Os réus
acusados de comprar o apoio político de parlamentares no Congresso, entre eles
o ex-ministro José Dirceu, começam a ser julgados nesta semana pelo Supremo
Tribunal Federal (STF). A Corte vai concluir nesta segunda-feira,
1, a análise da conduta dos réus ligados ao PP, PTB, PMDB e PL (atual PR)
e a tendência é que na quarta-feira o ministro relator do caso, Joaquim
Barbosa, comece a apontar quem considera culpado pela compra dos votos, em cuja
fatia está Dirceu.
O
julgamento completa nesta segunda dois meses com a realização da 30.ª sessão. O
ministro Dias Toffoli vai concluir seu voto sobre os beneficiários do
valerioduto e, na sequência, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e o presidente
da Corte, Carlos Ayres Britto irão se pronunciar. Como nesta etapa do
fatiamento existem 13 réus, a definição sobre o tema deve tomar toda a sessão.
Até agora,
foram condenados nove réus neste capítulo, entre eles o deputado federal
Valdemar Costa Neto (PR-SP), o presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson,
e os ex-parlamentares Pedro Corrêa (PP), Carlos Rodrigues (PL), Romeu Queiroz
(PTB) e José Borba (PMDB). Deve se juntar a eles o deputado Pedro Henry
(PP-MT), que já foi considerado culpado por cinco ministros, restando apenas um
voto para confirmar sua condenação por corrupção passiva.
Capítulos. A maioria dos ministros
já concordou com a acusação do Ministério Público Federal de que o esquema
incluiu a compra de votos no Congresso. O STF já afirmou que os recursos do
mensalão vieram de desvio de dinheiro público e empréstimos bancários
fraudulentos. A Corte também já condenou a montagem de um sistema de lavagem de
dinheiro pelo Banco Rural em parceria com o núcleo publicitário, chefiado pelo
empresário Marcos Valério.
A próxima
questão a ser respondida pelos magistrados é quem foram os responsáveis pela
compra de apoio político. Além de José Dirceu, são acusados de corrupção ativa
o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o
ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto (PMDB), Valério e seus ex-sócios,
Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, o ex-advogado das agências, Rogério
Tolentino, e as funcionárias da SMPB Simone Vasconcellos e Geiza Dias.
Barbosa
vai construir seu voto destacando a ascendência de Dirceu sobre o grupo. Vai
demonstrar o papel do ex-ministro na montagem da base de apoio ao governo Lula
e sua posição de superioridade em relação aos dirigentes petistas. Destacará os
encontros mantidos por Dirceu com outros réus envolvidos na engenharia financeira,
como Valério e a cúpula do Rural, a ex-presidente Kátia Rabello e o ex-vice
José Roberto Salgado, todos já condenados em outros capítulos.
O relator
vai sustentar que Dirceu e o núcleo político se associaram a Valério e ao Rural
para usar na compra de apoio o mecanismo de distribuição de dinheiro já
implementado no mensalão mineiro, como é chamado o escândalo relativo à
campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas em 1998.(Agência Estado).
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