sexta-feira, 10 de abril de 2020



Brasil tem 1.056 mortes e 
19.638 casos confirmados 

Mais 115 mortes foram confirmadas nas últimas 
24 horas, o que representa um aumento de 12%.

O Ministério da Saúde divulgou nesta sexta-feira (10) o mais recente balanço de casos de coronavírus no Brasil. Os dados apontam:

1.056 mortes

19.638 casos confirmados

Taxa de letalidade é de 5,4%

São Paulo tem 540 mortes e 8,2 mil casos

Ao ser divulgado, o boletim do Ministério da Saúde desta sexta considerava 1.057 mortes. O dado foi retificado pela pasta por volta das 16h30, afirmando que o estado de Alagoas corrigiu o número de mortes de 4 para 3.




Saúde libera mais R$ 4 bilhões 
para estados e municípios

Valor é um adicional ao que já recebem para custeio de ações

O Ministério da Saúde liberou mais R$ 4 bilhões a estados e municípios para ações de combate à covid-19. O valor é um adicional ao que já recebem para custeio de ações e serviços relacionados à saúde e pode ser utilizado para compra de materiais e insumos, abrir novos leitos e custear profissionais.
Portaria nº 774/2020 com a liberação foi publicada ontem (9) em edição extra do Diário Oficial da União. O valor corresponde a uma parcela mensal extra do que cada estado ou município já recebe para ações de média e alta complexidade ou atenção primária.
Em mensagem nas redes sociais, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, disse que os recursos já foram depositados nas contas dos fundos estaduais e municipais de saúde. “A gente acha que, com isso, eles [os gestores de saúde] podem adquirir os equipamentos de proteção individual (EPIs) que a gente começa a trazer da China. Está começando o mercado chinês a se organizar, estamos conseguindo trazer”, disse.
De acordo com o ministro, a primeira carga com 40 milhões de máscaras vinda da China, de uma compra de 240 milhões de máscaras, deve chegar ao país na terça-feira (14). O esforço da equipe do Ministério da Saúde é de trazer 40 milhões por semana. Um edital será aberto para que empresas interessadas em ofertar esses insumos possam se cadastrar.
“Com isso a gente pacifica o mercado brasileiro. E isso, doravante pacificado, a gente já repassa os recursos para que os estados e municípios comprem, a iniciativa privada já está comprando. O mercado está começando a se normalizar, o de EPIs”, explicou o ministro.
Já sobre os respiradores, Mandetta disse que ainda há dificuldade. Segundo ele, foi feito um acordo com a indústria nacional para elevar de 800 para 15 mil a produção de respiradores mecânicos em 90 dias.
O ministro da Saúde reforçou a orientação da pasta para manter o isolamento social. De acordo com Mandetta, na próxima semana “vamos colher os frutos da difícil redução da mobilidade social”, determinada por estados e municípios nas últimas duas semanas. “Hoje eu vi que o pessoal começou a andar mais, vamos pagar esse preço ali na frente. Esse vírus adora aglomeração, adora contato, adora que as pessoas achem que ele é inofensivo. E aí, as cidades podem pegar a transmissão sustentada [ou comunitária]”, ressaltou.
Fonte: Agência Brasil



Casos no Brasil em 10 de abril

As secretarias estaduais de Saúde divulgaram, até as 8h30 desta sexta-feira (10), 18.176 casos confirmados do novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Brasil, com 958 mortes pela Covid-19.

O balanço mais recente do Ministério da Saúde, divulgado na tarde de quinta, aponta 17.857 casos confirmados e 941 mortes.

São Paulo continua com o maior número de casos confirmados e de mortes. São 7.480 infectados e 496 óbitos. O Rio de Janeiro tem 2.216 casos e 122 mortes. O Ceará conta 1.445 infectados e 57 mortes.

