Mais de 76 milhões de telefonemas
Não se engane. Não são mais de 76 milhões de ligações para ajudar
alguma criança doente, alguma família atingida por uma tragédia, para combater
a fome no mundo, a zika, a dengue. Nestes casos, normalmente o número de ligações é infinitamente
menor.
As ligações (mais de 76 milhões) foram feitas para decidir quem
deveria vencer o Big Brother Brasil na noite de ontem. A vencedora foi a
mineira Munik, de 19 anos, que levou o prêmio de R$ 1,5 milhão. Fora o que
ganhou durante o programa.
Tirando familiares e amigos da vencedora, fico imaginando
o que leva uma pessoa a pegar o telefone fixo ou o celular e pagar, por menor que
seja a quantia, para votar em quem gostaria de ver receber um milhão e meio de
reais.
Acho que como quase todos os brasileiros, tive interesse
nas primeiras edições do programa que, aos poucos, foi se transformando numa
geleia geral com baixarias de todos os tipos. Os movimentos sob o edredom
passaram a ser coisa comum e explicita. Mulheres e homens nus também. Cenas de
sexo, palavrões, intrigas, brigas e tudo mais, passaram a constar do roteiro do
programa. Coisa normal!
Mas não consigo dividir espaços comuns sem ouvir pessoas
comentando sobre o que acontece na famosa casa, principalmente à noite, quando
as imagens são seletivamente editadas para, digamos assim, conquistar mais
assinantes.
Evidente que não condeno quem assiste ao programa e gasta
para votar. Nem tenho este direito. O que não aceito é que nenhuma autoridade,
por motivos que não sei, ou sei bem, toma uma providência contra o que é
mostrado aos telespectadores em horário nobre. Claro que assiste quem quer,
quem não quiser, troca de canal, mas não são poucos os que são atraídos por
mulheres e homens bonitos, em cenas que, no meu tempo, eram proibidas para
menores de 18 anos. Hoje a idade limite recomendada pela censura para o programa é de
12 anos.
Fico imaginando quanta criança não deve ter ligado para
que fossem alcançados os mais de 76 milhões de votos.
Escrevi tudo isso e, bem no final, lembrei que estamos no
Brasil. Aqui, lamentavelmente, a maioria das coisas não é séria!
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