sexta-feira, 14 de agosto de 2020

MP questiona cartilha gratuita de Damares, mas se omitiu sobre materiais do PT que custaram caro

A ministra Damares Alves criticou a posição do MP de questionar documento que ainda não existe.| Foto: Clarice Castro/MMFDH

Mesmo antes de ficar pronta, a cartilha que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos pretende lançar, com objetivo de fortalecer o casamento, foi questionada pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público (MP) junto ao Tribunal de Contas da União. Assim que a ministra Damares Alves anunciou a iniciativa, Furtado enviou à procuradoria-geral do Ministério um pedido de esclarecimento sobre o guia. 

Segundo o subprocurador, sua preocupação é que o Estado pode estar "desviando de sua função" ou "impondo uma visão de mundo". "Longe de mim querer contrapor a ministra Damares, mas eu defendo o livre-arbítrio. Cada um deve escolher o que é melhor para si e o Estado deve atender a todos, seja solteiro, casado ou divorciado. Querer impor uma visão que diz que algo é melhor do ponto de vista do casamento não me parece correto, muito menos pelo Estado", argumentou Furtado. Ele está solicitando uma cópia da cartilha para avaliar o conteúdo e então decidir se cabe algum outro tipo de medida, mas não esclarece no que a lei poderia estar sendo infringida pelo Ministério e quais as medidas possíveis. 

O pedido de Furtado foi com base nas palavras de Damares, já que a cartilha ainda não existe. O material deve ser lançado nas próximas semanas e não será destinado aos cidadãos, mas aos municípios, como um guia para elaboração de políticas públicas voltadas à família. Em resposta ao subprocurador, a ministra Damares publicou em suas redes sociais que o material não terá custo para o Estado – está sendo produzido pela equipe do Ministério e será digital – e está baseado no Código Civil e na Constituição Brasileira.

O curioso é que, nos governos anteriores, do PT, o MP ficou em silêncio em relação a publicações bastante questionáveis, tanto em relação ao conteúdo quanto ao preço pago por elas a ONGs terceirizadas.

Em 2011, por exemplo, o governo federal reeditou a Cartilha Anticoncepção de Emergência e pagou R$ 1.597.044,48 por uma tiragem de 100 mil exemplares. Para estimular que as mulheres utilizem a pílula do dia seguinte, o documento nega o caráter abortivo do uso da substância em algumas situações, com uma contradição científica: afirma, contrariando a ciência, que “fecundação” não é o mesmo que “concepção”. Para fundamentar sua tese, o texto cita diversas organizações abortistas, como a Planned Parenthood, e não apresenta argumentos discordantes de cautela oferecido por pesquisas médicas. Não houve pronunciamento do MP sobre esse material. 

Já o livro O Sus e a Saúde Sexual e Reprodutiva de Adolescentes Jovens no Brasil, distribuído em 2013, que estimula os jovens a viveram a sexualidade o quanto antes, “sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças”; teria um custo hoje, atualizado pela inflação do período, de R$ 20,28. Na tiragem feita de 5 mil exemplares, para chegar a todos os municípios, o gasto ao governo federal ficaria em R$ 101.400,00. Entre os outros materiais já editados pelo governo do PT, com o mesmo tom ideológico, estiveram o Manual de Adolescentes e Jovens para a Educação entre Pares. Saúde e Prevenção nas Escolas. Gêneros, que foi publicado em 2010 e defende que “masculino” e “feminino” são construções sociais, e o Manual Adolescentes e Jovens para a Educação entre Pares. Saúde e Prevenção nas Escolas. Sexualidade e Saúde Reprodutiva, do mesmo ano. Com uma tiragem de 2.300 exemplares e custo de R$ 11,26 o exemplar, o custo estatal chegaria hoje, também tendo em conta a inflação, a R$ 25.898,00 em cada manual. 

Ao ser indagado em relação a publicações como estas, do motivo pelo qual não foram contestadas, o subprocurador Lucas Rocha Furtado disse preferir comentar apenas a cartilha atual.

Fonte: Gazeta do Povo


Juízes querem mais dinheiro em plena crise. Eles vivem em Marte?

Por Alexandre Garcia

O conselho curador do FGTS decidiu pagar dividendos para os titulares das contas. A porcentagem é de 66% dos R$ 11 bilhões em lucro do ano passado. O pagamento dos R$ 7,5 bilhões vai ser no final do mês. O conselho curador é formado por representantes do governo, dos trabalhadores — como centrais sindicais — e dos empregadores. 

O Fundo de Garantia foi criado no dia 1º de janeiro de 1967, no governo do general Castelo Branco. No início a arrecadação era opcional: você podia aderir ou continuar no sistema anterior de estabilidade. Eu optei por recolher o FGTS e fiz muito bem.

A gente viu como foi importante o pagamento do auxílio emergencial e agora vai ter mais a divisão desses R$ 7,5 bilhões, ou seja, R$ 1,90 a cada R$ 100 que o trabalhador tinha na conta do Fundo no dia 31 de dezembro de 2019.

Milagre em Belém

O presidente Jair Bolsonaro está com a vida corrida desde que se recuperou da Covid-19. Na quarta-feira (12), ele esteve em São Paulo no embarque da ajuda ao Líbano, depois trocou o líder do governo na Câmara dos Deputados e teve uma reunião com os presidentes da Câmara e do Senado e ministros. 

Na quinta-feira (13), o presidente foi a Belém (PA) para iniciar a primeira fase das obras de um porto e inaugurar um centro de lazer no centro da cidade. Bolsonaro se encontrou com o prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) e o governador Helder Barbalho (MDB). Essa visita ao governador mostra uma aproximação do presidente com o MDB. 

Belém foi um milagre na pandemia. Os hospitais estavam sem leito de UTI e sem respirador, mas graças ao apoio do prefeito e do governador, e da iniciativa da Unimed de implementar o tratamento precoce, o número de mortes por Covid-19 diminuiu. 

Mesmo assim, eu vejo meus colegas insistindo de que não há comprovação científica da eficácia desses medicamentos. Eles estão cegos, surdos, perderam o conhecimento da realidade. Mas não adianta falar porque a afirmação tem um fundo político.

Ainda a facada

O Superior Tribunal de Justiça afirmou que o pedido de transferência de Adélio Bispo para um hospital psiquiátrico não é da competência da Corte e sim da 5ª Vara Criminal de Campo Grande (MS). Adélio é o autor da facada que atingiu o então candidato a presidente Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral de 2018.

Média salarial no TJ de SP é o teto

O Tribunal de Justiça de São Paulo está propondo um aumento de 55% no orçamento da Corte para o ano que vem, em plena crise econômica. O gasto anual saltaria de R$ 12 bilhões para R$ 19,1 bilhões. 

O valor sustenta o trabalho de 360 desembargadores, 2 mil juízes e 43 mil servidores. Segundo o Estadão, a média de salário do TJ-SP é de R$ 39,2 mil, esse é o teto constitucional. Eu nunca vi a média de salário ser o teto.

Isso significa que muitos servidores recebem acima do que é permitido. Parece que a Corte está em Marte ao apresentar esse pedido de acréscimo de 55% nos gastos públicos. Dizem que a maior parte da verba é destinada aos servidores.