Veja alguns dados sobre a Covid-19 no Brasil até as 6h42 desta sexta:

O mais jovem a morrer foi um recém-nascido de quatro dias, em Natal (RN)

Fortaleza (1.285 casos) é a capital com maior incidência da Covid-19: 34,7 casos a cada 100 mil habitantes

São Paulo é a cidade com mais casos em números absolutos: 4.947

Tocantins é o único estado que não registrou mortes

Fonte: G1






O Brasil dividido entre o partido
 antivírus e o pró-vírus

Por J.R. Guzzo

A epidemia oferecida ao mundo pelo coronavírus da China conseguiu produzir, no Brasil, um fenômeno talvez sem precedentes: pela primeira vez na história uma substância química passou a servir como linha de divisão entre a direita e a esquerda. É essa hidroxicloroquina, um clássico trava-língua do qual ninguém jamais tinha ouvido falar até hoje fora da comunidade envolvida com o universo da química, mas sobre a qual todo mundo passou a ter, subitamente, opiniões apaixonadas – do presidente da República ao porteiro do seu prédio. A discussão é se essa droga, disponível através da indústria farmacêutica, serve ou não para curar a Covid-19.

Química é química, e política é política, mas no Brasil irracional em que estamos vivendo, as coisas não são assim. Se você é de direita, e a favor do presidente Jair Bolsonaro, você acha que a hidroxicloroquina é um santo remédio para curar a Covid-19. Se você é de esquerda, e contra o governo, acha que é um veneno – ou, no mínimo, uma substância suspeita, de efeitos desconhecidos e que não pode, de jeito nenhum, ser receitada para ninguém.

Naturalmente, como de costume, quanto menos o sujeito sabe sobre química, farmácia e medicina, mais certeza ele tem de que está com a razão. Não ajuda em nada, para se melhorar os níveis clareza do bate-boca, o fato de que os próprios médicos e pesquisadores estão amargamente divididos sobre os efeitos do medicamento.

Não é uma questão difícil de entender quando se leva em conta que, desde a chegada da epidemia, o Brasil se dividiu entre o partido antivírus e o partido pró-vírus. O primeiro quer que a Covid-19 seja eliminado o mais cedo possível, que o confinamento seja encerrado e que o país volte a funcionar rapidamente. O segundo quer que a epidemia apresente estatísticas cada vez piores, que a quarentena seja reforçada e que o país demore o máximo possível para voltar ao normal.

O Brasil antivírus, é claro, é o do governo – quanto mais cedo a praga acabar, melhor para ele. O Brasil pró-vírus é o da oposição. Quanto mais o país demorar para recuperar a normalidade, tanto pior para o governo e o seu futuro político.

O resto dessa história toda é bem conhecido. A hidroxicloroquina está disponível e sendo aplicada, é claro, nos hospitais dos ricos e dos planos médicos “top de linha”; é tomada, também, pelos médicos que pegaram o vírus e podem controlar o seu próprio tratamento.

O raciocínio que está valendo, aí, é o seguinte: os conhecimentos já obtidos sobre a droga ainda não são completos, mas já são suficientes para aplicá-la, sem riscos, num vasto número de pacientes No SUS, e para o povão, o raciocínio é esse mesmo, só que ao contrário: os conhecimentos sobre a substância ainda não são completos e, portanto, ela não deve ser aplicada.

O jornalismo investigativo deu a si próprio a missão de investigar, em todos os seus detalhes, as possíveis contraindicações da hidroxicloroquina e, sobretudo, em demonstrar que não há certeza científica sobre os seus benefícios. As “instituições”, como um todo, também se colocam contra – salvo quando seus próprios membros passam a precisar de tratamento. A oposição age da mesma forma.

É muito fácil, obviamente, exigir consenso absoluto sobre a eficácia, o alcance e a conveniência da aplicação da substância quando você próprio não precisa esperar, para tomá-la, pelos próximos vinte ou trinta anos – tempo que a ciência médica, em geral, demanda para ter certeza suficiente sobre medicamentos e terapias. O duro, justamente, é a espera. Mas isso é coisa para pobre – e os pobres, como sempre, que se explodam.