Números para entender as
manifestações e a pandemia
Por Alexandre Garcia
Ontem (7), houve
manifestações em todo o país. A mídia em geral não deu os números de
manifestantes. Eu ouvi até um comentarista dizer que as pessoas evitaram
aglomerações, por isso não saíram de casa para protestar. Mas, então, por que
marcaram manifestações?
Como não deram os números,
eu contei. No Rio de Janeiro, em Copacabana, tinha mais ou menos 100 pessoas.
Em Belém, contei 11 pessoas. Em Brasília, 300 pessoas. Em São Paulo, um amigo
meu da Globo News contou de 500 a 1.000 (e eu concordo com ele) no Largo do
Batata.
De modo geral, houve
prisões de gente que trazia bastões, barras de ferro, gasolina, álcool,
garrafas com azeite e gasolina pra fazer coquetel molotov, tanto em Belém
quanto no Rio de Janeiro, quanto em São Paulo.
Enfim, as manifestações apresentavam
faixas, em geral vermelhas; mas tinha uma faixa preta que estava escrito “pela
democracia”. Bom, aí é fácil; brigar pelo que já temos é fácil. Aliás, agora já
temos democracia e sem corrupção. Liberdade para tudo, para xingar o
presidente... para xingar ministro do STF até que não tem muita, porque acaba
sendo processado. Mas de um modo geral, as liberdades de opinião, de ir e vir,
de fazer manifestação, estão absolutamente em voga no Brasil.
Pandemia
Mudando um pouco de
assunto, eu queria registrar essa briga aí pelos números da Covid-19. Uma dica:
entrem no site transparência.registrocivil.org.br; é o registro de óbitos em
cartórios. É fácil para gente acompanhar.
Essa fonte é melhor,
porque o Ministério da Saúde recebe os dados das secretarias estaduais de
Saúde. Os cartórios não, eles têm fé pública e a família vai lá registrar a
morte de um ente querido, com a causa mortis escrita e assinada por um médico
no atestado de óbito.
Então o total de mortes
neste ano no Brasil nesse site está em 544.480. De Covid-19, 32.709, ou seja,
6% das mortes tem sido da Covid-19. Se a gente comparar o mês de maio do ano
passado com o mês de maio deste ano, a diferença é de 11 mil mortes a mais
neste ano. Aumentou a população, aumentaram as mortes por Covid-19 e diminuiu o
número de mortes por homicídios e acidentes de trânsito. As mortes por
pneumonia no ano passado foram 51.000, este ano 38.000.
No mundo inteiro, as
mortes estão passando de 400.000 por Covid-19. Então, fica o registro: morrem
por ano 600.000 por HIV, 3 milhões por câncer, e 1 milhão por tuberculose. Só
pra gente falar na relatividade dos números.
E, por fim, está todo
mundo falando aí da Suécia, mas o nosso vizinho, o Uruguai, não fez nenhuma
quarentena. O Uruguai tem 3,5 milhões de habitantes e teve 23 mortes por
Covid-19, o que dá 7 mortes por milhão de habitantes. Fecharam as escolas e as
fronteiras, e nada mais. O presidente pediu a responsabilidade de todos, que se
cuidassem, principalmente se forem grupos de risco, e os resultados foram
esses.
Talvez um dos melhores
resultados do mundo no combate à pandemia esteja aqui na nossa fronteira sul,
mas que a gente não cita, não sei por quê.