segunda-feira, 8 de junho de 2020



Números para entender as
 manifestações e a pandemia

Por Alexandre Garcia

Ontem (7), houve manifestações em todo o país. A mídia em geral não deu os números de manifestantes. Eu ouvi até um comentarista dizer que as pessoas evitaram aglomerações, por isso não saíram de casa para protestar. Mas, então, por que marcaram manifestações?

Como não deram os números, eu contei. No Rio de Janeiro, em Copacabana, tinha mais ou menos 100 pessoas. Em Belém, contei 11 pessoas. Em Brasília, 300 pessoas. Em São Paulo, um amigo meu da Globo News contou de 500 a 1.000 (e eu concordo com ele) no Largo do Batata.

De modo geral, houve prisões de gente que trazia bastões, barras de ferro, gasolina, álcool, garrafas com azeite e gasolina pra fazer coquetel molotov, tanto em Belém quanto no Rio de Janeiro, quanto em São Paulo.

Enfim, as manifestações apresentavam faixas, em geral vermelhas; mas tinha uma faixa preta que estava escrito “pela democracia”. Bom, aí é fácil; brigar pelo que já temos é fácil. Aliás, agora já temos democracia e sem corrupção. Liberdade para tudo, para xingar o presidente... para xingar ministro do STF até que não tem muita, porque acaba sendo processado. Mas de um modo geral, as liberdades de opinião, de ir e vir, de fazer manifestação, estão absolutamente em voga no Brasil.

Pandemia
Mudando um pouco de assunto, eu queria registrar essa briga aí pelos números da Covid-19. Uma dica: entrem no site transparência.registrocivil.org.br; é o registro de óbitos em cartórios. É fácil para gente acompanhar.

Essa fonte é melhor, porque o Ministério da Saúde recebe os dados das secretarias estaduais de Saúde. Os cartórios não, eles têm fé pública e a família vai lá registrar a morte de um ente querido, com a causa mortis escrita e assinada por um médico no atestado de óbito.

Então o total de mortes neste ano no Brasil nesse site está em 544.480. De Covid-19, 32.709, ou seja, 6% das mortes tem sido da Covid-19. Se a gente comparar o mês de maio do ano passado com o mês de maio deste ano, a diferença é de 11 mil mortes a mais neste ano. Aumentou a população, aumentaram as mortes por Covid-19 e diminuiu o número de mortes por homicídios e acidentes de trânsito. As mortes por pneumonia no ano passado foram 51.000, este ano 38.000.

No mundo inteiro, as mortes estão passando de 400.000 por Covid-19. Então, fica o registro: morrem por ano 600.000 por HIV, 3 milhões por câncer, e 1 milhão por tuberculose. Só pra gente falar na relatividade dos números.

E, por fim, está todo mundo falando aí da Suécia, mas o nosso vizinho, o Uruguai, não fez nenhuma quarentena. O Uruguai tem 3,5 milhões de habitantes e teve 23 mortes por Covid-19, o que dá 7 mortes por milhão de habitantes. Fecharam as escolas e as fronteiras, e nada mais. O presidente pediu a responsabilidade de todos, que se cuidassem, principalmente se forem grupos de risco, e os resultados foram esses.

Talvez um dos melhores resultados do mundo no combate à pandemia esteja aqui na nossa fronteira sul, mas que a gente não cita, não sei por quê.