A ordem é gritar ‘não vai ter golpe’
Pelo levantamento dos organizadores do movimento, foram
mais de 500 mil, já de acordo com a polícia, foram cerca de 200 mil os
manifestantes que saíram para as ruas na tarde de ontem para defender o governo
Dilma e marcar posição contra o impeachment da presidente.
Não quero ficar fazendo comparações entre o que aconteceu
no dia 13 de março e o que ocorreu ontem no Brasil, quando os dois movimentos levaram
seus apoiadores para as ruas e praças brasileiras. Quem tem alguma dúvida, que
procure os números que foram estampados nos jornais e compare a quantidade de
pessoas num e noutro movimento.
Quero isto sim, falar no apoio (?) que a presidente recebeu
de artistas, a grande maioria da Rede Globo, na manhã de ontem e que completa
os apoios recebidos de intelectuais e jornalistas em outros dias. Mas não quero
deixar passar em branco a entrega das assinaturas em defesa de uma lei mais
dura contra a corrupção. E me recorro de uma postagem feita por meu filho
Marcelo, tão logo jornalistas e intelectuais levaram listas de assinaturas em apoio
ao Planalto. Quem quiser que tire suas conclusões. Disse o meu filho:
“Mil e poucos intelectuais e outros mil e
poucos jornalistas assinam contra o impeachment. Dois milhões de pessoas
assinam pelas dez medidas contra a corrupção. É, não vai ter golpe”
Não posso ser hipócrita ao ponto de não admitir que ainda
existem os que acreditam e apoiam o governo, mesmo que a inflação seja tão alta
como há muito tempo a gente não via, mesmo que os remédios, hoje, tenham alta
de mais de 12%, bem acima da inflação, mesmo que a corrupção seja a maior de
toda a nossa história, mesmo que o caos econômico esteja instalado no Brasil.
Uma grande parcela de militantes esteve nas ruas na tarde de ontem para gritar “não
vai ter golpe” e protestar contra Michel Temer, aquele mesmo que só se elegeu
graças aos votos da grande maioria dos que estavam nas manifestações.
Até o
momento de contar com os votos do PMDB, Temer era o vice-presidente, bastou seu
partido sair do governo para ele se transformar em traidor.
E olhem que não votei na Dilma, então não posso ser
responsabilizado pela presença do Temer no governo. Isso é coisa para os
petistas resolverem.
Uma coisa que me chamou atenção ontem, e já se destaca
faz muito tempo, é a presença de sindicalistas, MST e outros movimentos iguais
nas manifestações. A maioria é transportada em ônibus pagos pelos sindicatos,
recebem ajuda de custo, como ocorreu em Santa Catarina, lanche, camiseta e
bandeira. Os da CUT estavam fardados, obrigatoriamente, para que se destacassem
no meio do povo.
Na manifestação do dia 13 de março, aqui em Porto Alegre,
levei muito tempo até conseguir chegar ao Parcão. O número de pessoas que,
voluntariamente se deslocavam para lá, era muito grande, e todos com seus
próprios recursos, sem ônibus pago e sem lanchinho. Estes são os chamados “coxinhas”,
que só estavam lá por ser domingo e que, certamente, não participariam, por exemplo,
de manifestações em dias uteis!
Ah! Também não assistiram a nenhum show programado para
atrair admiradores. Gritavam palavras de ordem, sim, mas incentivados por animadores nos caminhões de som, nunca por ordem superior.
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