terça-feira, 24 de novembro de 2015

Operação Lava Jato – 3

Procuradores miram empréstimos do BNDES
a Bumlai e não descartam investigar Lula

Foto: Revista Veja
A Polícia Federal e a força-tarefa da Lava Jato devem investigar se o governo do ex-presidente Lula beneficiou o pecuarista José Carlos Bumlai em contratos com a administração pública. Embora Lula não seja formalmente alvo de investigação, ele foi frequentemente citado pelo próprio Bumlai como a autoridade que poderia destravar impasses - desde a manutenção do ex-diretor Nestor Cerveró na Petrobras até a confirmação de um contrato de sondas pelo grupo Schahin. Por ora, a ofensiva dos investigadores deve se focar em empréstimos de instituições financeiras, como o BNDES, utilizados para o esquema de corrupção, mas a PF não descarta apurar se o Palácio do Planalto, sob a gestão Lula, interferiu em contratos operados por Bumlai.

Em sua delação premiada, o lobista Fernando Baiano disse que, na tentativa de emplacar um contrato entre a empresa OSX, do ex-bilionário Eike Batista, com a Sete Brasil, empresa gestada no governo Lula para construir as sondas de exploração do petróleo do pré-sal, o empresário José Carlos Bumlai foi acionado para interceder junto a Lula. Em troca, o pecuarista teria recebido comissão de 2 milhões de reais, que acabaram repassados a uma nora do ex-presidente para a quitação da dívida de um imóvel.

"Em relação ao ex-presidente Lula, são citações ainda sem qualquer conteúdo de prova efetiva. É muito comum que o nome seja usado sem autorização. Pode ser esse o caso, mas tem que apurar, ver se houve realmente alguma interferência do Palácio do Planalto nesses contratos", defendeu hoje o delegado Igor Romário de Paula, que atua na Lava Jato.

Procurador Diogo C. Mattos
Segundo o procurador Diogo Castor de Mattos, a força-tarefa da Lava Jato já está investigando "dezenas de milhões de reais" em contratos suspeitos, incluindo documentos envolvendo as empresas São Fernando Açúcar e Álcool e São Fernando Energia, administradas pelos filhos de José Carlos Bumlai, e do frigorífico Bertin. De acordo com depoimento do ex-presidente do Banco Schahin, Sandro Tordin, os petistas Delúbio Soares e José Dirceu, condenados no julgamento do mensalão, intercederam para que a instituição financeira liberasse um empréstimo de cerca de 12 milhões de reais a Bumlai. Esse empréstimo, dizem os investigadores, teria sido fraudado para dar ares de veracidade ao repasse de recursos que quitariam dívidas de campanha do ex-presidente Lula em 2002. Ao final, com o dinheiro na conta de Bumlai, os valores foram transferidos para contas do Frigorífico Bertin.

"Existem outros empréstimos de instituições financeiras que estão sob investigação e somam quantias de dezenas de milhões de reais. Há suspeita de outros empréstimos. Caso haja realmente esse vínculo [com esquema de corrupção na Petrobras], tomaremos as medidas cabíveis em relação aos investigados", disse Mattos. (Com informações da Veja.com)

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