Ex-ministro e
defensor de um dos réus do mensalão ficou satisfeito com decisão de
Lewandowski, de absolver João Paulo
O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos disse na
sexta-feira, 24
que o voto do revisor Ricardo Lewandowski, pela
absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) no julgamento do mensalão, abre
caminho para o triunfo da tese de caixa 2.
"Acho que é um começo de reconhecimento da
procedência dessa tese. De certa maneira é uma vitória da tese do caixa 2, que
não fui eu quem criou, apesar dessa lenda urbana aí de que fui eu quem
inventou."
Caixa 2 é a versão apresentada por um núcleo de réus
do mensalão para tentar justificar saques em espécie na boca do caixa. A
proposição de crime eleitoral se contrapõe à acusação da Procuradoria da
República – endossada pelo relator, Joaquim Barbosa –, que imputa aos acusados
peculato, quadrilha, corrupção, lavagem de dinheiro e evasão, ilícitos punidos
com reclusão.
João Paulo alegou que os R$ 50 mil que sua mulher
resgatou em uma agência do Banco Rural foram usados para pagamento de pesquisas
eleitorais. "Isso (tese de caixa 2) vai ser agora caldeado nos
debates", prevê Thomaz Bastos. "Deixamos o pensamento único, que é o
pensamento da acusação, encampado pelo relator, e passamos a um outro tipo de
pensamento. Agora tem divergência e, portanto, tem diálogo e discussão,
avaliação e sopesamento de teses. O julgamento fica mais vivo e mais
justo."
Bastos foi homenageado em almoço oferecido pelo
Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp), no Jockey Club, e fez palestra
sobre direito de defesa. Nos autos da Ação Penal 470 é defensor do executivo
José Roberto Salgado, do Banco Rural. Para ele, "depois do voto do Lewandowski,
o voto dos outros ministros vai ser mais vivo, mais submetido a debate, à
discussão, porque abriu uma outra vereda".
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