terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Artigo

Aluguel de ativos – Uma nova modalidade
de contratar obras públicas

Adeli Sell*

Quando se fala na coisa pública, o que primeiro vem à tona é falta de recursos e burocracia. É mais do que hora de quebrar paradigmas. A presidenta Dilma anunciou a construção de seis mil creches. Tem dinheiro disponível em nível nacional, falta é claro nos Estados como o nosso e na maioria dos municípios.

Mesmo tendo dinheiro liberado, as prefeituras, a quem compete fazer as creches, por exemplo, não estão conseguindo fazê-las. Os valores pagos para estas construções estão bem aquém do mercado. Ou seja, ninguém se predispõe a construir por valores tão baixos. Os que se arriscam não chegam ao fim, quebram no meio do caminho. Isto tudo está gerando um caos e os problemas estão se acumulando.

A primeira coisa a fazer é rever os valores, como fizemos aqui em Porto Alegre para garantir as construções do Minha Casa, Minha Vida de zero a três salários mínimos. Garantimos uma verba suplementar, por parte da Prefeitura, a fim de garantir empreendedores dispostos a construir, para que as licitações não ficassem "desertas".

Sei de caso de construção de creche na cidade que a licitação foi deserta já por duas vezes seguidas. Assim, além de majorar valores, lidamos frequentemente com as questões do mercado. Mas o que se impõe nos dias atuais é seguir um novo modelo, oriundo da Europa, que são os "aluguéis de ativos". Ante a realidade do grande déficit de infraestrutura no município e a dificuldade de obtenção de recursos por parte do governo, torna-se necessário buscar novas formas de financiamento para os projetos públicos. A locação de ativos é uma dessas modalidades recentes.

Ela é uma forma de participação de empresas privadas em empreendimentos de interesse público por meio da qual a empresa contratada constrói uma determinada instalação ― neste caso as creches ― e a arrenda à Administração Pública durante determinada quantidade de anos, geralmente por 25 anos. É um debate que temos que abrir. É um modelo a ser pensado. Haverá avanços se não houver, como quase sempre ocorre, sectarização.

*Vereador de Porto Alegre por 16 anos

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