terça-feira, 25 de fevereiro de 2020



Coronavírus tem 80 mil casos 
em 39 países. 
Número de mortes passa de 2,7 mil

Mais de 80 mil casos do novo coronavírus já foram notificados em todo o mundo, com 2.704 mortes confirmadas até a manhã desta terça-feira (25). A doença, que se concentrava na China, atinge outros países da Ásia, e provoca preocupação na Europa e Oriente Médio. Há casos em pelo menos 39 países, com vítimas fatais em dez.

Os mercados financeiros reagiram com fortes perdas. Na segunda-feira (24), as bolsas europeias tiveram o pior dia em quatro anos. Nos EUA, a queda das ações foi a mais forte desde 2018.

Somente na China continental já são 2.663 mortes entre 77.660 casos, principalmente na província central de Hubei. Outros 38 países relatam casos, que já passam de 2,6 mil, com pelo menos 41 mortes em nove deles.

A Coreia do Sul relatou que tem pelo menos 977 confirmações, e o número de mortos subiu de sete para 10. O país com o terceiro maior número de mortes é a Itália, com sete, de um total de 283 casos confirmados – até segunda, eram 222.

Itália isola cidades, cancela carnaval e fecha escolas e igrejas
O medo da doença isolou ao menos 11 cidades na Itália, cancelou carnaval de Veneza, evento de moda em Milão e provocou o fechamento de escolas e igrejas, principalmente nas regiões do norte de Lombardia e Vêneto. O surto se concentra nessas regiões do norte do país, onde cerca de 100 mil pessoas enfrentam viagens e outras restrições.

Nos últimos dias, a Áustria interrompeu temporariamente o tráfego ferroviário através de sua fronteira com a Itália.

Nas Ilhas Canárias (Espanha), um hotel em Tenerife foi trancado depois que um médico italiano visitante deu positivo para coronavírus. Segundo a BBC, centenas de convidados no H10 Costa Adeje Palace Hotel foram instruídos a ficar em seus quartos enquanto os exames médicos eram realizados. O médico é supostamente da região da Lombardia, onde as autoridades italianas estão lutando contra um surto.

Na manhã desta terça, a Croácia confirmou seu primeiro caso de infecção por coronavírus – e a vítima é justamente um homem que havia estado em Milão, capital da Lombardia.

Restrições em Hong Kong, Emirados Árabes Unidos e Irã
Nesta terça, Hong Kong anunciou que as escolas permanecerão fechadas pelo menos até 19 de abril para impedir a propagação do novo coronavírus. Já são 81 casos, incluindo duas mortes.

Como precaução, o aeroporto de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos interromperá as conexões com o Irã, exceto para a capital Teerã. "Todos os passageiros que chegam em voos diretos de Teerã receberão triagem térmica no aeroporto", disse um porta-voz do aeroporto. Mais de 86 milhões de pessoas viajaram em 2019 pelo aeroporto de Dubai, um dos mais movimentados do mundo.

A medida ocorre em razão dos casos que se espalham pelo Irã. O Ministério da Saúde iraniano relatou 95 casos e 15 mortos. Na segunda-feira, o parlamentar Ahmad Amirabadi Farahani, da cidade de Qom, acusou o governo de não falar a verdade sobre o registro de mortos pela doença.

No Irã, escolas foram fechadas e começou a higienização diária dos ônibus e do metrô de Teerã, usados por 3 milhões de pessoas diariamente.

Na segunda-feira, 24, foram notificados casos para a doença no Kuwait (8) e em Omã (2), ambos países árabes. Iraque, Afeganistão e Bahrein também registraram os primeiros casos na segunda-feira. Todos os pacientes infectados tinham ligações com o Irã.

OMS: potencial para se tornar uma pandemia
"As últimas semanas demonstraram a rapidez com que um novo vírus pode se espalhar pelo mundo e causar amplo medo e perturbações", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Mas "no momento não estamos testemunhando a disseminação global e contida deste vírus", disse ele.

Quarta morte em navio na costa do Japão
Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde do Japão informou que morreu um passageiro de 80 anos do navio Diamond Princess, que estava em quarentena no país asiático. Esta é a quarta vítima fatal.

No entanto, a causa da morte ainda não foi confirmada e não foram fornecidos detalhes se o passageiro havia testado positivo para o novo coronavírus.

O Diamond Princess ficou atracado em na cidade japonesa Yokohama por duas semanas, enquanto estava em quarentena, e quase 700 casos de coronavírus foram ligados ao navio.

