Mulheres marcham contra a repressão e pedem paz
Grupo protesta contra conduta do governo chavista de
Maduro.
Até este sábado (6), 37 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas
em outras manifestações no país
Mulheres saíram às ruas neste sábado (6), na Venezuela,
em uma marcha para para pedir o fim da violência e para exigir o encerramento
do que chamam de "selvagem repressão" do governo chavista aos
opositores.
Lideradas por deputadas e outras
líderes da oposição, centenas de mulheres marcharam até a sede do ministério do
Interior e da Justiça, no centro de Caracas, para rejeitar a atuação das forças
de segurança, que dispersam com frequência os protestos contra o governo com gás
lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água.
Manifestações similares foram
convocadas em outras cidades.
Os protestos contra o presidente
Nicolás Maduro, exigindo eleições gerais como solução para a crise política e
econômica no país, deixaram 37 mortos e centenas de feridos e detidos, de
acordo com a Procuradoria.
"A ditadura vive seus dias finais e Maduro sabe.
Por esta razão, vemos esses níveis sem precedentes de repressão. Então, hoje é
a vez das mulheres avançarem", declarou à agência de notícias AFP a
ex-parlamentar María Corina Machado.
Por sua vez, Asia Villegas,
vice-ministra da Igualdade de Gênero, disse que as mulheres oficialistas
caminhariam até a Defensoria Púbica, igualmente no centro da capital, onde os
protestos da oposição não conseguem chegar.
"Nós não queremos propiciar a
guerra, estamos comprometidos com a paz", declarou Villegas na
mobilização, que vai entregar um documento com denúncias de mulheres que foram
"vítimas do fascismo", como o governo se refere às ações da oposição.
Maduro descarta convocar eleições gerais. Em vez disso,
entregou na quarta-feira passada um decreto de convocação de uma Assembleia
Nacional Constituinte para reformar a Constituição.
Metade dos 500 membros da assembleia
seriam eleitos por setores - que a oposição diz que são controlados pelo
governo - e metade pelo voto municipal.
De acordo com o líder da oposição Henrique Capriles, com a sua Constituinte Maduro pretende apenas evitar as
eleições.
A Constituinte "acaba por não
ser uma eleição democrática, universal, direta e secreta", declarou
Capriles à AFP.
Maduro, por sua vez, argumenta que a
Constituinte "conciliaria" o país e reduziria o que chama de
"ofensiva da direita opositora", que segundo ele pretende derrubá-lo
e propiciar uma intervenção dos Estados Unidos para se apropriar das maiores
reservas de petróleo do mundo.
Embaixadores da Organização dos
Estados Americanos (OEA) afirmaram à AFP em Washington que os planos para uma
reunião de chanceleres estão sendo mantidos para discutir a crise na Venezuela,
apesar da decisão de Maduro de deixar o bloco.
Julio Borges, presidente do
Parlamento de maioria opositora, reuniu-se na quinta-feira com o
secretário-geral da OEA, Luis Almagro, e com o vice-presidente americano Mike
Pence, para explicar a "grave situação que existe na Venezuela pela
ruptura da ordem constitucional e violação dos direitos humanos".
AFP