quinta-feira, 26 de março de 2015

Parabéns!

Porto Alegre, uma menina de 243 anos



Quando cheguei aqui, em 1950, tinha 10 anos. Porto Alegre ainda era uma cidade quase pacata, mas que impressionava quem, como eu, vinha do interior.

Fomos morar na Glória, na Rua Intendente Alfredo Azevedo, que nem calçamento tinha. Mais tarde, quando os ônibus passaram a circular por ela, foi revestida de paralelepípedos. Um progresso enorme! Hoje está totalmente asfaltada. A casa onde a gente morava, nem existe mais.

Estudei no Ginásio Assunção, hoje Colégio Marista, que só aceitava meninos. No Ginásio da Glória. onde minha filha Gabriela estuda, só meninas. Aos "guris" do Assunção não era permitido nem pegar o bonde na parada em frente ao Glória. Nós esperávamos as "gurias" na parada em frente ao Cine Teatro Glória, que também não existe mais. A gente namorava alguma delas, que nem sempre sabia.

O bonde, depois os troleibus e os ônibus articulados, povoaram minha adolescência e minha juventude. A Rua da Praia me viu em vários finais de tarde, parado em frente a Sloper, esperando a saída das moças que trabalhavam lá. Eram escolhidas a dedo. Todas lindas! A Sloper também não existe mais.

Vi o Estádio Olímpico sendo construído exatamente onde se localizava a Vila Caiu do Céu. Assisti meus primeiros jogos de futebol no Estádio dos Eucaliptos. O Olímpico deve ser implodido qualquer dia, e o Eucaliptos não existe mais. 

Brinquei com meus primos, que moravam na Praia de Belas, que não era calçada, na barranca do Guaíba. Com a chegada do aterro, nossa prainha foi para bem longe.

Não, não quero ser saudosista, tanto que lembro da Porto Alegre antiga com o pensamento voltado para o que ela é hoje, uma cidade moderna e em franco desenvolvimento. 

Apenas fiquei aqui, enquanto tentava escrever alguma coisa sobre o aniversário da cidade, buscando as coisas que me acompanharam enquanto eu envelhecia e Porto Alegre se tornava cada vez mais jovem, moderna e atrevida.

Hoje, se o tempo permitir, e não chover, vou sair pelas ruas da Capital, a pé, e percorrer um espaço que marcou muito na minha infância e que hoje abriga meu local de trabalho: o Areal da Baronesa.

Da minha janela, consigo ver a mesma Porto Alegre de 1950, que me desperta quando lembro que estamos em 2015.

Porto Alegre e eu estamos juntos faz 63 anos!

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