quarta-feira, 12 de março de 2014

Comentário

Hora de espantar o pessimismo

André Machado*

Uma coisa que sempre me incomoda é o pessimismo. No terreno da construção da opinião pública, da formação de juízo, o pessimismo pode ser uma muleta, uma zona de conforto disfarçada de senso crítico apurado. É disso, com mais ou menos interesses, que vive a turma do “quanto pior, melhor”.
Nessa linha, sempre me policiei quanto ao uso do bordão “se está assim agora, imagine na Copa”. É o que muita gente se acostumou a dizer, no último ano, sempre que se depara com um problema social antigo.
A gente pode até não concordar com os benefícios que a Copa do Mundo trará ao Brasil em relação aos necessários investimentos. A gente pode questionar o chamado legado da Copa e até entender que sua realização não deveria estar entre as prioridades do Estado, como um todo. Mas já faz tempo que ela é um evento concreto, um fato posto. Então, qual a vantagem de ser pessimista?
Leio, na Folha de São Paulo, pesquisa revelando que a preocupação da maioria dos habitantes das cidades-sedes é com a mobilidade urbana. A locomoção, conforme o levantamento feito pela agência de marketing direto LeadPix, é maior do que com a segurança pública.
O pessimismo é geral também em outros campos. Mas um item me chamou a atenção: “Os porto-alegrenses são os mais pessimistas: 13% dizem que nada vai funcionar”, é o que escreve a colunista Mônica Bergamo.
Confesso que carrego algumas dúvidas sobre o andamento das coisas. Mas, em lugar de dúvidas, tenho uma certeza quanto ao pessimismo: não ajuda em nada.
Que tal a gente deixar de lado opiniões pré-concebidas, baseadas num cenário ideal de planejamento e eficiência a que ainda não chegamos, e partir para a realidade? A Copa está posta, está chegando e falta pouco.
Por que não acreditar, e fazer sua parte, para que, apesar das deficiências, seja bom para todos?

*Jornalista

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