"Delúbio só
admitiu a sua participação em encontros agendados entre os dois depois de
declarações de partícipes, e claro, depois da declaração da esposa de Valério
que se deu no fim de junho de 2005". "É importante destacar que nenhum
destes personagens ocupava qualquer função governamental", afirma o
ministro.
Joaquim Barbosa relembra que os empréstimos feitos por Valério e
sócios junto aos bancos foram solicitados sem quitação dos anteriores. "Já
eram devedores, por meio da SMP&B, de um empréstimo no valor de quase R$ 20
milhões e de um junto ao BMG de R$12 milhões, e foram contemplados com mais um
comprovadamente fraudulento", diz.
"A meu sentir, essa cronologia também evidencia ter havido
promessa de vantagens a líderes parlamentares, que, na sequência, receberam
vultosos recursos", afirma Barbosa.
"Não é verossímil a alegação da defesa, pois, nem mesmo
Plauto Gouvêa, pessoa da mais inteira confiança dos dirigentes do Rural e hoje
presidente do Conselho de Administração, conhecia o assunto". O ministro
relator diz que Marcos Valério era "um amigo e colaborador do governo
federal".
Barbosa rebate a alegação de defesa de Dirceu de que é comum um
ministro receber visita de diretores de instituições financeiras. "O
problema não é o ministro receber diretores de instituições financeiras, mas
sim o contexto em que se deram estas reuniões", afirma o relator.
"As eventuais alianças eram definidas pelos diretórios
municipais, em nível local", explica Barbosa, que diz que os repasses
foram feitos "a parlamentares que sequer eram candidatos".
Ayres Britto interfere e diz que os pagamentos foram feitos na
"entressafra eleitoral".
"Não é absolutamente comum o seguinte: que estejam presentes
em reuniões com o ministro-chefe da Casa Civil com os dirigentes do Rural e do
BMG, um publicitário que se aproximou do partido nas eleições, e ainda o
tesoureiro deste partido".
"Também não era comum que os assuntos tratados, como, por
exemplo, a liquidação do Mercantil, guardassem relação com a atuação do ministro
da Casa Civil, mas sim pelos ministérios técnicos, pelo BC".
"É incomum, ainda, que as diretorias desses bancos tenham
emprestado dinheiro logo a seguir às empresas de Valério que, por sua vez,
repassou dinheiro a pessoas indicadas por Delúbio, outro personagem ubíquo,
sempre presente", diz Barbosa.
"Os autos deixam claro que os pagamentos estavam vinculados
ao apoio parlamentar ao governo no Congresso, e não à alianças
eleitorais", diz o ministro relator.
(segue...)
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