Brasil monitora passageiros vindos de Itália, França e Alemanha
Na segunda, o Ministério da Saúde adicionou países à lista de alerta do novo coronavírus, incluindo os primeiros três da Europa: Itália, Alemanha, França. Além desses, entram no rol do governo federal Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes.

Isso significa que serão considerados suspeitos da doença passageiros que estiveram nesses locais e que apresentem sintomas como febre e tosse. O novo enquadramento é resultado da confirmação da transmissão do vírus dentro desses países.

Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Wanderson Oliveira afirmou que o Brasil não cogita adotar medidas restritivas, como impedir a circulação de pessoas ou mercadorias.

O secretário disse que medir a temperatura de todos os passageiros vindos de países sob alerta também seria ineficaz. "Muitos casos se transmitem mesmo sem febre. Ou seja, temos situações que passam fora deste padrão."

"O que estamos trabalhando é para que equipes de saúde estejam atentas. Para que no momento em que uma pessoa que tem histórico de viagem (por um das países da lista) procurar serviços de saúde, seja investigado também a possibilidade de novo coronavírus", afirmou o secretário.

Em conversa com o jornal "O Estado de S. Paulo" na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que o Brasil está acompanhando a situação do novo coronavírus na Itália e seguirá as orientações da OMS para evitar que a epidemia chegue ao país. "Não faríamos nada isoladamente", disse o ministro."

Fonte: Gazeta do Povo



Quem são as forças políticas que
 torcem para o Brasil dar errado

Há, na política brasileira de hoje, duas forças com interesses diferentes e um objetivo comum trabalhando contra o governo. A primeira é a oposição direta – o PT, seus partidos-satélites da esquerda e os “movimentos sociais”. A segunda é a extensa coleção de pessoas, grupos e organizações que sob várias denominações, e com apoios que vão da universidade à CNBB, das “classes cultas” à maior parte da mídia, se opõe ao presidente Jair Bolsonaro com o mesmo empenho e quase o mesmo palavreado da esquerda.

Seus interesses se chocam porque ambos querem ir para o poder, e não há lugar para todos. Seu objetivo comum é fazer o Brasil dar muito errado nos próximos três anos – pois se der razoavelmente certo, não mais do que isso, nenhum dos dois tem qualquer futuro.

As duas forças dizem que não é assim, claro. No seu discurso, garantem que são apenas contra o governo, não contra o país, e que torcem para tudo melhorar. Mas é só conversa. Sabem perfeitamente que só poderão ir para o governo nas eleições presidenciais de 2022 se houver um desastre na economia e em tudo o mais que importa de verdade para a população.


É esse o grande problema de quem, por qualquer razão que seja, se coloca como inimigo do governo de Bolsonaro. Os oposicionistas não têm um programa de ação, ou propostas concretas do que pretendem fazer se chegarem lá em cima, ou ideias coerentes para apresentar ao eleitorado. Tudo o que têm é o intenso desejo de derrubar os atuais ocupantes do Palácio do Planalto – nas próximas eleições, ou de preferência antes disso, através de um impeachment do presidente.

Mas para acontecer qualquer das duas coisas é indispensável que nada dê certo – no crescimento, no emprego, nos investimentos, no combate ao crime, na infraestrutura, nas contas públicas, nas reformas indispensáveis à salvação do país e por aí afora. O problema, no caso, é que o bloco todo que se opõe ao governo não tem, realmente, o controle sobre essas variáveis; não depende dele se o Brasil vai melhorar ou piorar nos próximos anos. Podem tentar atrapalhar ao máximo, e vão fazer isso. Mas sua ação, em si, não é capaz de garantir o fracasso do qual tanto precisam.

Entre as duas forças que lutam para derrubar o governo Bolsonaro existem, é óbvio, os que não são nada – querem apenas levar vantagens para si e passam o tempo todo armando esquemas para tirar proveito das necessidades que o governo tem, junto ao Congresso e ao mundo político, para executar os seus programas. Sempre que não são atendidos, jogam o jogo da oposição. Sempre que são atendidos, voltam no dia seguinte querendo mais.

No geral, trabalham contra o país – mas assim como acontece com o conjunto dos adversários do governo, não têm força para conseguir, por si mesmos, que a taxa de juros volte a subir, a inflação vá aos 20% ou que o desemprego dispare outra vez. Atrasam tudo, claro – mas não podem construir sozinhos uma recessão à la Dilma. Não podem, também, impedir que estradas sejam asfaltadas, que a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa tenham os maiores lucros em décadas ou que o agronegócio continue quebrando os seus próprios recordes.

Ninguém precisa dizer que o governo tem problemas sérios pela gente. Mas os da oposição talvez sejam piores.

J. R. GUZZO