quarta-feira, 12 de março de 2014

Crônica

Nada acontece por acaso. 
Difícil é achar ou admitir as causas.

Cesar Cabral*

Há uma frase muito conhecida, principalmente, entre os gaúchos que vivem mais próximos das fronteiras argentina e uruguaia. “No creo em brujas, pero que las hay,las hay!” Esse é um dito popular castelhano; não é português. Daí ele ser mais restrito a essa região.
O sobrenatural, as coisas e as pessoas, foi a solução encontrada pelos seres humanos para explicar o que não conseguem uma explicação. Sobre tudo quando o acontecimento não é bom; se for é milagre.
O desaparecimento do avião da Malaysia Airlines, voo 370, uma tragédia que pode ter matado centenas de pessoas, continua sendo um mistério. O avião simplesmente sumiu dos radares de terra, não há destroços sobre sob a água do sul do Mar da China, nem sobre a terra e tudo o mais que já se sabe há dias.
Dizem os especialistas que um avião não cai por um único problema; por apenas um único defeito ou mau funcionamento de uma única peça, mas sim por uma sucessão de falhas. Os religiosos acreditam em muitas outras coisas que vão de destino até a vontade divina. Já os que não acreditam em bruxas, mas apenas na existência delas, ficam com a pulga atrás da orelha.
O jornal Washington Post revela que os smartphones de alguns passageiros “estão ativos e conectados com a rede, mesmo com o avião desaparecido”. Essa notícia sinistra ainda diz que alguns parentes “ligaram para os celulares de seus entes queridos” através de um serviço de mensagens chinês chamado QQ. Um alto funcionário da Malaysia Airlines informou que a companhia aérea já havia tentado ligar para os celulares do pessoal da tripulação e que eles também estavam chamando, mas ninguém atendia. Diz ainda o Washington Post que um homem levou dois policiais a casa dele no domingo à noite para testemunhar que a conta QQ estava ativa em seu computador. Porém num determinado momento, quando não estava prestando atenção, ele disse, subitamente a conta havia sido desligada.
As autoridades chinesas, entretanto, não estão dando a mínima importância a esses acontecimentos relatados por parentes desesperados.
Aqui no Brasil coisas misteriosas e sobrenaturais acontecem todos os dias e são mais comuns do que o resto do mundo pode compreender. Nós, os brasileiros, que já estamos acostumados, lidamos com todo tipo de fenômeno diariamente e sabemos o que fazer com eles: batemos na madeira, cruzamos os dedos, fingimos que não aconteceu ou que “não é comigo”,ou acreditamos que vai melhorar – seja lá o que for – ou pedimos aos deuses, santos e aos mortos que nos ajudem, ou simplesmente ignoramos.
A Guarda Municipal de Fortaleza abriu concurso especial, com regras exclusivas, para pessoas com deficiência física para fazerem trabalhos burocráticos internos na corporação de acordo com suas limitadas capacidades.
Concurso feito, aprovados satisfeitos quando recebem a informação de que não poderão ser contratados por que são...deficientes físicos. É o que diz o regulamento. É claro que um cego não pode ser policial, mas pode atender telefone.
Alguém, atacado por alguma bruxa, por uma teiniaguá ou apenas pela burocracia incompetente – o que é redundância – esqueceu-se de colocar no edital o “motivo” do concurso esse pequeno detalhe: especial para deficientes físicos.
Revoltados e sem as condições físicas dos protestantes e blackblocs para “saírem pro pau”, estão apelando para qualquer ajuda sobrenatural.
Como afirmam os especialistas em aviação: um avião não cai somente por um motivo.
* Jornalista e Escritor

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