quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

 



O Rio de Janeiro e a triste sina de fabricar maus políticos

Alexandre Garcia

Parece sina o que acontece com a política no Rio de Janeiro. Foram muitos casos de governadores e ex-governadores presos. Entre eles, Moreira Franco, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão e Wilson Witzel.

Dessa vez o alvo foi o prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Ele é acusado de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva por causa de um esquema conhecido, segundo o Ministério Público, como QG da propina.

O ex-ministro Roberto Campos dizia que subdesenvolvimento não é uma questão de dias e sim de séculos. Parafraseando ele, digo que corrupção não surge de um dia para o outro, mas é algo que vem de décadas e até séculos. É preciso ter respeito às regras civilizatórias de organização.

A corrupção é cultural, todos tentam ser espertos. Se as pessoas não obedecem a lei, ela passa a não proteger a população e a vida fica mais difícil, vira um inferno. Em países desenvolvidos, as pessoas respeitam as leis e, por isso, é mais fácil viver nesses locais. É a certeza de que todo mundo vai cumprir o que está escrito.

Há 60 anos, quando Juscelino Kubistchek veio para Brasília, ele disse que havia se livrado da “gaiola de ouro”, como chamava a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Hoje, vemos vários deputados estaduais fluminenses envolvidos em esquemas de corrupção. O mesmo acontece no Tribunal de Contas do Rio. É lamentável! 

Acidente sob custódia do Estado

O jornalista Oswaldo Eustáquio, que foi preso pela terceira vez por ordem de um ministro do Supremo Tribunal Federal, está internado num hospital depois de se acidentar no presídio da Papuda. O advogado dele contou que Eustáquio caiu ao se apoiar na pia para tentar consertar um chuveiro que estava com vazamento.

Na queda, fraturou a quinta vértebra. Levado ao hospital, Eustáquio não conseguia movimentar uma das pernas, o que causou o temor de que não pudesse mais voltar a andar. Mas o médico que o está tratando garantiu que a medula não foi afetada. Porém, disse que é preciso fazer urgentemente uma cirurgia para que não haja sequelas.

O jornalista foi preso pela primeira vez acusado de incitar atos antidemocráticos. A terceira prisão, que aconteceu no dia 18 de dezembro, foi por violar as restrições da prisão domiciliar. 

Ele queria ir ao Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos para pedir ao órgão que o ajudasse em seu caso. O ministério perguntou a Eustáquio se ele tinha autorização do Judiciário para sair de casa — funcionários da pasta se ofereceram para ir à residência dele.

No entanto, Eustáquio negou a oferta e, no dia seguinte, foi até o ministério. Ao fazer isso, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, entendeu que o jornalista violou as regras da prisão domiciliar e o mandou de volta ao presídio.

Ele sofreu um acidente sob a custódia do Estado brasileiro. Ou seja, para mim, a responsabilidade é do Estado e do juiz que o mandou para o presídio novamente.

A OAB se pronunciou em julho sobre a prisão do blogueiro afirmando que ela é inconstitucional. Mesmo assim, o processo segue em sigilo. Nem o Ministério Público participou da abertura do inquérito. Isso é desprezar o artigo 127 da Constituição que afirma que o MP é “essencial à função jurisdicional do Estado".

Toffoli afirma que a ameaça foi proferida ao STF. Portanto, os ministros aplicaram o regime interno da Corte, mas o blogueiro fez um post na rede social para o mundo. E o artigo 5º, linha IX, garante “livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

Além disso, Eustáquio também pode tentar se proteger usando o artigo 220 que permite “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição''.

Eu não conheço esse jornalista pessoalmente, não o sigo nas redes sociais e não tenho relações com ele, mas acho que está em jogo aqui o princípio das liberdades do artigo 5º e da liberdade de imprensa. 

Tem jornalista que deve pensar que todos precisam ter a mesma opinião e só defende quem pensa de maneira igual. Mas estão em jogo os princípios que regem a democracia e liberdade. Eustáquio tem a carteirinha da Fenaj, ele publicou foto dela nas redes sociais, e ela é válida até maio de 2021. E eu não vi nenhum pronunciamento até agora da Federação dos Jornalistas a favor dele.

 



1 em cada 5 diz que Bolsonaro foi o grande vencedor em 2020, aponta pesquisa

Presidente Jair Bolsonaro

Um em cada cinco entrevistados diz que o presidente Jair Bolsonaro é o "grande vencedor em 2020". De acordo com um levantamento divulgado nesta quarta-feira (23) pelo Paraná Pesquisas o presidente recebeu 20% dos votos. Em um ano marcado pela pandemia da Covid-19, o profissionais da saúde foram citados por 56% dos entrevistados, enquanto o coronavírus recebeu 14% dos votos. Em seguida, aparecem o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), com 2,2%; o presidente do STF, Luiz Fux, com 1,9%; e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), com 0,8%. Não responderam somam 3,9%. A pesquisa ouviu 2.218 habitantes entre os dias 18 e 22 de dezembro. O grau de confiança é de 95% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2% para os resultados gerais. 

Câmara aprova CPF como único número de identificação


A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (22) um projeto de lei que estabelece o CPF como único número do registro geral (RG) em todo o Brasil. Agora, o texto segue para aprovação do Senado. Pela proposta, o CPF deverá constar nos cadastros e documentos de órgãos públicos, do registro civil de pessoas naturais ou em documentos de identificação emitidos pelos conselhos profissionais. Assim, a partir da vigência da futura lei, o CPF será usado como número em certidões (nascimento, casamento e óbito), como identificação perante o INSS, carteira de trabalho, CNH e outros. Órgãos e entidades terão 12 meses a partir da publicação para realizar adequação dos sistemas. 

PF investiga ameaças a ministros do STF em operação no MT]

Supremo Tribunal Federal

Uma operação da Polícia Federal que investiga ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) cumpriu mandados de busca e apreensão no Mato Grosso na terça-feira (22). A Operação Shield tinha como alvo um investigado no município de Paranatinga (MT). De acordo com o portal G1, ele teria feito ameaças ao ministro Alexandre de Moraes e às filhas dele. Ainda segundo o site, uma mensagem publicada em novembro dizia que o ministro do Supremo e sua família seriam "executados". O ministro é o relator de um inquérito no Supremo aberto em março de 2019, na gestão do presidente Dias Toffoli, que apura ameaças contra os magistrados. A operação, no entanto, não teria ligação direta com o inquérito que tramita na Corte.

Presidente do STJ coloca Crivella em prisão domiciliar com tornozeleira

Crivella

O presidente do Superior Tribunal de  Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, decidiu na noite desta terça-feira (23) colocar em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos). A nove dias de deixar o cargo, Crivella foi preso acusado de chefiar um suposto QG da Propina instalado no Executivo carioca. 

 “Não obstante o juízo tenha apontado elementos que, em tese, justifiquem a prisão preventiva, entendo que não ficou caracterizada a impossibilidade de adoção de medida cautelar substitutiva menos gravosa”, observou Martins. O ministro decidiu sobre o habeas corpus do prefeito por ser o responsável pela análise dos casos considerados urgentes durante o recesso do STJ.