“Queremos o povo nas ruas”
Ivar Schmidt |
Por trás da manifestação de caminhoneiros que começou nesta
segunda-feira, 9, em 15 Estados brasileiros está um catarinense de
44 anos, nascido na cidade de Palmitos, e que passou os últimos 16 anos
em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ivar Luiz Schmidt é o líder do Comando
Nacional do Transporte (CNT), que desafiou as principais centrais sindicais da
categoria e conseguiu paralisar parte das estradas nacionais.
Em entrevista ao Estado, o líder do CNT diz que, a princípio, não há interesse em
negociar com o governo federal e que o principal objetivo é derrubar a
presidente Dilma Rousseff. “Entregamos uma pauta para o governo em 4 de março
e, em oito meses, o que foi atendido é irrelevante. Por causa disso, e do clima
em que se encontra o País, com inflação elevada e aumentos consecutivos dos
combustíveis e da energia elétrica, achamos por bem pedir a renúncia da
presidente. Não acreditamos mais que ela seja capaz de conduzir o País para
fora do abismo no qual se encontra.”
Entre as
reivindicações feitas pelos caminhoneiros no início do ano, estão a manutenção
do preço do diesel e a prorrogação por 12 meses do pagamento das dívidas para
compra de veículos. No acordo firmado com os sindicalistas, o governo aceitou a
prorrogação, mas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
não teria dado o aval, afirmou um sindicalista.
Sem partido. Schmidt, que nega qualquer filiação
partidária, afirma que as paralisações devem aumentar nos próximos dias. Ele
afirma que não é do interesse do grupo provocar escassez ou elevação dos preços
de produtos no País, mas sim pressionar o governo e fazer com que o povo acorde
– mas, em gravações que circulam pelo WhatsApp, caminhoneiros afirmam que vão
“tacar fogo nos caminhões se não cumprirem a paralisação”.
“Queremos que o povo
vá para a rua e nos apoie, protestem e não fiquem só nas redes sociais
reclamando do governo. Se isso não ocorrer, ficará provado que o povo está
gostando desse governo.” Sobre os movimentos Brasil Livre e Vem pra Rua, ele
destaca que a única coisa em comum é a pauta.
O líder do CNT se diz
um “empresário falido”, sufocado pela enorme carga tributária que recai sobre
as empresas. Hoje, ele afirma que é autônomo e só tem um caminhão. Na internet,
no seu perfil no Linkedin, ele declara que é sócio da Roda Brasil Transportes.
Segundo Schmidt, as adesões ao movimento não incluem apenas autônomos, mas
também grandes empresários do setor.
Mas ele não conta com
o apoio das centrais sindicais, como a União Nacional dos Caminhoneiros,
Associação Brasileira dos Caminhoneiros e União Brasil Caminhoneiro – essa
última teve grande participação nas paralisações do início do ano, ao lado do
próprio Schmidt.
“Eu imagino que eles
estejam sendo muito pressionados pelo governo”, destacou o novo líder dos caminhoneiros.
Entre alguns
sindicalistas, o movimento de Schmidt é chamado de “anônimo”, que faz barulho
pelas redes sociais.(Agência Estado)
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