Contrato de Petrobrás com
Odebrecht é investigado
A Petrobrás fechou com a
Construtora Odebrecht, em 2010, um contrato no valor de US$ 825,6 milhões,
investigado por suspeita de superfaturamento. O contrato para serviços na área
de segurança e meio ambiente em dez países incluiu pagamento, na Argentina, de
R$ 7,2 milhões pelo aluguel de três máquinas de fotocópias; R$ 3,2 milhões pelo
aluguel de um terreno próprio e salário mensal de pedreiro de R$ 22 mil nos
Estados Unidos, segundo documentos sigilosos da companhia.
Ainda em vigor, o contrato 6000.0062274.10.2, chamado de
PAC SMS, foi fechado pela área Internacional, na gestão José Sergio Gabrielli,
e reduzido quase à metade neste ano, na gestão Graça Foster. Grande parte dos
8.800 itens apresentavam indícios de irregularidades.
O corte interno já realizado,
de pelo menos US$ 344 milhões, aconteceu depois de crivo de auditoria interna
da Petrobrás, que considerou a contratação equivocada e recomendou sua revisão.
A título de comparação, o montante considerado indevido pela própria companhia
é quatro vezes maior do que o volume de recursos desviados apurados no
escândalo do Mensalão (R$ 170 milhões).
Mesmo com a redução, fontes
disseram que foram mal versados centenas de milhões de dólares gastos nos 2,5
anos de vigência do acordo inicial para ativos na Argentina, Estados Unidos,
Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, Bolívia, Equador e Japão, além de Brasil.
"Muito dinheiro já tinha sido gasto quando houve o corte, esse foi o
problema", disse uma fonte da Petrobrás que pede para não ter a identidade
revelada.
A redução do valor havia sido
divulgada pelo Broadcast em
junho, embora os motivos não tivessem sido detalhados. Na época, a Petrobrás
disse que houve venda de ativos, como refinarias e que, portanto, não
precisariam mais dos serviços, mas não se alongou sobre o caso. A Odebrecht não
comentou. Em agosto, sob novo questionamento, a construtora negou
irregularidades, via assessoria de imprensa, e disse "desconhecer o
questionamento da auditoria".
Ao longo deste ano, a reportagem
conversou com sete fontes graduadas que acompanharam direta ou indiretamente o
caso, além de fontes do setor. Os documentos coletados mostram indícios de
direcionamento na licitação, sobrepreço e falhas contratuais que desprotegeram
a petroleira.(Agência Estado)
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