Gaúcho de Santana do Livramento, Nelson Gonçalves foi um dos maiores cantores, compositores e seresteiro do Brasil. Segundo maior vendedor de discos, Nelson encontrou na parceria com Adelino o Moreira, o caminho que trilhou através de inúmeros sucessos como A Volta do Boêmio, quem sabe sua música inesquecível.
domingo, 18 de fevereiro de 2018
➤BOA NOITE!
Gaúcho de Santana do Livramento, Nelson Gonçalves foi um dos maiores cantores, compositores e seresteiro do Brasil. Segundo maior vendedor de discos, Nelson encontrou na parceria com Adelino o Moreira, o caminho que trilhou através de inúmeros sucessos como A Volta do Boêmio, quem sabe sua música inesquecível.
➤OPINIÃO
Um alerta para as redes sociais
O debate sobre a responsabilidade do Facebook e outras
redes sociais ganhou contornos mais concretos na segunda-feira passada. A
empresa Unilever, uma das maiores anunciantes do mundo, informou que cortará os
investimentos de publicidade nas redes sociais se elas não combaterem fake
news, publicações de ódio ou conteúdos tóxicos em suas plataformas. No ano
passado, a empresa investiu US$ 9,4 bilhões em ações de marketing, tendo
destinado cerca de um terço desse valor a anúncios digitais.
Como lembrou Keith Weed, diretor da Unilever, a confiança
nas mídias sociais caiu diante da evidência de que as empresas de tecnologia
não estão retirando de suas plataformas conteúdos ilegais, antiéticos e
extremistas. “Fake news, racismo, sexismo, terroristas espalhando mensagens de
ódio, conteúdo tóxico dirigido a crianças... A Unilever, como uma empresa
confiável, não quer anunciar em plataformas que não contribuem positivamente
para a sociedade”, disse Weed, que não se referiu a uma plataforma específica.
No ano passado, várias empresas europeias e até o governo
da Grã-Bretanha decidiram retirar seus anúncios do Google e do YouTube depois
que se soube que as peças eram exibidas ao lado de conteúdo inapropriado, com
mensagens extremistas de diversos tipos. Mark Pritchard, diretor de marca da
Procter & Gamble, reclamou que anúncios da marca tinham aparecido junto a
vídeos de recrutamento do Estado Islâmico, dando a impressão de que a empresa
apoiava a organização terrorista.
A reação da Unilever aponta, no entanto, para uma questão
mais abrangente e ainda mais grave. O problema não se resume a eventuais erros
do algoritmo utilizado pelas redes sociais, expondo anúncios comerciais ao lado
de conteúdo inapropriado. Trata-se de um alerta sobre o ambiente encontrado nas
redes sociais. Ao alertar que, se não houver um combate à difusão de notícias
mentirosas e publicações de ódio, cortará seus investimentos nas mídias
sociais, a Unilever afirma que as redes sociais podem fazer mais do que estão
fazendo - e que essa omissão é inadmissível.
Não há dúvida de que as redes sociais têm sido ambiente
fértil para a difusão de notícias mentirosas, com graves consequências
políticas e sociais. Recentemente, até o Facebook reconheceu que podia causar
danos à democracia. “As redes sociais podem apresentar um risco à democracia ao
permitir a divulgação de mentiras”, disse Samidh Chakrabarti, diretor de
produto e responsável pelas políticas globais da empresa. Na ocasião, ele
prometeu que o ano de 2018 seria dedicado a neutralizar os riscos causados pela
rede social.
No entanto, as empresas que controlam as redes sociais
continuam atuando como se o problema não as afetasse diretamente. Querem fazer
crer que a responsabilidade pela difusão de notícias mentirosas e de conteúdo
antiético caberia tão somente aos maus usuários. As redes sociais seriam, em
último termo, ambientes de liberdade e, como tais, imparciais.
Tal visão das coisas, é óbvio, não corresponde à
realidade. As redes sociais não são imparciais. Seus algoritmos interferem
decisivamente no que cada usuário vê. A ausência de neutralidade foi
reconhecida, por exemplo, pelo Facebook ao anunciar, no início do ano, que
passaria a privilegiar, no mural de notícias (a timeline), o tráfego de
postagens pessoais em detrimento de publicações produzidas por veículos de
comunicação. Ou seja, é a empresa que define como será a suposta
“neutralidade”.
As redes sociais podem fazer muito mais do que estão
fazendo para combater as notícias mentirosas. E o primeiro passo é reconhecer
que não se trata apenas de uma possibilidade, mas de um dever. Elas são
responsáveis por assegurar que suas plataformas não sejam um ambiente de
criminalidade, de abuso de poder, de desinformação. Se continuarem se omitindo,
a consequência é cristalina, como indicou a Unilever. Receberão cada vez mais
de pessoas e de empresas a alcunha de inidôneas.
*Publicado no Portal Estadão em 18/02/2018
Assinar:
Postagens (Atom)