sexta-feira, 19 de junho de 2020



Presidente da CBF elogia MP que acaba 
com monopólio da Globo“ bastante positiva”

O presidente da CBF, Rogério Caboclo, elogiou a Medida Provisória 984/2020, que flexibiliza contratos dos clubes com os jogadores de futebol durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil.

“Isso não mudou. Os clubes já podiam negociar. O direito já pertence aos clubes. A mudança é para permitir a transmissão a partir do direito do mandante e não mais dos dois clubes. Acho que isso não muda. Acho que é uma medida que ajuda o futebol, colabora com o futebol”,

Para a CBF, não é uma mudança grande. Para os clubes, aumenta a possibilidade negociar, para os torcedores, aumenta o leque. Me parece bastante positiva. disse Rogério Caboclo à Folha.

“Mais partidas sendo mostradas”

Ao ser questionado se MP atinge contratos vigentes o presidente da CPF respondeu:

“Não. Na verdade, atinge porque vamos ter mais jogos sendo transmitidos. Mas em termos comerciais e negociais, não. Os contratos continuam vigentes, mas com alteração de, hipoteticamente, se tivesse um jogo do Flamengo com o Internacional, essa partida ficaria na sombra, porque um tem com a Globo e o outro com o Esporte Interativo. Agora, poderia. Isso que altera. Vamos ter mais partidas sendo mostradas’.

Chance para Amazon, Google e Facebook chegarem mais firme no futebol brasileiro

“Potencialmente, sim. Amazon, Google e Facebook ainda não chegaram aportando dinheiro no futebol brasileiro. Talvez seja um mote para que eles tenham mais interesse para chegar firme no mercado do Brasil. Pode ser um caminho”.

Caboclo disse não acreditar que a medida seja ruim para a Globo. Presidentes de clubes alegam que o ato significa o fim do monopólio da emissora.





"“70% dos brasileiros” estão contra 
presidente Jair Bolsonaro. É isso mesmo?"

Por J. R. Guzzo

É possível que muita gente ainda não tenha percebido, mas todos os problemas da política brasileira já estão resolvidos – quer dizer, se estiverem de fato valendo, no mundo das realidades práticas, os cálculos aritméticos dos adversários do governo. É simples: segundo um desses grupos de oposição, que conseguiu atrair alguma atenção da mídia para a sua causa, “70% dos brasileiros” estão contra o presidente Jair Bolsonaro. Seu lema, pelo que deu para entender do noticiário, é justamente esse: “Somos 70%”.

Se é assim, porque o ataque de nervos permanente que marca a vida política do Brasil há meses, ou desde que Bolsonaro assumiu a presidência? É só esperar mais um pouco, até as eleições de outubro de 2022 – menos de dois anos e meio – e esses 70% vão colocar o presidente na rua, usando nas urnas a vantagem esmagadora dos números que têm a seu favor. Não pode ser diferente: até uma criança de 10 anos sabe que 70 ganham de 30.

Há três problemas com essa teoria. O primeiro é saber se esses “70%” são mesmo 70%, ou se são apenas a fórmula numérica de um desejo – como certas linguiças que se compra na beira da estrada, é melhor não saber em detalhes o que existe dentro das chamadas “pesquisas de opinião”.

O segundo problema é que 70% não querem dizer grande coisa se não há, na vida real, um candidato capaz de convencer essa massa toda a votar nele para presidente da República. Se não há, a matemática muda: sem um adversário certo e sabido, os 30% que sobram ganham a potência de um motor V-6 turbo com 600 cavalos de força. Qual seria esse candidato? Sempre pode aparecer, é claro – mas é preciso que realmente apareça, e apareça logo.

O terceiro problema é saber o que vão fazer de fato, na hora de votar, os 70% que não apoiam o presidente – mesmo que sejam tantos assim. Uma coisa é não aprovar o governo e, no dia da eleição, ir em massa à seção eleitoral para votar efetivamente contra ele. Outra, muito diferente, é achar que o governo é uma droga e, ao mesmo tempo, aproveitar o feriado da eleição apenas para não fazer nada – principalmente pegar ônibus e esperar em fila para votar.

Nas eleições de 2018, mais de 30 milhões de eleitores não quiseram votar. Somados aos votos brancos e nulos, mais de 42 milhões de brasileiros não votaram em ninguém, num eleitorado total de 147 milhões. O grupo do “Somos 70%” precisa mudar essa performance, e mudar depressa, se quiser ganhar dos outros 30. Ficar falando mal da ministra Damares, ou achando que o STF resolve essa parada com uma liminar, não vai adiantar nada.