Na noite de ontem (28) tivemos Assembleia Geral no condomínio onde moro. Estava mais do que na hora de mudar alguma coisa, pois o abandono era visível por todos os cantos. Fomos até tarde, mas conseguimos eleger a chapa da qual, modestamente, eu fazia parte.
Para não fugir daquilo que muitos entendem como "um fardo pesado", aceitei ser subsíndico e, ao lado de Dona Márcia Lucas e conselheiros eleitos, já estamos trabalhando.
Para não fugir daquilo que muitos entendem como "um fardo pesado", aceitei ser subsíndico e, ao lado de Dona Márcia Lucas e conselheiros eleitos, já estamos trabalhando.
Assim, aproveito para deixar com todos o editorial de hoje do jornal Estado de São Paulo que trata das mudanças que deverão acontecer no governo com a saída do PMDB. Acho que é uma leitura necessária para os que querem realmente entender o Brasil de hoje.
Tenham todos um Bom Dia!
Espírito público e coragem*
A se confirmar a decisão do PMDB de
se afastar de um governo que dois em cada três brasileiros querem ver pelas
costas, estará aberto o caminho para o impeachment constitucional de Dilma
Rousseff e o fim da nefasta era petista, cujo populismo irresponsável jogou o
País no impasse político, no desastre econômico, na falência moral e na
frustração social. Decretado o afastamento de Dilma, os brasileiros terão um
breve sentimento de alívio, mas logo perceberão que, a partir daí, estará
apenas começando o enorme desafio da reconstrução nacional, necessária diante
da razzia que
a tigrada fez na infraestrutura do País e nos fundamentos da economia nacional.
E a condição essencial para que isso ocorra é que o novo governo, apesar das
concessões políticas que inevitavelmente lhe serão solicitadas, assuma imbuído
de genuíno espírito público e da coragem necessários para banir o populismo e
dar início à correção dos erros e equívocos do estatismo voluntarista com a
execução de um programa mínimo de governo que permita, com a brevidade
possível, a retomada do crescimento econômico como alavanca para o verdadeiro
desenvolvimento social.
A diferença entre um populista como
Lula e uma liderança movida por genuíno espírito público e democrático é que o
ex-presidente, paternalisticamente, se empenha em dar ao povo o que o povo
pede, enquanto o verdadeiro líder cria condições para que o povo tenha
efetivamente acesso àquilo de que precisa e a que tem direito. Lula só diz ao
povo o que o povo quer ouvir. O líder verdadeiramente democrático tem a coragem
de não vender ilusões. Numa verdadeira democracia, aquela em que o instituto da
representação popular funciona de verdade, o povo não depende da generosidade
dos governantes, porque aquilo que lhe é de direito – em síntese, condições
dignas de vida e igualdade de oportunidades para desenvolver suas
potencialidades – é garantido pelo aparato legal e pela eficácia da gestão
governamental.
Essa é a descrição da sociedade justa
da qual apenas algumas nações desenvolvidas conseguem chegar perto. Mas o
subdesenvolvimento cultural não é justificativa para que políticos
despreparados e inescrupulosos eleitos pela falta de discernimento popular
optem pelo caminho fácil do populismo. Aqui, mais do que em qualquer país do
Primeiro Mundo, é necessário – além de ações emergenciais para combater a
miséria – que as lideranças políticas sejam movidas por genuíno espírito
público e tenham a coragem de aplicar medidas impopulares em benefício de toda
a população e em especial dos que estão marginalizados da vida econômica. Esse
é o grande desafio aos que terão a responsabilidade de governar o País depois
que Dilma tiver ido embora.
Diante dessa perspectiva, é possível
esperar dias melhores? Não será fácil, certamente, porque a estrutura política
do País está podre, comprometida por um sistema partidário absurdamente
atomizado criado por uma legislação pretensamente democrática que só tem
servido aos interesses de caciques políticos e, para piorar, é um sistema que,
se historicamente nunca foi imaculado, sob o lulopetismo se corrompeu até a
raiz. Basta ver como nos últimos dias Dilma tem tentado comprar votos contra o
impeachment por meio de uma açodada e indecorosa distribuição de cargos
públicos. Olhando para o Congresso Nacional, os mais céticos defensores do
saneamento tendem a desanimar. Mas o fato é que esse é o Parlamento de que o
País dispõe, e ele foi colocado lá pelo voto dos brasileiros. É com ele,
portanto, que pelo menos até 2018 o Brasil terá de se haver.
Será difícil depositar grandes
esperanças no comportamento patriótico de senadores e deputados – aqueles que
escaparem da Lava Jato e congêneres. Tome-se o exemplo da maior legenda
oposicionista, o PSDB, cujos principais líderes, em vez de se empenharem numa
proposta alternativa de governo, se digladiam numa disputa rasteira pela
próxima candidatura à Presidência. Assim sendo, só resta esperar que o
substituto legal de Dilma, que já se comprometeu com programas pontuais
importantes, continue a inscrever com dignidade seu nome na História do Brasil,
convencendo o corpo político de que o momento exige muito espírito público e
coragem e trazendo para a administração pessoas notáveis que se afastaram da
política partidária, mas jamais deixaram de combater o bom combate.
*Publicado no Estadão.com de hoje, dia 29/03/2016
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