O Severino dos Pampas
Li várias vezes as declarações do presidente da Câmara, deputado
Marco Maia (PT/RS), sobre a decisão do Supremo Tribunal federal de cassar o
mandato dos deputados condenados por corrupção no escândalo chamado de mensalão.
Antes de prosseguir, gostaria de contar que, quando o deputado
Severino Cavalcanti era presidente da Câmara, exatamente como Marco Maia,
encontrei com ele em Bagé, na fazenda de um político onde acontecia a abertura
de uma safra. Um pândego, Severino provocava risos de todos os presentes com
suas tiradas nordestinas e seu discurso inconsequente. Durou pouco tempo, até
que foi pego cobrando pedágio do ecônomo do bar da Câmara.
Marco Maia, que certa feita deixou o Brasil para levar o filho
para assistir a um jogo na Espanha, se não estou enganado, com tudo pago pelo contribuinte,
sem pedir licença, ou seja, sem prejuízo de seu salário, disse que não vai acatar
a decisão do STF e, o que é pior, ameaçou o Supremo afirmando que alguns
projetos que vão contra, segundo ele, os interesses do STF, poderão tramitar
mais rapidamente na Câmara. Na opinião do petista, todos os deputados devem
rezar por sua cartilha, ou seja, deverão obedecer o que ele determinar,
consagrando o corporativismo político.
O esclarecido intelectual e profundo conhecedor das leis,
representante do Partido dos Trabalhadores, em sua tentativa de retaliar o STF,
referindo-se ao voto do ministro Celso de Mello, declarou: “Acho que o ministro falou
em um clima de emoção, talvez pelo momento que está vivendo, pela sua doença e
por ser um julgamento tão tenso que ele está realizando. Não acho que nenhum
ministro do STF teria a pretensão de ameaçar o presidente da Câmara dos
Deputados”, disse. Só o deputado petista, na opinião dele, pode
ter a pretensão de ameaçar o Supremo Tribunal Federal. Não se convenceu de que a impunidade, sob cujo manto muitos prosperaram nos últimos anos, acabou com o julgamento do mensalão.
Depois de ler as declarações de
Marco Maia, e analisar suas bravatas, não tive mais dúvidas. Juntei os dois momentos, o de Bagé e o de
hoje e conclui que Marco Maia é, sem qualquer dúvida, o Severino dos Pampas.
Machado Filho
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