sexta-feira, 27 de novembro de 2020

 



Diplomacia não se faz por redes sociais 

Alexandre Garcia 

O deputado e o presidente das Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro, postou no Twitter “o governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo governo Donald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”. 

O governo chinês não gostou da publicação, visto que o deputado afirmou que a China tenta espionar o mundo. O porta voz da embaixada da China no Brasil repudiou o comentário do filho do presidente. 

Ele ainda disse “instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China”. “Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasi.” ameaçou o porta voz. 

Como isso causou um atrito nas relações entre os dois países, o Itamaraty respondeu dizendo que o assunto estava sendo encaminhado para os meios diplomáticos. Afirmou, ainda, que diplomacia não se faz por rede social e que o porta voz foi ofensivo e desrespeitoso. 

O artigo 53 da Constituição Brasileira determina que “os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. Mas o costume chinês não é esse. 

Como Eduardo é filho do presidente, pressupõe que a opinião dele é compatível com a de Jair Bolsonaro. A China deveria se referir exclusivamente à Câmara dos Deputados já que foi um deputado que fez a afirmação. 

A Câmara não se manifestou depois do ocorrido. O único que fez declaração foi o líder da bancada ruralista. Ele criticou Eduardo Bolsonaro porque falas que atrapalharam relações com a China interferem nas exportações dos agropecuaristas. 

A retomada do emprego

O mês de novembro criou 394 mil com carteira assinada, o maior número dos últimos 30 anos. É a retomada. A economia subiu, a Bolsa atingiu 110 mil pontos, a construção civil também gerou muitos empregos e os preços também estão em alta - mas por outros motivos.  

Radioterapia em queda

Um levantamento apontou que 61% dos institutos de radioterapia tiveram mais de 20% de queda no movimento durante o mês de maio no Brasil. Os dados são da Sociedade Brasileira de Radioterapia.





O PSOL e a empreiteira 

J.R. Guzzo 

Eis aqui mais um retrato da vida como ela é, e não como imaginam que ela seja nas mesas redondas que discutem política na televisão. Um dos maiores doadores para a campanha do candidato do que se apresenta como de “esquerda-raiz” para a prefeitura de São Paulo não é nenhum sindicato de trabalhadores – e o dinheiro não vem de nenhuma vaquinha de “pessoas em situação de rua”, os grandes clientes nominais do Partido Socialismo e Liberdade (Psol).

Quem aparece na papelada da justiça eleitoral como a terceira maior doadora da campanha paulistana do Psol, com um total de 88.000 reais, é uma herdeira da empreiteira de obras públicas Andrade Gutierrez. E daí? Milionário também é gente; tem todo o direito de doar seu dinheiro para quem bem entende. O problema não está aí. Está numa razão social: “Andrade Gutierrez”. 

A construtora, como se sabe, é uma das empresas mais corruptas do Brasil – não porque costumava aparecer regularmente no noticiário da ladroagem nacional, mas porque são seus próprios diretores que dizem que ela é corrupta. Tanto é assim que eles mesmos, por sua livre e espontânea vontade, confessaram os crimes da empresa no assalto geral ao dinheiro público empreendido durante os governos Lula-Dilma. 

Mais: fizeram “delação premiada” na Operação Lava Jato. Mais ainda: devolveram ao erário R$ 1 bilhão do dinheiro roubado. (Alguém, “na jurídica” ou “na física”, devolve voluntariamente dinheiro que não roubou? Ainda não se sabe de nenhum caso.) 

É a velha história: quando se trata de dinheiro, dizia Voltaire, todo mundo é da mesma religião. A diferença entre os altos propósitos socialistas do partido e o dinheiro da herdeira é igual a zero; política real é isso, e não conversa que só aparece em jornal, rádio e televisão. 

O PSOL tem o direito de receber e a doadora tem o direito de doar, é claro, mas sempre é bom ficar claro que as coisas são assim – e que não têm nada a ver com o palavrório de campanha. É o “mecanismo”. É assim que ele funciona. 

O maior doador da campanha do PSOL em São Paulo é o cantor Caetano Veloso, outra estrela da nossa elite capitalista, com R$ 100 mil. Mas há uma diferença, aí. Caetano ganhou esse dinheiro unicamente com o seu trabalho – e não se chama Andrade, nem Gutierrez.