Governo 'constrange' PSB para enfraquecer
Campos
Deputado Beto Albuquerque, líder
da bancada do PSB, afirma que o governo federal tem represado a liberação de
recursos para governadores e prefeitos do partido que defendem candidatura
própria contra a presidente Dilma Rousseff.
A seguir, trechos da entrevista do deputado
Beto Albuquerque (PSB-RS) publicada pela revista Veja online.
A candidatura Eduardo Campos é um projeto do
partido ou desejo pessoal do governador de Pernambuco?
O PSB não é um
partido que decide por cúpula ou por capa preta. O PSB tem base política e
social. Noventa por cento do partido deseja ter um candidato: os movimentos
sociais, juventude, mulheres, movimento popular, movimento sindical, LGBT...
São movimentos que têm se posicionado muito claramente em muitos estados pelo
desejo de o partido ter protagonismo.
Que peso a posição dos governadores Camilo
Capiberibe, Cid Gomes e Renato Casagrande e do ministro Fernando Bezerra
(Integração Nacional), contrários à candidatura de Campos, pode ter na decisão
do PSB?
Há um
grau de constrangimento de muitos gestores nossos em relação ao dedo do
governo, à interferência do governo federal. O Brasil tem o pacto federativo às
avessas, o governo federal tem tudo na mão: poder, caneta, Orçamento. É
evidente que prefeito ou governador se sente constrangido a essa altura do
campeonato, ou até ameaçado se tomar certas posições. Tem muito companheiro
nosso que andou falando por em adotar o jogo do me engana que eu gosto: 'Se o
governo quer ouvir que eu sou contra, então tá, eu sou contra'.
Até
que ponto isso é só conversa de integrantes do governo com os gestores do PSB?
Quando passa a ser pressão?
As
coisas, para o PSB, não estão andando normalmente. Muitos de nós estamos nos
sentindo constrangidos. Inclusive lideranças nossas que deram entrevistas. É
melhor entrar no jogo do me engana que eu gosto do que dizer a verdade para não
ser frustrado nos seus projetos. Temo muito quando tem gente que acha que é
dono do dinheiro público.
O
senhor pode citar algum exemplo?
Todo
prefeito, todo governador tem de fazer investimentos. E, hoje, para fazer
investimento você tem que botar não o pires, mas o prato na mão e ir lá atrás
de financiamento. Aí o negócio demora, não assina, não libera. Quer dizer, o
constrangimento fica implícito, não é?
O
senhor pode citar um caso específico?
É
algo que sentimos. Agora, quanto mais nos constrangerem, mais convicção teremos
para continuar nossa caminhada. Não é um ministério aqui ou ali que vai
substituir nossa linha ideológica e política. Verbas e cargos não são
ideologia.
E
a ideia é sair ou continuar na base da presidente Dilma?
Se tivermos candidato vamos sair a tempo de ela
entender, não vamos ficar no governo, evidentemente. Mas vamos tomar essa
decisão na hora certa. Agora, se continuar esse nível de constrangimento, daqui
a pouco não precisa nem ter candidato para pensar nisso. Não estamos fazendo
nada de errado. Estamos exercendo o protagonismo de um partido que cresceu e
tem o governador com melhor taxa de aprovação do país. Eduardo Campos é uma das
cinco lideranças políticas do Brasil. Estamos exercendo nosso direito. Que mal
tem nisso? Ou será que o ministro Joaquim Barbosa tem razão de que partido aqui
é só de faz de conta? Partido que existe e não disputa nem concorre a nada
porque tem medo de perder verba é o que, se não um partido de faz de conta? Não
somos um partido de mentirinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário