Marcelo comandava distribuição de propinas
A Operação Lava Jato chegou definitivamente ao caixa dois
do Grupo Odebrecht. Os mandados de busca e apreensão cumpridos nesta
terça-feira na 26ª fase da operação jogam por terra a linha de defesa do
empreiteiro e herdeiro Marcelo Odebrecht, que sempre argumentou na Operação
Lava Jato que ele não detinha conhecimento de todas as estruturas da companhia
e que tampouco adentrava no dia a dia das empresas do grupo. A nova etapa das
investigações, batizada de Xepa, desvendou um esquema estruturado de pagamento de
vantagens indevidas pelo Grupo Odebrecht e mostra que pelo menos até novembro
de 2015 há registros de tratativas de pagamentos de dinheiro sujo feitas por
executivos.
A nova fase da Lava Jato deve evidenciar ainda que o
próprio marqueteiro João Santana, responsável pelas últimas campanhas
publicitárias do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, foi
beneficiário direto de um esquema paralelo de pagamentos da Odebrecht. Os
repasses foram feitos por uma estrutura específica no Setor de Operações
Estruturadas da companhia. Nele, um sistema informatizado próprio processava o
pagamento de propinas e permitia a comunicação sigilosa entre executivos e
funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas. Nos papéis coletados pela PF, os
beneficiários estão registrados por codinomes. Ao lado, valores elevados
relacionados a contratos em todo o país. De todos os codinomes, um dos mais
vistosos é "Feira", em referência a Santana e à esposa dele, Mônica
Moura.
Mônica Moura e João Santana |
São pelo menos 14 executivos de diversos setores do Grupo
Odebrecht que davam ordens para os pagamentos paralelos do conglomerado.
"Essas evidências abrem toda uma nova linha de apuração de pagamento de
propinas em função de variadas obras públicas", disse o Ministério
Público. Para os investigadores, as evidências de pagamento de propina em
escala mostram que repasses de dinheiro sujo eram um "modelo de
negócios" da Odebrecht.
"Obtiveram-se mais evidências contundentes de
que Marcelo Odebrecht não apenas tinha conhecimento e anuía com os pagamentos
ilícitos, mas também comandava diretamente o pagamento de algumas vantagens
indevidas, como, por exemplo, as vantagens indevidas repassadas aos
publicitários e também investigados Monica Moura e João Santana", diz o
MP.
(Com Veja.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário