Recuo para frente
O presidente Jair
Bolsonaro recuou da decisão de mandar embora o funcionário que foi de avião da
FAB para a Índia e mandou embora o funcionário que foi de avião da FAB para a
Índia. Segue um resumo de todos os recuos do presidente até aqui.
Bolsonaro recua e não
demite Moro
O presidente estava
assinando a carta de demissão do ministro da Justiça quando um pombo correio
estatal sobrevoou sua mesa e deixou cair sobre ela um pedaço de papel enrolado.
Era um bilhete de uma sobrinha da vizinha do general Heleno explicando que
Sergio Moro era o herói da Lava Jato, símbolo do combate à corrupção e estava
fazendo um bom trabalho com lealdade ao governo. Bolsonaro rasgou a carta de
demissão na hora – e ainda comentou com o pombo que o bilhete foi providencial
porque ele nem lembrava mais quem era Sergio Moro, muito menos por que o tinha
convidado para o governo. Segundo fontes que não podemos revelar, essa foi a
quinquagésima nona vez que o presidente decidiu demitir Moro e recuou na última
hora.
Bolsonaro recua e não
demite Paulo Guedes
Interlocutores do
presidente revelaram que ele ficou irritado com o ministro da Economia por
causa da privatização dos Correios. "Mas e o pombo?", teria
vociferado Bolsonaro, segundo uma fonte. Reconhecendo a importância do pombo
correio na permanência de Sergio Moro no governo, Paulo Guedes recuou e mandou
prosseguir o estudo para privatização só dos Correios mesmo, sem o pombo. Aí o
presidente também recuou e manteve Guedes no cargo. Nossa fonte também recuou e
disse que foi tudo criação da cabecinha ociosa dela, mas nós não recuaremos
jamais. Chega de recuos.
Bolsonaro recua e faz a
reforma da Previdência
O presidente estava
decidido a jogar no lixo o projeto que ele mesmo prometeu ao povo e que
reabriria o futuro do país: "Quem quer saber de futuro? A vida é
agora!", bradou Bolsonaro, segundo interlocutores próximos ao presidente.
Ele já ia tacar fogo no projeto do Paulo Guedes que nem fez com a Amazônia, mas
aí sentiu a pressão da imprensa marrom, ficou com medo da vingança do Rodrigo
Maia e voltou atrás. Mais um recuo.
Bolsonaro recua e desiste
de transformar a Amazônia em estacionamento
O presidente já tinha
encomendado ao ministro Tarcísio o asfaltamento completo da região amazônica.
Aí a Greta fez cara feia, o Macron fez bico, o Armínio e o Amoedo gritaram que
a democracia estava em chamas e o DiCaprio disse que o capitão do Titanic
morava no condomínio do Bolsonaro. Mesmo assim o presidente manteve a ordem de
derrubar a floresta – mas só até Jane Fonda perguntar ao Lula como ela fazia
para ser presa no Brasil. Aí Bolsonaro amarelou. Novo recuo.
Bolsonaro recua e demite
secretário que citou propaganda nazista
O presidente estava
decidido a pintar uma suástica na porta da Secretaria de Cultura, mas sentiu a
pressão dos democratas de Instagram e exonerou Alvim. Outro recuo.
Bolsonaro recua e desiste
do AI-5
Todo mundo sabe que o
governo fascista do Brasil estava prontinho para fechar o Congresso e anexar o
Supremo (que nem os ídolos do Lula e da resistência cenográfica fizeram na
Venezuela). Mas aí os bravos plantonistas de TV Rodrigo Maia, Molon e Randolfe,
entre outros, gritaram contra a ditadura e o Bolsonaro, tremendo de medo,
recuou de novo.
Bolsonaro recua e desiste
de acabar com a educação
Segundo uma fonte, o
projeto de transformar as universidades brasileiras em filiais do McDonald’s
estava pronto para assinatura na mesa do presidente. E mais: todos aqueles
reitores, professores e funcionários do PSOL e do PT iam ser obrigados a usar
avental se quisessem continuar com a boquinha. Muito grave. Mas a imprensa
marrom revelou o plano (que o governo fingia ser só um condicionamento normal
de verbas) e ficou tudo bem. Mais um recuo.
Trump recua e indica
Brasil para OCDE
Vendo tantos recuos do presidente
brasileiro, Donald Trump, que é um cara ciumento, resolveu recuar também.
Depois de anunciar que indicaria o Brasil para uma vaga na OCDE, ele confirmou
exatamente o que tinha anunciado – mas esperou aquele tempinho suficiente para
as águias da notícia no Brasil terem o seu momento de glória (e arrecadação,
que ninguém é de ferro) e pintarem o presidente americano em todas as posições
de traição que uma mente excitada pode conceber. Aí Trump reapareceu triunfal
anunciando seu recuo para frente – numa imitação flagrante daquele famoso passo
do Michael Jackson. Esses fascistas não sabem inventar nada.
Guilherme Fiuza - Gazeta do Povo