terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Truculência de Renan Calheiros

Adiada votação de manobra fiscal do governo
Presidente do Congresso tentou impedir acesso de manifestantes à galeria e depois pediu que grupo fosse retirado do local. Oposição ajudou na resistência

Seguranças retiram manifestante das galerias
Depois de fracassar na tentativa de esvaziar as galerias do plenário de forma truculenta, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), encerrou a sessão desta terça-feira sem que o Parlamento votasse a manobra fiscal proposta pelo governo para maquiar o descumprimento do superávit primário – a gestão de Dilma Rousseff não conseguiu cumprir a meta de economia para pagar juros da dívida.

Antes de apreciar o PLS 36, que retira a previsão de superávit primário para 2014, o Congresso ainda precisava apreciar dois vetos presidenciais. A votação nem chegou a ter início. Enquanto a oposição tentava protelar os trabalhos, cerca de trinta manifestantes tentavam, sem sucesso, chegar à galeria do plenário. Os oposicionistas pediam que Renan Calheiros permitisse a entrada do grupo.

O bloqueio irritou um grupo de aproximadamente vinte manifestantes que haviam conseguido entrar e já estavam nas galerias. Eles começaram a se manifestar em voz alta e a vaiar parlamentares governistas. Apesar dos apelos da oposição, Renan continuava negando o acesso de outras pessoas à galeria. 

Com isso, a tensão aumentou e o presidente do Congresso acabou ordenando que a Polícia Legislativa retirasse os manifestantes de lá. Líderes da oposição, como os deputados Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Fernando Francischini (SD-PR) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) foram até as galerias para tentar impedir a ação dos agentes de polícia. Um senador, Ataídes Oliveira (PROS-TO), também foi até o local.

Durante a tentativa de esvaziar o espaço destinado ao público, a Polícia Legislativa utilizou uma arma taser, que dá choques elétricos, em um jovem. Uma idosa também foi imobilizada por um segurança. No grupo, havia moradores de Brasília e manifestantes vindos de São Paulo. Parte dele havia feito uma vigília em frente ao Congresso contra a aprovação do projeto de lei que, na prática, extingue a meta de superávit primário do orçamento de 2014. ​

No momento mais acalorado, também houve várias discussões em plenário – a mais séria, entre Amauri Teixeira (PT-BA) e Domingos Sávio (PSDB-MG). O petista chamou o tucano de "moleque", com o dedo em riste.

Usando a força e em meio a muita confusão, os seguranças retiraram a maior parte das pessoas que protestava contra a votação - a essa hora, já com gritos de "O PT roubou". O grupo de parlamentares, reforçado por colegas como Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Pastor Eurico (PSB-PE), Bruno Marchezan (PSDB-RS) e Izalci (PSDB-DF), cercou os poucos manifestantes que restavam. Depois de mais de uma hora de sessão paralisada, bate-boca e troca de empurrões, Renan Calheiros desistiu: cancelou os trabalhos, culpou "os 26 assalariados" que foram às galerias e convocou nova sessão para as 10 horas desta quarta. (Com Veja/conteúdo)

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