quinta-feira, 26 de novembro de 2020

 



Brasil cria quase 400 mil empregos formais em outubro e bate novo recorde histórico


Quase 400 mil novos empregos em outubro 

Pelo quarto mês consecutivo, o Brasil registrou saldo positivo na geração de empregos com carteira assinada, em um sinal de retomada do mercado após o auge pandemia de Covid-19. Foram criados 394.989 postos de trabalho em outubro, resultado decorrente de 1.548.628 admissões e 1.153.639 desligamentos. Foi o melhor resultado para o ano e para um mês em toda a série histórica, iniciada em 1992. 

Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados nesta quinta-feira (26) pelo Ministério da Economia. O ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou o resultado em entrevista coletiva virtual: "nunca o Brasil criou tantos empregos". 

"Notícia extraordinariamente favorável hoje. Esse mês de outubro de 2020 foi o mês em que geramos mais empregos na série histórica do Caged. Desde 1992 o Brasil não criava tanto emprego em um mês. Criamos quase 400 mil empregos. A economia brasileira continua retomando em V e gerando empregos a um ritmo acelerado", afirmou.

Dos cinco setores da economia analisados, quatro criaram vagas em outubro. O principal foi o setor de serviços, que abriu 156.766 postos de trabalho. No comércio foram criadas 115.647 vagas; na indústria, 86.426; e na construção, 36.296. Somente o setor agropecuário teve resultado negativo, com o fechamento de 120 vagas em outubro.

O mês também foi positivo nas cinco regiões do país, com destaque para o Sudeste, onde o saldo ficou em 186.884 postos criados. Depois, aparece o Sul, com resultado de 92.932. No Nordeste foram criados 69.519 empregos formais; no Centro-Oeste, 25.024; e no Norte, 20.658 vagas. 

Emprego formal no acumulado do ano, segundo o Caged

No acumulado do ano até outubro, o dado de geração de vagas ainda é negativo. Foram fechados 171.139 postos de trabalho, resultado de 12.231.462 admissões e 12.402.601 desligamentos no período. O desempenho negativo é por causa da crise causada pela Covid-19 no primeiro semestre. 

Segundo dados do Caged, 1,53 milhão de postos de trabalho foram perdidos no auge da pandemia, de março a junho. O fundo do poço foi em abril, quando o país fechou 918,2 mil vagas. Nesse mesmo mês, muitos estados e municípios adotaram medidas de isolamento social para conter o avanço do vírus. 

O resultado dos quatro meses de fechamento de vagas (março a junho) está sendo parcialmente revertido neste segundo semestre. Em julho, foram criadas 131 mil vagas. Em agosto, foram mais 294,4 mil postos de trabalho. Já em setembro, 313 mil vagas Agora em outubro, um novo recorde: quase 400 mil. 

É possível terminar o ano com zero perda de empregos, diz Guedes

Apesar do resultado do acumulado do ano ainda estar negativo, o ministro Paulo Guedes disse que é perfeitamente possível terminar o ano com zero perda de empregos formais. Se isso acontecer, afirmou o ministro, terá sido um ano histórico para a economia brasileira. 

"Nessa recessão, que veio de fora, que nos jogou no fundo do poço, nós não perdemos o rumo, nos levantamentos e estamos criando empregos com alta velocidade. Podemos chegar ao fim do ano com zero de perda de empregos no mercado formal", projetou Guedes. 

"Se terminarmos o ano com zero perda de empregos formais, terá sido um ano histórico para a economia brasileira", completou. 

Tradicionalmente, o mês de dezembro tem um forte fechamento de vagas, o que poderia fazer com que o resultado do ano ainda ficasse negativo. Porém, segundo o secretário de Trabalho, Bruno Dalcomo, é possível que neste ano a tendência seja diferente, já que milhares de trabalhadores terão estabilidade garantida em virtude dos acordos de suspensão de trabalho e redução de jornada e salário fechados neste ano. 

Fonte: Gazeta do Povo





“Vidas negras” importam? Que tal desfinanciar o tráfico? 

Bruna Frascolla 

Toda vez que houver quebradeira por causa de uma vítima com pedigree racial, anotem: acontecerá em área urbana do Sudeste ou no Sul, e o defunto não foi vitimado por traficante nem ladrão. Quem não olhar dados sobre violência achará que o Nordeste e o Norte são uma maravilha, uma vez que concentram muito mais negros e pardos do que o Sudeste e o Sul, mas os mortos só aparecem aí. Os rincões rurais devem ser tranquilos, e os soldados do tráfico, que se matam uns aos outros, devem ser todos alemães de Blumenau. Afinal, olhando os progressistas da TV e do Twitter, parece até que uma morte violenta de um adulto violento é uma coisa excepcional, em vez de rotineira. 

Dizem que quebram tudo por se importarem com “vidas negras”. Aspas, porque eu não estou disposta a dizer que tenho uma “vida branca”, nem uma “vida baixinha”, nem uma “vida de cabelo liso escorrido”, nem uma “vida com sangue negro”, muito embora eu seja branca, baixinha, com cabelo liso escorrido e tenha sangue negro. Se eu não me chamo de vida branca, vou chamar o negro de vida negra por quê? E se eu me chamar de vida branca, por que não vou me chamar de vida baixinha? 

