Procuradores miram empréstimos do BNDES
a Bumlai e não descartam investigar Lula
Foto: Revista Veja |
A Polícia Federal e a força-tarefa da Lava Jato devem
investigar se o governo do ex-presidente Lula beneficiou o pecuarista José
Carlos Bumlai em contratos com a administração pública. Embora Lula não seja
formalmente alvo de investigação, ele foi frequentemente citado pelo próprio
Bumlai como a autoridade que poderia destravar impasses - desde a manutenção do
ex-diretor Nestor Cerveró na Petrobras até a confirmação de um contrato de
sondas pelo grupo Schahin. Por ora, a ofensiva dos investigadores deve se focar
em empréstimos de instituições financeiras, como o BNDES, utilizados para o
esquema de corrupção, mas a PF não descarta apurar se o Palácio do Planalto,
sob a gestão Lula, interferiu em contratos operados por Bumlai.
Em sua delação premiada, o lobista Fernando Baiano disse
que, na tentativa de emplacar um contrato entre a empresa OSX, do ex-bilionário
Eike Batista, com a Sete Brasil, empresa gestada no governo Lula para construir
as sondas de exploração do petróleo do pré-sal, o empresário José Carlos Bumlai
foi acionado para interceder junto a Lula. Em troca, o pecuarista teria
recebido comissão de 2 milhões de reais, que acabaram repassados a uma nora do
ex-presidente para a quitação da dívida de um imóvel.
"Em relação ao ex-presidente Lula, são citações
ainda sem qualquer conteúdo de prova efetiva. É muito comum que o nome seja
usado sem autorização. Pode ser esse o caso, mas tem que apurar, ver se houve
realmente alguma interferência do Palácio do Planalto nesses contratos",
defendeu hoje o delegado Igor Romário de Paula, que atua na Lava Jato.
Procurador Diogo C. Mattos |
Segundo o procurador Diogo Castor de Mattos, a
força-tarefa da Lava Jato já está investigando "dezenas de milhões de
reais" em contratos suspeitos, incluindo documentos envolvendo as empresas
São Fernando Açúcar e Álcool e São Fernando Energia, administradas pelos filhos
de José Carlos Bumlai, e do frigorífico Bertin. De acordo com depoimento do
ex-presidente do Banco Schahin, Sandro Tordin, os petistas Delúbio Soares e
José Dirceu, condenados no julgamento do mensalão, intercederam para que a
instituição financeira liberasse um empréstimo de cerca de 12 milhões de reais
a Bumlai. Esse empréstimo, dizem os investigadores, teria sido fraudado para
dar ares de veracidade ao repasse de recursos que quitariam dívidas de campanha
do ex-presidente Lula em 2002. Ao final, com o dinheiro na conta de Bumlai, os
valores foram transferidos para contas do Frigorífico Bertin.
"Existem outros empréstimos de instituições
financeiras que estão sob investigação e somam quantias de dezenas de milhões
de reais. Há suspeita de outros empréstimos. Caso haja realmente esse vínculo
[com esquema de corrupção na Petrobras], tomaremos as medidas cabíveis em
relação aos investigados", disse Mattos. (Com informações da Veja.com)
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