E as
pesquisas em relação ao voto dos senadores, mostra que 45 votarão pela
condenação de Dilma que, até agora, tem apenas 21 votos favoráveis.
Mesmo na votação final, quando são necessários dois
terços dos 81 senadores ou seja, 54 votos, é praticamente impossível que Dilma
reverta a situação. Ela perdeu, nos últimos dias, apoios importantes de grandes
partidos que deixaram a base aliada e foram para o lado de Temer.
Parece que o grito de “não vai ter golpe” ou a
insistência em chamar a grande mídia de “imprensa golpista”, não colou, a não
ser entre os que defendem o governo. Ao mesmo tempo, todo o brilho de Lula,
sempre tão forte e senhor de si, parece definitivamente ofuscado. Ele não
conseguiu melhorar nada a situação de sua criatura, muito pelo contrário,
parece que ajudou a piorar.
Se duvidarem, será visto na saída do hotel, ou do Palácio
do Planalto, carregando um cartaz de Tchau Querida!
Foram sete deputados
que se abstiveram de votar na tarde de ontem. Entre eles, lamentavelmente, um
gaúcho, o deputado Pompeo de Matos (PDT). Aliás, dos três deputados gaúchos do
PDT, um votou contra (Afonso Mota), um a favor (Geovani Cherini) e outro (Pompeo de Matos) se absteve.
Sempre tive uma posição sobre quem vota ‘abstenção’
quando precisa se posicionar diante de um problema polêmico, ainda mais como no caso de
ontem quando todos os eleitores esperavam por um posicionamento de seu
candidato.
O deputado tinha que ser claro, honesto e objetivo, votando sim ou
não, jamais frustrando a expectativa de quem confiou seu voto a ele esperando
uma posição a favor ou contra o impeachment. Pompeo preferiu ficar sobre o
muro.
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