segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Sérgio Moro

Pagamento de propina era a 'regra do jogo'

Responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, o juiz federal Sérgio Moro afirmou nesta segunda-feira (31), em São Paulo, que ouviu de diversos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras que o pagamento da propina em contratos da estatal era uma espécie de "regra do jogo".

Na visão de Moro, o país está em um quadro de “corrupção sistêmica”, que tem "custos" e, se não for combatido, "tende a crescer”. O juiz defendeu que sejam tomadas medidas para estancar a "hemorragia" da corrupção nos cofres públicos.  De acordo com ele, o custo da corrupção "sempre impacta a eficiência da economia".

“É bastante interessante ouvir os colaboradores, e há uma dificuldade de se esclarecer por que que se pagava propina . Eles dizem que é a regra do jogo e que esta prevalecia, a regra do jogo era o pagamento de 1 a 2% de propina para contratos. Será que o recebimento de propina não foi o custo de investimentos mal-sucedidos?”, questionou Moro no Fórum Exame “Prepare-se para Planejar 2016 e Superar a Crise”.

“Todo grande contrato da Petrobras envolvia um percentual de propina aos dirigentes da empresa e a políticos”, destacou o juiz.

Apesar de a Lava Jato ter colocado atrás das grades empresários, dirigentes de estatais e políticos, o magistrado do Paraná advertiu no evento que não será uma operação policial isolada que irá alterar completamente o quadro político do país. No entanto, ele ponderou que a investigação do esquema de corrupção que agia na Petrobras fornece uma oportunidade de mudança, fortalecendo as instituições públicas.

O magistrado disse ainda que, às vezes, ouve comentários de que a Lava a Jato tem "parcela de culpa" na atual situação política e econômica brasileira.

“O policial que descobre o cadáver não é culpado de homicídio”, ironizou. "Corrupção envolve quem paga e quem recebe, há um agente privado cedendo à tentação de pagamentos. Quem adere à propina, prejudica todo mercado", complementou Moro.

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