Hora de espantar o pessimismo
André Machado*
Uma coisa que sempre me incomoda é o pessimismo. No
terreno da construção da opinião pública, da formação de juízo, o pessimismo
pode ser uma muleta, uma zona de conforto disfarçada de senso crítico apurado.
É disso, com mais ou menos interesses, que vive a turma do “quanto pior,
melhor”.
Nessa linha, sempre me policiei quanto ao uso
do bordão “se está assim agora, imagine na Copa”. É o que muita gente se
acostumou a dizer, no último ano, sempre que se depara com um problema social
antigo.
A gente pode até não concordar com os
benefícios que a Copa do Mundo trará ao Brasil em relação aos necessários
investimentos. A gente pode questionar o chamado legado da Copa e até entender
que sua realização não deveria estar entre as prioridades do Estado, como um
todo. Mas já faz tempo que ela é um evento concreto, um fato posto. Então, qual
a vantagem de ser pessimista?
Leio, na Folha de São Paulo, pesquisa
revelando que a preocupação da maioria dos habitantes das cidades-sedes é com a
mobilidade urbana. A locomoção, conforme o levantamento feito pela agência de
marketing direto LeadPix, é maior do que com a segurança pública.
O pessimismo é geral também em outros campos.
Mas um item me chamou a atenção: “Os porto-alegrenses são os mais
pessimistas: 13% dizem que nada vai funcionar”, é o que escreve a colunista
Mônica Bergamo.
Confesso que carrego algumas dúvidas sobre o
andamento das coisas. Mas, em lugar de dúvidas, tenho uma certeza quanto ao
pessimismo: não ajuda em nada.
Que tal a gente deixar de lado opiniões
pré-concebidas, baseadas num cenário ideal de planejamento e eficiência a que
ainda não chegamos, e partir para a realidade? A Copa está posta, está chegando
e falta pouco.
Por que não acreditar, e fazer sua parte,
para que, apesar das deficiências, seja bom para todos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário