segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020



Recuo para frente

O presidente Jair Bolsonaro recuou da decisão de mandar embora o funcionário que foi de avião da FAB para a Índia e mandou embora o funcionário que foi de avião da FAB para a Índia. Segue um resumo de todos os recuos do presidente até aqui.

Bolsonaro recua e não demite Moro
O presidente estava assinando a carta de demissão do ministro da Justiça quando um pombo correio estatal sobrevoou sua mesa e deixou cair sobre ela um pedaço de papel enrolado. Era um bilhete de uma sobrinha da vizinha do general Heleno explicando que Sergio Moro era o herói da Lava Jato, símbolo do combate à corrupção e estava fazendo um bom trabalho com lealdade ao governo. Bolsonaro rasgou a carta de demissão na hora – e ainda comentou com o pombo que o bilhete foi providencial porque ele nem lembrava mais quem era Sergio Moro, muito menos por que o tinha convidado para o governo. Segundo fontes que não podemos revelar, essa foi a quinquagésima nona vez que o presidente decidiu demitir Moro e recuou na última hora.

Bolsonaro recua e não demite Paulo Guedes
Interlocutores do presidente revelaram que ele ficou irritado com o ministro da Economia por causa da privatização dos Correios. "Mas e o pombo?", teria vociferado Bolsonaro, segundo uma fonte. Reconhecendo a importância do pombo correio na permanência de Sergio Moro no governo, Paulo Guedes recuou e mandou prosseguir o estudo para privatização só dos Correios mesmo, sem o pombo. Aí o presidente também recuou e manteve Guedes no cargo. Nossa fonte também recuou e disse que foi tudo criação da cabecinha ociosa dela, mas nós não recuaremos jamais. Chega de recuos.

Bolsonaro recua e faz a reforma da Previdência
O presidente estava decidido a jogar no lixo o projeto que ele mesmo prometeu ao povo e que reabriria o futuro do país: "Quem quer saber de futuro? A vida é agora!", bradou Bolsonaro, segundo interlocutores próximos ao presidente. Ele já ia tacar fogo no projeto do Paulo Guedes que nem fez com a Amazônia, mas aí sentiu a pressão da imprensa marrom, ficou com medo da vingança do Rodrigo Maia e voltou atrás. Mais um recuo.

Bolsonaro recua e desiste de transformar a Amazônia em estacionamento
O presidente já tinha encomendado ao ministro Tarcísio o asfaltamento completo da região amazônica. Aí a Greta fez cara feia, o Macron fez bico, o Armínio e o Amoedo gritaram que a democracia estava em chamas e o DiCaprio disse que o capitão do Titanic morava no condomínio do Bolsonaro. Mesmo assim o presidente manteve a ordem de derrubar a floresta – mas só até Jane Fonda perguntar ao Lula como ela fazia para ser presa no Brasil. Aí Bolsonaro amarelou. Novo recuo.

Bolsonaro recua e demite secretário que citou propaganda nazista
O presidente estava decidido a pintar uma suástica na porta da Secretaria de Cultura, mas sentiu a pressão dos democratas de Instagram e exonerou Alvim. Outro recuo.

Bolsonaro recua e desiste do AI-5
Todo mundo sabe que o governo fascista do Brasil estava prontinho para fechar o Congresso e anexar o Supremo (que nem os ídolos do Lula e da resistência cenográfica fizeram na Venezuela). Mas aí os bravos plantonistas de TV Rodrigo Maia, Molon e Randolfe, entre outros, gritaram contra a ditadura e o Bolsonaro, tremendo de medo, recuou de novo.

Bolsonaro recua e desiste de acabar com a educação
Segundo uma fonte, o projeto de transformar as universidades brasileiras em filiais do McDonald’s estava pronto para assinatura na mesa do presidente. E mais: todos aqueles reitores, professores e funcionários do PSOL e do PT iam ser obrigados a usar avental se quisessem continuar com a boquinha. Muito grave. Mas a imprensa marrom revelou o plano (que o governo fingia ser só um condicionamento normal de verbas) e ficou tudo bem. Mais um recuo.

Trump recua e indica Brasil para OCDE
Vendo tantos recuos do presidente brasileiro, Donald Trump, que é um cara ciumento, resolveu recuar também. Depois de anunciar que indicaria o Brasil para uma vaga na OCDE, ele confirmou exatamente o que tinha anunciado – mas esperou aquele tempinho suficiente para as águias da notícia no Brasil terem o seu momento de glória (e arrecadação, que ninguém é de ferro) e pintarem o presidente americano em todas as posições de traição que uma mente excitada pode conceber. Aí Trump reapareceu triunfal anunciando seu recuo para frente – numa imitação flagrante daquele famoso passo do Michael Jackson. Esses fascistas não sabem inventar nada.

