José Dirceu instituiu o petrolão, afirma MP
Questionado se a Lava Jato mira também o ex-presidente
Lula, o procurador afirmou que "ninguém está isento de investigações"
Ao
prender nesta segunda-feira o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, a
Operação Lava Jato chegou a um dos "instituidores do petrolão",
segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da
força-tarefa que investiga o megaesquema de corrupção que sangrou os cofres da
estatal. De acordo com o Ministério Público, o mensaleiro foi um dos principais
líderes na instituição do petrolão, ainda quando era ministro da Casa Civil, no
primeiro mandato do governo Lula. Questionado se a Lava Jato mira também o
ex-presidente Lula, o procurador afirmou que "ninguém está isento de
investigações". Ele lembrou, contudo, que parte das apurações segue em
sigilo.
Sobre os demais artífices do petrolão, o procurador afirmou que
"estão sendo investigados" - e que esta etapa da Lava Jato mira os
núcleos empresarial e político.
Segundo
o MPF, o ex-ministro deu continuidade ao esquema durante o mensalão e se
beneficiou dele mesmo após o julgamento do Supremo Tribunal Federal que o
mandou para a cadeia. "Chegamos a um dos líderes principais, que instituiu
o esquema na Petrobras e, durante o período de ministro da Casa Civil, aceitou
e se beneficiou desse esquema", afirmou o procurador. "Temos uma
operação que vai além do Dirceu recebedor, mas sim como instituidor do esquema
Petrobras, ainda no tempo da Casa Civil", continuou. "Dirceu era
aquele que tinha a responsabilidade de definir os cargos na administração Lula.
No momento em que ele aceitou a nomeação de Renato Duque para a Petrobras, teve
início o trabalho de captação das empreiteiras". O MPF afirma, também, que
o ex-ministro recebeu dinheiro do esquema criminoso mesmo preso. De acordo com
o procurador, a investigação e a prisão não inibiram a atuação de Dirceu.
Ainda
segundo Santos Lima, Dirceu "repetiu o esquema do mensalão" - desta
vez, contudo, com uma diferença crucial: o ex-ministro não se utilizou do
dinheiro para compra de apoio de parlamentares, mas em benefício pessoal.
"A responsabilidade do Dirceu é evidentemente, aqui, como beneficiário, de
maneira pessoal, não mais de maneira partidária, enriquecendo pessoalmente",
afirmou o procurador.(Com Veja/conteúdo)
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