A sabedoria dos muros
André Machado*
Dia desses, passei a pé por uma rua do
Bom Fim, em Porto Alegre, e vi, grafitada num muro a frase “compre menos, use
melhor”. E fiquei pensando em como a gente sofre com um apelo de consumo
exagerado.
Nos corredores dos supermercados,
há dezenas de tubos coloridos de produtos de limpeza, todos nos chamando. Para
limpar banheiro, fórmica, vidro, vidro fosco, piso frio, azulejos, rejuntes,
contra mofo, para limpeza pesada, para limpeza geral, para limpeza especial,
com fragrância duradoura, com perfume suave. Um mundo de produtos. Quando, na
verdade, a gente precisa de um ou dois.
É mais ou menos a mesma coisa com
eletrodomésticos, materiais de construção, material escolar. Não é por nada que
cada vez cresce o número de devedores nos cartões de crediário das grandes
redes. Há coisas demais em oferta, há ofertas muito apelativas. E as
necessidades da gente não variam tanto. E, como a maioria vive de salário,
sabemos que a matemática do bolso é finita. “Compre menos, use melhor”, dizia a
frase em uma parede do Bom Fim.
Independentemente das condições
financeiras de cada um de nós, o apelo é proporcionalmente o mesmo. Então,
talvez tenha chegado a hora de mudarmos de postura, de ficarmos menos
vulneráveis.
Com pequenos gestos de renúncia,
evitamos o exagero, protegemos nosso orçamento doméstico, garantimos para as
nossas famílias o acesso às verdadeiras prioridades e, não menos importante,
aliviamos o meio ambiente de uma boa carga de sucata.
Vamos falar mais sobre isso por
aqui.
Aproveite o dia.
*Jornalista
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