Boletim da Covid-19 dá
nome aos bois: governadores também têm culpa
Por Alexandre Garcia
Descendente de libanês, o
ex-presidente Michel Temer vai chefiar a missão humanitária do Brasil que
levará ajuda ao Líbano. Depois da explosão no porto de Beirute, o país todo
explodiu politicamente. O primeiro-ministro do país renunciou e está havendo
manifestações na rua. O povo libanês não aguenta mais a corrupção que impera
nessas últimas décadas.
Temer falou que o país
precisa de uma pacificação.Isso será difícil porque ao sul está Israel, ao
leste a Síria e no país tem os terroristas do Hezbollah. Sempre houve grupos
apoiados pelo exterior a atrapalhar o Líbano. Eu lembro disso quando cobri a
guerra civil lá, em 1982.
Os libaneses têm muito
orgulho dos seus 12 milhões de compatriotas que vivem no Brasil. Por isso, o
Brasil e a França — a segunda língua do país é francesa — têm uma
responsabilidade muito grande.
O Brasil está doando ao
Líbano 4 mil toneladas de arroz — o alimento vai chegar de navio. A comitiva de
Temer vai levar inclusive donativos da área médica. O Brasil segue assim o
exemplo dos Estados Unidos, onde é tradição indicar ex-presidentes para missões
humanitárias.
“Calúnia para fugir da
própria culpa”
O último boletim de
estatísticas estaduais do coronavírus saiu com o nome dos governadores. Isso
provocou um tititi, mas foi o STF que determinou que quem toma as medidas
sanitárias são os chefes dos estados.
Os prefeitos se queixam de
que só têm margem de manobra para tornar mais rígidas medidas do governador. Se
for para atenuar eles não podem.
Os comerciantes estão
fazendo queixas às prefeituras, essas reclamações não chegam aos governadores.
Os prefeitos sabem que se o comércio não funcionar não há arrecadação e
consequentemente não tem como pagar a folha de pagamento.
Percival Puggina, que é um
grande articulista no Rio Grande do Sul, fez um post no Facebook dizendo: “se o
STF não deixou fazer, se governadores e prefeitos não fizeram e se a grande
imprensa desqualificou o que Bolsonaro queria ter feito, responsabilizar o
presidente por 100 mil mortes é calúnia para fugir da própria culpa.”
Essa publicação foi de uma
clareza cristalina. Foi por isso que o boletim saiu com o nome do administrador
do estado, o responsável por coisas como o lockdown em Pelotas, onde teve até
sirenes para anunciar o isolamento social — parecia alerta de ataque aéreo.
A importância do juiz de
carreira
Tem um juiz de carreira no
Supremo Tribunal Federal, felizmente próximo presidente da Corte, Luiz Fux.
Juízes do trabalho de carreira são dois: Marco Aurélio e Rosa Weber; os outros
são promotores de carreira, advogados ou professores de Direito.
A formação real de um juiz
é na primeira instância, porque há contato direto com a população. O sujeito
que passa o dia inteiro em uma cátedra, dentro de uma banca de advogados ou
trabalhando no Ministério Público não tem a mesma tarimba de um juiz de
carreira que trabalha num fórum lá no sertão, no interior do país. Esse sim sabe
ser justo, com base na lei.