Pagamento de propina era a 'regra do jogo'
Responsável pelos processos da Lava Jato na primeira
instância, o juiz federal Sérgio Moro afirmou nesta segunda-feira (31), em São
Paulo, que ouviu de diversos delatores do esquema de corrupção que atuava na
Petrobras que o pagamento da propina em contratos da estatal era uma espécie de
"regra do jogo".
Na visão de Moro, o país está em um quadro de “corrupção
sistêmica”, que tem "custos" e, se não for combatido, "tende a
crescer”. O juiz defendeu que sejam tomadas medidas para estancar a
"hemorragia" da corrupção nos cofres públicos. De acordo com
ele, o custo da corrupção "sempre impacta a eficiência da economia".
“É bastante interessante ouvir os colaboradores, e há uma
dificuldade de se esclarecer por que que se pagava propina . Eles dizem que é a
regra do jogo e que esta prevalecia, a regra do jogo era o pagamento de 1 a 2%
de propina para contratos. Será que o recebimento de propina não foi o custo de
investimentos mal-sucedidos?”, questionou Moro no Fórum Exame “Prepare-se para Planejar
2016 e Superar a Crise”.
“Todo grande contrato da Petrobras envolvia um percentual
de propina aos dirigentes da empresa e a políticos”, destacou o juiz.
Apesar de a Lava Jato ter colocado atrás das grades
empresários, dirigentes de estatais e políticos, o magistrado do Paraná
advertiu no evento que não será uma operação policial isolada que irá alterar
completamente o quadro político do país. No entanto, ele ponderou que a
investigação do esquema de corrupção que agia na Petrobras fornece uma oportunidade
de mudança, fortalecendo as instituições públicas.
O magistrado disse ainda que, às vezes, ouve comentários
de que a Lava a Jato tem "parcela de culpa" na atual situação
política e econômica brasileira.
“O policial que descobre o cadáver não é culpado de
homicídio”, ironizou. "Corrupção envolve quem paga e quem recebe, há um
agente privado cedendo à tentação de pagamentos. Quem adere à propina,
prejudica todo mercado", complementou Moro.
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