sexta-feira, 24 de maio de 2013

Governo 'constrange' PSB para enfraquecer Campos


Deputado Beto Albuquerque, líder da bancada do PSB, afirma que o governo federal tem represado a liberação de recursos para governadores e prefeitos do partido que defendem candidatura própria contra a presidente Dilma Rousseff.

A seguir, trechos da entrevista do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) publicada pela revista Veja online.

A candidatura Eduardo Campos é um projeto do partido ou desejo pessoal do governador de Pernambuco? 
O PSB não é um partido que decide por cúpula ou por capa preta. O PSB tem base política e social. Noventa por cento do partido deseja ter um candidato: os movimentos sociais, juventude, mulheres, movimento popular, movimento sindical, LGBT... São movimentos que têm se posicionado muito claramente em muitos estados pelo desejo de o partido ter protagonismo. 

Que peso a posição dos governadores Camilo Capiberibe, Cid Gomes e Renato Casagrande e do ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional), contrários à candidatura de Campos, pode ter na decisão do PSB? 
Há um grau de constrangimento de muitos gestores nossos em relação ao dedo do governo, à interferência do governo federal. O Brasil tem o pacto federativo às avessas, o governo federal tem tudo na mão: poder, caneta, Orçamento. É evidente que prefeito ou governador se sente constrangido a essa altura do campeonato, ou até ameaçado se tomar certas posições. Tem muito companheiro nosso que andou falando por em adotar o jogo do me engana que eu gosto: 'Se o governo quer ouvir que eu sou contra, então tá, eu sou contra'. 

Até que ponto isso é só conversa de integrantes do governo com os gestores do PSB? Quando passa a ser pressão? 
As coisas, para o PSB, não estão andando normalmente. Muitos de nós estamos nos sentindo constrangidos. Inclusive lideranças nossas que deram entrevistas. É melhor entrar no jogo do me engana que eu gosto do que dizer a verdade para não ser frustrado nos seus projetos. Temo muito quando tem gente que acha que é dono do dinheiro público. 

O senhor pode citar algum exemplo? 
Todo prefeito, todo governador tem de fazer investimentos. E, hoje, para fazer investimento você tem que botar não o pires, mas o prato na mão e ir lá atrás de financiamento. Aí o negócio demora, não assina, não libera. Quer dizer, o constrangimento fica implícito, não é?

O senhor pode citar um caso específico? 
É algo que sentimos. Agora, quanto mais nos constrangerem, mais convicção teremos para continuar nossa caminhada. Não é um ministério aqui ou ali que vai substituir nossa linha ideológica e política. Verbas e cargos não são ideologia.


E a ideia é sair ou continuar na base da presidente Dilma? 
Se tivermos candidato vamos sair a tempo de ela entender, não vamos ficar no governo, evidentemente. Mas vamos tomar essa decisão na hora certa. Agora, se continuar esse nível de constrangimento, daqui a pouco não precisa nem ter candidato para pensar nisso. Não estamos fazendo nada de errado. Estamos exercendo o protagonismo de um partido que cresceu e tem o governador com melhor taxa de aprovação do país. Eduardo Campos é uma das cinco lideranças políticas do Brasil. Estamos exercendo nosso direito. Que mal tem nisso? Ou será que o ministro Joaquim Barbosa tem razão de que partido aqui é só de faz de conta? Partido que existe e não disputa nem concorre a nada porque tem medo de perder verba é o que, se não um partido de faz de conta? Não somos um partido de mentirinha.

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