Reportagem em VEJA desta
semana mostra que o empresário ameaça revelar ao Ministério Público detalhes de
conversas suas com o então presidente
Um dos amigos mais próximos do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo Okamotto está há dois meses às
voltas com uma missão: o ex-metalúrgico foi encarregado de manter sob controle
– e em silêncio – o empresário Marcos Valério. Reportagem publicada em VEJA
desta semana revela que, às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo
Tribunal Federal (STF), o empresário está chantageando mais uma vez Lula e o
PT.
Denunciado pelo
procurador-geral da República como o operador do maior esquema de corrupção da
história, Marcos Valério responde por cinco crimes cujas penas, somadas, podem
chegar a 43 anos de prisão. Em maio, ele fez chegar à cúpula do PT uma ameaça:
estava decidido a procurar o Ministério Público para revelar detalhes de suas
conversas com Lula em Brasília. O ex-presidente sempre negou a existência de
qualquer vínculo entre ele e o operador do mensalão.
Paulo Okamotto, hoje
diretor-presidente do Instituto Lula, entrou em ação para evitar turbulências.
Ele admite ter participado de reuniões com Marcos Valério, mas diz que isso
nada tem a ver com ameaças ou chantagens. Indagado se as conversas envolviam
assuntos financeiros, ele explicou: “Ele tem uma pendência lá com o partido, de
empréstimo, coisa de partido”. Referia-se ao processo em que Valério cobra
judicialmente 55 milhões de reais do PT, como pagamento pelos empréstimos
fictícios que abasteceram o mensalão.
Okamotto concluiu, em tom enigmático:
“Marcos Valério tinha relação com o partido, ele fez coisas com o partido. Eu
nunca acompanhei isso. Então, quem pariu Mateus que o embale, né, meu querido?”
O advogado Luiz Eduardo
Greenhalgh, petista histórico e também integrante do círculo íntimo de Lula,
foi destacado para descobrir se as ameaças, dessa vez, procediam. “Greenhalgh é
o pacificador, é quem sempre dá as garantias a ele”, disse a VEJA uma fonte da
confiança do empresário. Greenhalgh teria descoberto que tudo não passa de um
blefe.
Blefando ou não, é no mínimo
estranho que, sete anos depois do mensalão, Marcos Valério continue ameaçando o
PT - e o PT continue assombrado com as ameaças de Marcos Valério. (VEJA)
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