Adiada votação
de manobra fiscal do governo
Presidente do Congresso tentou impedir acesso de
manifestantes à galeria e depois pediu que grupo fosse retirado do local.
Oposição ajudou na resistência
Seguranças retiram manifestante das galerias |
Depois de fracassar na tentativa de esvaziar as galerias do plenário de
forma truculenta, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), encerrou
a sessão desta terça-feira sem que o Parlamento votasse a manobra fiscal proposta
pelo governo para maquiar o descumprimento do superávit primário – a
gestão de Dilma Rousseff não conseguiu cumprir a meta de economia para
pagar juros da dívida.
Antes de apreciar o PLS 36, que retira a previsão de superávit primário
para 2014, o Congresso ainda precisava apreciar dois vetos presidenciais.
A votação nem chegou a ter início. Enquanto a oposição tentava protelar os
trabalhos, cerca de trinta manifestantes tentavam, sem sucesso, chegar à
galeria do plenário. Os oposicionistas pediam que Renan Calheiros
permitisse a entrada do grupo.
O bloqueio irritou um grupo de aproximadamente vinte manifestantes que
haviam conseguido entrar e já estavam nas galerias. Eles começaram a se
manifestar em voz alta e a vaiar parlamentares governistas. Apesar dos apelos
da oposição, Renan continuava negando o acesso de outras pessoas à galeria.
Com
isso, a tensão aumentou e o presidente do Congresso acabou ordenando que a
Polícia Legislativa retirasse os manifestantes de lá. Líderes da oposição, como
os deputados Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Fernando Francischini (SD-PR) e
Ronaldo Caiado (DEM-GO) foram até as galerias para tentar impedir a ação dos
agentes de polícia. Um senador, Ataídes Oliveira (PROS-TO), também foi até o
local.
Durante a tentativa de esvaziar o espaço destinado ao público, a Polícia
Legislativa utilizou uma arma taser, que dá choques elétricos, em um jovem. Uma
idosa também foi imobilizada por um segurança. No grupo, havia moradores de
Brasília e manifestantes vindos de São Paulo. Parte dele havia feito uma
vigília em frente ao Congresso contra a aprovação do projeto de lei que,
na prática, extingue a meta de superávit primário do orçamento de 2014.
No momento mais acalorado, também houve várias discussões em plenário –
a mais séria, entre Amauri Teixeira (PT-BA) e Domingos Sávio (PSDB-MG). O
petista chamou o tucano de "moleque", com o dedo em riste.
Usando a força e em meio a muita confusão, os seguranças retiraram
a maior parte das pessoas que protestava contra a votação - a essa hora, já com
gritos de "O PT roubou". O grupo de parlamentares,
reforçado por colegas como Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Pastor
Eurico (PSB-PE), Bruno Marchezan (PSDB-RS) e Izalci (PSDB-DF), cercou os
poucos manifestantes que restavam. Depois de mais de uma hora de sessão
paralisada, bate-boca e troca de empurrões, Renan Calheiros desistiu:
cancelou os trabalhos, culpou "os 26 assalariados" que foram às
galerias e convocou nova sessão para as 10 horas desta quarta. (Com Veja/conteúdo)
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