Guilherme Fiuza - Gazeta do Povo




Congresso inicia as atividades 
do Legislativo em 2020
A abertura dos trabalhos na Câmara dos Deputados e do Senado inicia nesta segunda-feira (3) em sessão solene conjunta, às 15h. Uma mensagem encaminhada pelo presidente da República será lida pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Na sessão, além de ressaltar a importância das reformas administrativa e tributária, a mensagem trata do combate à criminalidade, à corrupção e do fortalecimento da imagem do país no exterior. Também participam do evento o presidente do STF, Dias Toffoli, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, além de integrantes da Mesa do Congresso e líderes partidários.

Profissional que atendeu caso suspeito em
Paulínia apresenta sintomas do coronavírus
Uma profissional de saúde que atendeu um empresário suspeito de ter contraído o coronavírus apresentou sintomas da doença e está em isolamento particular, em Paulínia, interior de São Paulo. A Secretaria Municipal de Saúde considera o novo caso como suspeito de transmissão direta do vírus.
Conforme boletim divulgado pela pasta na noite de sexta-feira (31), a paciente atendeu o homem de 45 anos que apresentou sintomas após retornar da China - esse caso é considerado caso suspeito pelo Ministério da Saúde. Ela começou a apresentar os sintomas quatro dias depois.

Presidente culpa governadores por preço 
da gasolina e promete mudar regra do ICMS
O presidente Jair Bolsonaro responsabilizou, neste domingo (2), os governadores pela não redução do preço dos combustíveis nos postos de gasolina mesmo com baixas sequenciais dos preços nas refinarias. No Twitter, o presidente questionou por que, após a terceira queda dos preços nas refinarias, o valor do litro não diminui nos postos. “Porque os governadores cobram, em média 30% de ICMS, sobre o valor médio cobrado nas bombas dos postos e atualizam apenas de 15 em 15 dias, prejudicando o consumidor”, respondeu, ele mesmo, em outro post. “Como regra, os governadores não admitem perder receita, mesmo que o preço do litro nas refinarias caia para R$ 0,50 o litro”, escreveu Bolsonaro, que prometeu enviar para o Congresso projeto de Lei Complementar para que “o ICMS seja um valor fixo por litro, e não mais pela média dos postos (além de outras medidas)”

Pesquisa: 46% querem impeachment 
de Trump e 49% são contra
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emerge do processo de quatro meses de impeachment com poucos sinais de danos em sua imagem política, mesmo que a maioria dos eleitores acreditem que ele cometeu os atos pelos quais os democratas da Câmara dos Representantes os acusaram, mostra uma pesquisa Wall Street Journal/NBC News. Para 46% dos eleitores, o Senado deveria retirar Trump do posto ao fim do julgamento de impeachment, enquanto 49% dizem que ele deveria cumprir seu mandato.
A aprovação do presidente na pesquisa de janeiro ficou em 46%, com 51% desaprovando-o, em linha com os resultados de sondagens realizadas durante seu mandato.

EUA confirmam oitavo caso de 
infecção por coronavírus
As autoridades de saúde do Estado de Massachusetts, no nordeste dos Estados Unidos, confirmaram um novo caso de infecção por coronavírus, o oitavo no país. De acordo com o Departamento de Saúde Pública de Massachusetts, o novo caso é de um homem na casa dos 20 anos e vive na cidade de Boston. O cidadão americano viajou recentemente para Wuhan, na China, epicentro da doença, e sentiu sintomas da doença pouco depois de voltar aos EUA.
Com a Espanha, que confirmou na noite de ontem registro do novo vírus no país, a lista de países afetadas pelo coronavírus subiu para 23, além da China. O número de mortos está em 259, e ao menos 11.792 casos já foram confirmados.



Maia fez 230 viagens em jatinhos 
da FAB, 46 para a casa dele

Por Lúcio Vaz

Dep. Rodrigo Maia - Foto: VEJA
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez 230 viagens em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) em 2019. Só os deslocamentos para a sua residência no Rio de Janeiro foram 46. Considerando o trajeto de volta a Brasília, o número seria o dobro. Ele visitou 19 cidades no país. E também utilizou jatinhos para sete viagens para o exterior. Nessas missões internacionais, apenas as 84 diárias para assessores custaram R$ 190 mil.

Na viagem para Nova York, em maio, os presidentes da Câmara e do Senado, Davi Alcolumbre, partiram e retornaram no mesmo dia – 12 e 16 daquele mês –, mas cada um utilizou uma aeronave Legacy disponibilizada pela Aeronáutica. Na capital americana, os dois presidentes tiveram encontros com empresários e investidores, como o Bank of America, Grupo Safra, Citigroup e Goldman Sachs. Participam do evento Brazil and the World Economy, no Harvard Club.

