sexta-feira, 7 de agosto de 2020

 

Boicote aos produtos do Brasil é a mais pura conversa fiada

Por J.R. Guzzo                

O noticiário tem trazido, em geral com alarme, mais um lote de notícias (ou de desejos) sobre a situação de dificuldade, perene e aparentemente insolúvel, que atravessam ao mesmo tempo a agricultura, a pecuária e a produção geral de alimentos no Brasil. O assunto é o de sempre: a “destruição das florestas” deste país, especialmente as da “Amazônia”.

A novidade seria uma espécie de boicote mundial, ou coisa parecida, à produção rural brasileira por parte de “300 grandes empresas” e outras potências do capitalismo moderno, recentemente transformadas em mocinhas da natureza, do ar puro e da “sustentabilidade”.

Em suma: se os produtores brasileiros (que foram escalados para o papel de bandidos desse filme) não pararem de desmatar a Amazônia e incendiar as florestas, o Primeiro Mundo não vai comprar mais nada que venha daqui, nem investir um único tostão no Brasil.

Absurdos construídos com capricho, falsa ciência e muito dinheiro acabam um dia, como eventualmente acaba todo o charlatanismo de vendedor de elixir em feira livre – quando se verifica, pela força dos fatos, que a mercadoria posta à venda é falsa. Até lá, porém, fazem um barulho e tanto, como é o caso da “devastação” da Amazônia pelo “agronegócio”. Paciência. Não há como convencer quem quer ser enganado – o que se pode fazer é chamar de conto do vigário tudo aquilo que é conto do vigário, esperar que o tempo passe e continuar trabalhando. Fazer o quê?

 Há pelo menos uma dúzia de realidades que demonstram a inexistência de relação entre desmatamento e o avanço a agropecuária brasileira — que saiu do nada para tornar-se em 40 anos uma das duas ou três maiores do mundo. Nenhuma delas serve.

 Por exemplo: mais de 70% da produção brasileira de grãos saem de apenas quatro estados, três dos quais nem sequer fazem fronteira com a Amazônia. São o Paraná, o Rio Grande do Sul e Goiás. O quarto, Mato Grosso, tem apenas a metade norte do seu território dentro do bioma amazônico. Mas o movimento de defesa do planeta sustentável não trabalha com essa aritmética, nem com essa geografia; só aceita a sua própria ciência.

 O que o Paraná, por exemplo, tem a ver com a Amazônia? Um produtor de soja de Ponta Grossa ou Campo Mourão pode perfeitamente passar a vida inteira sem jamais ter ido lá, por um dia que seja. Há mais paranaenses que conhecem Paris do que São Gabriel da Cachoeira; têm tanto a ver com a floresta amazônica quanto com o Polo Norte. Mas vá explicar isso para um europeu-raiz.

Missão impossível, pois o sujeito nunca viu um mapa do Brasil; não sabe onde é o Paraná, nem o Amazonas e, para dizer a verdade, nem o Brasil. Também não está interessado em aprender; só está interessado em acreditar. Se você encarar, digamos, um bom holandês, disser que o Brasil fica na Oceania e fizer uma cara bem séria, há 50% de chance do sujeito achar que é isso mesmo. Aí não há o que fazer.

 Enquanto isso, no mundo das coisas reais, o Brasil já colheu neste ano mais grãos do que em todo o ano passado; 50% da próxima safra, que ainda nem foi plantada, já está vendida. Fatos são um bicho teimoso.

 

Decisão do STF atrasa processo contra Lula 
que estava pronto para sentença em Curitiba

A última ação penal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato em Curitiba vai voltar pela segunda vez à fase de entrega das alegações finais – última etapa antes da sentença do juiz. O processo é referente à compra de um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula e ao aluguel de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP). O caso estava pronto desde maio para sentença do juiz Luiz Antônio Bonat, que substituiu Sergio Moro na Lava Jato de Curitiba. Mas uma decisão do STF (Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes votaram a favor, Luiz Fachin votou contra) vai fazer com que a ação penal volte à fase anterior.

A Segunda Turma do Supremo decidiu na terça-feira (4) que a os advogados de Lula têm o direito a ter acesso aos termos do acordo de leniência da empreiteira Odebrecht. para elaborar seus argumentos de defesa.

Na prática, os advogados poderão analisar dados sobre o sistema de pagamento de vantagens indevidas da construtora, e não apenas documentos relacionados ao ex-presidente. Os ministros também decidiram, por 2 votos a 1, excluir a delação premiada do ex-ministro Antônio Palocci dos autos do processo.

Essa será a segunda vez que o processo vai voltar para a fase de entrega das alegações finais. Em agosto do ano passado, o relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, determinou que o prazo para as manifestações fosse reaberto, depois que o tribunal entendeu que réus delatados têm o direito de falar por último, ou seja, depois dos delatores (que fazem as acusações).

Fonte: Gazeta do Povo