Algum filósofo do Iluminismo escocês, não me lembro se David Hume ou se Adam Smith, fez uma consideração muito astuta sobre a natureza humana e suas paixões: se soubéssemos que uma catástrofe abateu muitas vidas do outro lado do mundo, ficaríamos tristes, mas não perderíamos o sono por isso. Por outro lado, se fôssemos para a cama com a notícia de que no dia seguinte iriam amputar um dedinho nosso, ficaríamos aflitíssimos, e dormiríamos muito mal. Mesmo considerando que nosso dedinho vale muito menos do que as muitas vidas do outro lado do mundo.  

É da constituição humana, afinal de contas, termos nossas emoções muito afetadas por coisas que nos são próximas, independentemente do quão humanistas e universalistas sejam os nossos valores. E como ficar chorando aqui não muda a vida de ninguém do outro lado do mundo, não há nada de errado nisso. Que bom que conseguimos ler estatísticas e notícias de homicídios sem ficar pranteando; do contrário, ficaríamos ou muito mal informados, ou muito deprimidos… Ou as duas coisas! 

Assim, quando o puxadinho brasileiro do Black Lives Matter diz que está em prantos por causa do “marido errático” falecido, é claro que mente. Está procurando um pretexto para a quebradeira, e deve ter até ficado feliz quando encontrou um George Floyd para chamar de seu. Melhor, só se o marido errático fosse preto retinto, e o segurança fosse um louro. 

Paixões e valores

Ainda que durmamos tranquilamente após um maremoto na Indonésia, temos toda a certeza de que aquelas vidas todas valem mais do que um dedinho nosso. Se houvesse um Deus dos mares que suspendesse o maremoto mediante um dedinho nosso em oferenda, perderíamos o sono e daríamos o dedinho. Independentemente do nosso estado de espírito, temos valores e convicções acerca dos quais raciocinamos, e com os quais embasamos os nossos raciocínios. Assim, embora não fiquemos arrasados com a morte do “marido errático”, como se fosse um conhecido nosso, temos toda presteza em admitir que é uma ótima ideia cobrar do Carrefour uma responsabilidade maior na contratação de seguranças, porque aquilo que aconteceu é errado. Sai algo de útil da pressão? Não.

Eis que o representante do Carrefour se defende em idioma progressista, reconhecendo-se um homem branco opressor e garantindo que vai ampliar a “diversidade” da empresa (o que, em progressistês, é o mesmo que cota racial). Então ficamos assim: na próxima vez que morrer alguém espancado por um segurança despreparado do Carrefour, vamos aferir a quantidade de melanina. Sendo branco, ok, bota na conta da dívida histórica. Sendo negro, ao menos ele terá sido morto com “diversidade”. Como “representatividade” importa, o assassinado ficará muito feliz ao ver que seu assassino o representa, pois tem uma quantidade satisfatória de melanina assim como ele. As pessoas serão rotuladas brancas ou negras, negro mata negro, e branco mata branco. Não é uma beleza? Muito antirracista e empático! 

Enquanto isso, o Carrefour continua na sua branquitude irremediavelmente opressora — conformismo é isso — e a ONG do Frei David ganha uma oportunidade de encher os bolsos. Deixa o Carrefour contratar negros para matar negros. Se nenhum negro for assassinado, de onde a Educafro tirará dinheiro? Viva a justiça social!  

Efeitos práticos

Não é necessário ser nenhum Sherlock Holmes, nem doutor em ciências sociais, para saber que muita morte é causada no Brasil pelas drogas. Há o drogado que mata por uma ninharia para sustentar o vício, e há um sem número de guerrilhas urbanas, com facções disputando na bala as bocas de fumo nas favelas, matando policiais e espalhando balas perdidas. 

Tribunal do tráfico, Estado paralelo, lei do silêncio: tudo isso é conhecido. O que não é enfatizado é que esse Estado paralelo não é uma democracia. É uma ditadura. Impõe toque de recolher, controla que entra no território, oprime o cidadão das favelas. O narcotráfico tem um custo humano exorbitante. 

O progressista até concorda com isso, mas daí infere que é preciso descriminalizar todas as drogas, e então, magicamente, o tráfico não terá mais controle territorial, e escolherá pagar impostos de bom grado. Isso sem nem mencionarmos que não está ao alcance do Brasil descriminalizar a cocaína, pois ela é produzida em países onde é ilegal. Mais em específico, a cocaína e o crack têm sido usados pelo chavismo para sustentar a sua ditadura. 

Podemos focar na maconha: de fato, é pensável um comércio legal no Brasil, porque nasce em nosso país e em democracias onde é legalizada. Digamos que a maconha deva ser legalizada. Ainda assim, o fato incontornável é que ela é ilegal agora, e que cada centavo gasto com maconha agora equivale a um centavo dado às ditaduras das favelas. Cadê o amor às “vidas negras” e à democracia? 

O consumo de carne não é criminalizado, mas um sem-número de progressistas vira vegano ou vegetariano por razões alegadamente éticas. Parar de comprar drogas enquanto elas significarem o financiamento do narcotráfico, porém, está fora de cogitação. Há mais piedade para uma galinha do que para um favelado.