Maia bateu com folga o presidente do Supremo Tribunal Federa (STF), Dias Toffoli, que fez 95 viagens pelo país nas asas da FAB no ano passado, além de deslocamentos em voos comerciais para vários países, como mostrou reportagem publicada no blog dia 30 de janeiro. Voou até para uma homenagem ao seu pai, na pequena Ribeirão Claro (PR).

Maia e Toffoli se encontraram em Roma, na cerimônia de canonização da Irmã Dulce. A Câmara destacou quatro assessores para acompanhar o presidente. As 21 diárias custaram R$ 48 mil nos cinco dias em que lá permaneceram. Antes do evento principal, Maia participou, dia 11, da reunião do Comitê Executivo da Internacional Democracia Centrista.

No sábado à tarde, o embaixador brasileiro, Hélio Vitor Ramos Filho, ofereceu à delegação brasileira recepção na embaixada do Brasil, na Piazza Navona, na região central de Roma. Houve apresentação excertos da ópera “Ave Dulce”, que aborda as obras sociais da irmã Dulce. Na cerimônia no Vaticano, no domingo, a assessoria de cerimonial e os agentes de segurança mostraram porque estavam lá – acompanharam o presidente da rota de acesso restrita destinada aos membros da delegação do governo brasileiro.

Maia foi duas vezes para Nova York no mesmo ano
O presidente da Câmara já havia estado em Nova York no início do ano passado. Em 11 de abril, fez a palestra de encerramento da XP Investments Conference Brazil: First 100 Days, no Lotte New York Palace Hotel. Na noite anterior, participou de Jantar com brasilianistas, integrantes do corpo diplomático e parlamentares.

Em Portugal, em 22 de abril, Maia participou da abertura do Fórum Jurídico de Lisboa, na Faculdade de Direito de Lisboa. Às 13h, o presidente almoçou no restaurante Eleven, um dos melhores da cidade, especializado em cozinha mediterrânea, com pratos criados pelo chef Joachim Koerper. As diárias dos dois assessores custaram R$ 20 mil.

Em outubro, o presidente da Câmara foi a Londres e Dublin para tentar acalmar os europeus, que manifestavam preocupação com as queimadas na Amazônia. Palestrou no evento sobre agricultura e sustentabilidade promovido na Embaixada do Brasil em Londres. Afirmou que houve erros na narrativa construída pelo governo sobre os dados de queimadas de desmatamento. Afirmou que o meio ambiente e o agronegócio são temas fundamentais e precisam ser tratados em conjunto. As 13 diárias dos três assessores custaram R$ 10 mil.

No início de dezembro, o presidente da Câmara também esteve em Genebra, na Suíça, integrando a comitiva presidencial. Participou de reuniões com o Diretor Geral da Organização Mundial do Comércio, Embaixador Roberto Azevedo; de audiência com a ex-presidente do Chile Michelle Bachellet, comissária da ONU para Direitos Humanos; e de encontro com o Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio, (OMC) embaixador Roberto Azevêdo, entre outras autoridades. As 17 diárias dos quatro assessores que o acompanharam custaram mais R$ 40 mil.

Ele também esteve na Argentina, uma semana antes, acompanhados de deputados de esquerda, para o visitar presidente eleito, Alberto Fernández, e tentar aparar as arestas deixadas por declarações de Bolsonaro durante a campanha eleitoral argentina. Manteve reunião de trabalho com o futuro presidente da Câmara dos Deputados da Argentina, Deputado Sérgio Massa.

Os voos de Maia para casa
Os registros da FAB mostram que Maia se deslocou 46 vezes para a sua residência no Rio de Janeiro. Considerando os voos de retorno, a despesa é dobrada. Essa era uma prática comum dos presidentes da Câmara e do Senado e de ministros de Estado até 2015, quando a presidente Dilma Rousseff baixou um decreto proibindo que ministros usassem os jatinhos nos deslocamentos para casa. Mas essa proibição não foi imposta aos presidentes do Legislativo ou do Judiciário. Maia fez seis voos para o Rio de Janeiro a “serviço”, mais 46 para a “residência”.

O presidente da Câmara viajou para quase todos os estados, mas concentrou seus deslocamentos para São Paulo, onde se concentram os empresários que controlam a economia do país. Foram 49 viagens para a capital paulista, considerando apenas o trajeto de ida.


Maia afirmou ao blog, por meio da sua assessoria, que viajou muito em 2019 porque foi muitas vezes convidado para debater e palestrar sobre temas como a reforma da Previdência e outras matérias em debate no Congresso. Tanto que a maior parte dos seus deslocamentos foi para São Paulo. Disse também que os deslocamentos ao Rio de Janeiro são necessários para manter contatos com os seus correligionários. Sobre os voos solos para Nova York no mesmo dia, em 12 de maio, o presidente afirmou que as duas comitivas não poderiam ir juntas porque um único Legacy não teria capacidade de transportar as equipes dos dois presidentes.