terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

 



Essas carreatas só provaram que, até agora,

 ninguém quer impeachment nenhum

 


J.R. Guzzo

O presidente Jair Bolsonaro, nesses últimos tempos, deve ter se habituado a esperar os fins de semana com a ansiedade alegre de quem espera uma festa. Domingos, ou sábados, dependendo do lugar, têm sido dia de carreata para pedir o “impeachment” – e o fato é, que até agora, a única coisa que cada carreata dessas conseguiu provar é que ninguém está querendo impeachment nenhum, ou tão pouca gente diz que quer, mas tão pouca gente, que acaba dando mais ou menos na mesma. 

Supõe-se que o presidente da República tenha mais o que fazer do que ficar vendo vídeos de celular ou selfies das demonstrações. Mas se olhar para o que lhe mandam verá que as carretas têm pouco carro, pouca gente e nenhuma semelhança com nada que possa ser descrito como presença de “massas” na rua. Resultado: a cada fim de semana, é como se ele comemorasse mais uma pesquisa de aprovação dos institutos de sempre. 

Sempre é possível que, um dia, as carreatas que pedem o impeachment coloquem até 500.000 pessoas na rua, e todas a pé, como ocorreu nos tempos que antecederam o despejo de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. Aí sim, vai ser possível dizer que o povo está em revolta e que o mandato do presidente entrou em liquidação extrajudicial. Mas é preciso andar depressa com isso. Nesse ritmo, o presidente vai acabar seu primeiro período legal antes que a esquerda consiga juntar um mínimo de gente na praça pública. 

Em Brasília, neste último fim de semana, os esforços pelo impeachment (agora, por causa da vacinação, depois de 60 pedidos oficiais que não deram em nada), foram especialmente cômicos. No mesmo momento em que alguns carros faziam o protesto, a poucos metros de distância, na Câmara e no Senado, os únicos que podem decidir o impeachment na vida real – deputados e senadores – estavam fazendo exatamente o contrário: acertavam os últimos detalhes para eleger os nomes preferidos pelo governo para a presidência do Congresso.

É duro, nesta vida, o sujeito apostar suas fichas em figuras como o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que “reinventou” a si próprio como líder “antifascista” e que ultimamente tinha se tornado a grande esperança dos inimigos de Bolsonaro. Quando a grande esperança é esse tipo de figura, qualquer projeto vai para o saco. No fim, depois de acreditar que dariam um golpe e ele seria reeleito presidente da Câmara - projeto que deu em três vezes zero - o homem não conseguiu os votos nem do seu próprio partido para o candidato da “oposição”. 

No Senado a esperança de quem quer ver o presidente fora do Planalto foi uma “candidatura avulsa”. Até crianças com dez anos de idade sabem que, em política, todas as vezes em que aparecem juntas as palavras “candidatura” e “avulsa” podem chamar o padre para dar a extrema unção. Não há carreata no mundo, desse jeito, que consiga resolver o problema.


 



Os novos rumos no Congresso após as eleições 

dos presidentes das Casas

 


Alexandre Garcia

 

Depois de renovada a presidência da Câmara e a presidência do Senado, espera-se que as pautas que estavam paradas andem, porque os presidentes da Câmara e do Senado estavam mais interessados em permanecer nas suas cadeiras de chefe de poder. 

O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ficou desesperado quando não conseguiu com que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecesse o seu desejo e o desejo de Alcolumbre, de haver reeleição. O supremo não podia reconhecer o que está muito claro na Constituição: que é vedada a reeleição para o período seguinte. Mas o resultado da votação ainda deu 6x5, sendo que deveria dar 11 a zero.

O Rodrigo Maia passou a agir emocionalmente e acabou se dando mal. Mas aí a gente dá uma olhada no que ficou parado. Trinta medidas provisórias paradas, das quais 12 em urgência. Vinte e sete medidas provisórias caducaram, passou o prazo delas e elas perderam a validade. Isso porque estavam interessados em outros assuntos e não o que era do interesse do país em um momento de pandemia. Um momento de tentar recuperar emprego, recuperar a economia, recuperar a atividade da indústria, do comércio. 

O orçamento deste ano ainda não foi aprovado. As reformas estão lá esperando. A reforma administrativa, a reforma tributária, a privatização da Eletrobras, aqueles marcos legais: de gás natural, de petróleo, de cabotagem, de startups, de câmbio, de ferrovias, de setor elétrico, leis de fundo público, de remuneração do funcionalismo com o teto, o pacto federativo, a autonomia do Banco Central. Tem coisas que foram votadas numa Casa e não foram em outra e vice-versa. Tudo parado porque os dois estavam querendo ficar e não conseguiram.

Com essa renovação, o que se espera é que aconteçam reuniões com o colégio de líderes, se faça a pauta das medidas mais urgentes e olhem para os interesses do povo brasileiro. E não para os interesses próprios, pessoais, egoístas ou dos seus partidos ou dos seus grupos. Que foi o que aconteceu até agora na Câmara e no Senado.

Rodrigo Maia perdeu a presidência da Câmara, perdeu o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e perdeu o DEM praticamente.  Porque chegou um ponto em que o presidente do seu partido, com pena dele, decidiu que o partido ia ficar neutro, isento e não apoiar diretamente. Deixar o Rodrigo Maia no pincel tirando a escada, que é o que foi feito. 

O PSDB também deixou o Doria falando sozinho, porque o PSDB tem interesse em secretarias.  A primeira secretaria, por exemplo, é da direção administrativa da Câmara. A Câmara tem uma população de 15 mil pessoas. A primeira secretaria é poder de prefeito municipal. As 15 mil pessoas são geridas por essa primeira secretaria. 

Vamos esperar que as coisas andem, com pautas que possam olhar para os interesses do povo brasileiro e não para os seus interesses pessoais, em busca de poder. Agora pelos próximos dois anos tem uma nova administração e vamos torcer que ajam com responsabilidade na presidência da Câmara e do Senado. Sobretudo com o patriotismo, olhando para o país, olhando para as necessidades do país em um momento muito difícil, que que é o momento de pagar a conta da pandemia e sair dessa recessão em que o país entrou obrigatoriamente.

A gente vê que o país ainda se saiu bem, porque terminou o ano com uma inflação inferior a 5%. Sinal que a economia se mantém saudável embora tudo que poderia contrariar a renda, o emprego, a atividade econômica, o comércio, a indústria, a produção, tudo foi usado e ainda assim o Brasil resistiu o brasileiro resistiu.