Como faço todos os dias, antes de escrever meu
comentário, dou uma passada pelos jornais e portais de notícias. Acho que faço
bem, pois hoje encontrei o comentário de Celso Ming, publicado no Estadão, que
faço questão de postar. Ele mostra o lado bem realista do pacote que o governo
tenta empurrar goela abaixo dos brasileiros. Lendo o Celso Ming, podemos
entender muita coisa que nem sempre é mostrada claramente.
Boa leitura e tenham todos um Bom Dia!
E se o pacote for rejeitado?
Celso Ming
Somente os banqueiros estão apoiando o pacote do governo
Dilma e, ainda assim, apenas por conveniência.
Quase tudo não passou de prestidigitação, do tipo
tira-daqui-põe-lá: é empurrar pra frente o reajuste dos servidores; é deixar
para quando der a realização de concursos públicos; é convencer os senhores
deputados a aplicar suas verbinhas em projetos do PAC; é adiantar pagamentos da
casa própria com recursos do Fundo de Garantia... Isto posto, acredite quem
quiser, o enxugamento desse gelo economizará R$
26 bilhões.
A colher de veneno com que o mordomo vai matar o amante
da patroa é a CPMF, formatada para arrecadar R$ 32 bilhões em 2016, mais do que
o rombo original a cobrir, de R$ 30,5 bilhões.
Mas, também aí, não funcionou o script: o de que esse
tributo vai tirar apenas 2 milésimos da entrada do cinema; que vai ser
provisório; que vai se destinar ao pagamento da aposentadoria de nossos
queridos velhinhos.
Como a probabilidade de rejeição é alta, é preciso pensar
no que terá de vir em seu lugar para fechar a conta. Se tudo dependesse apenas
de suas convicções, a presidente Dilma atiraria o ajuste pela janela e
reeditaria a política anterior, a nova matriz macroeconômica: seria xô,
austeridade; xô, juro alto; farta distribuição de subsídios; anabolizantes
fiscais de toda ordem para compra de veículos, de aparelhos domésticos; fartura
de crédito do BNDES para os amigos; enfim a aposta conhecida, que deu errado,
mas pode ser dobrada. Nessas condições, ninguém se importa com a inflação, com
a disparada do dólar, com a perda de confiança e com os efeitos colaterais
ruins.
A outra opção do governo seria fazer o que não fez até
agora: cortar despesas drasticamente. O argumento de que a lei não deixa é
outra enganação.
Praticamente todas as decisões do pacote apresentado na
segunda-feira dependem de autorização do Congresso, portanto de revogação de
leis e de aprovação de outras, como no caso da CPMF. Se é assim, por que não
encaminhar projetos de lei para cortes (até mesmo provisórios) de despesas,
para que o Congresso providencie os instrumentos legais?
Nas circunstâncias, esta talvez seja a única saída. Pode
ser a tal ponte reivindicada pelo ministro Joaquim Levy entre a situação atual
e os efeitos fiscais que a aprovação das reformas, especialmente as da
Previdência, terão de produzir.
Mas, outra vez, a incógnita de fundo tromba com a falta
de apoio político da presidente Dilma. Até mesmo o PT começa a roer a corda,
por duas razões: porque vai com o nariz tapado para essa proposta de ajuste; e
porque começa a entender que, com essa bola de ferro amarrada nos tornozelos,
não conseguirá eleger nem vereadores em outubro de 2016.
Para pior
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) projeta para a economia brasileira um desempenho do PIB pior
do que aquele com que trabalha o mercado brasileiro. Para a OCDE, a queda do PIB do Brasil
neste ano será de 2,8%. A Pesquisa Focus, feita semanalmente
pelo Banco Central entre cerca de 100 instituições e consultorias, apontou, na
segunda-feira, uma evolução negativa do PIB de 2,55%.
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