quarta-feira, 22 de janeiro de 2020



 ‘Fitas do Moro’ foi história que
nasceu em estado de coma

É possível que nunca se saiba ao certo o que realmente aconteceu na defunta história das gravações de conversas entre o ministro Sérgio Moro e o procurador federal Daltan Dalagnol, furtadas no ano passado por uma gangue de criminosos digitais de segunda divisão.

Durante alguns dias, pelo que será lido no futuro nos arquivos da mídia, o caso foi descrito como uma bomba de hidrogênio capaz de mudar os destinos da República. Hoje, com a apresentação da denúncia penal contra os marginais e o jornalista que divulgou o fruto do seu golpe, parece ter sobrado uma coleção de impressões pequenas.

Numa interpretação mais ambiciosa, “as fitas do Moro” foram mais uma pobre Batalha de Itararé – a batalha famosa porque “não houve”, como tantas outras na notável tradição brasileira de multiplicar zero por zero. Numa visão mais realista, não se chegou nem a isso. Foi apenas uma história que nasceu em estado de coma, teve morte cerebral em 24 horas e desde então vive por aparelhos. 

Com Sérgio Moro, que pelo roteiro escrito na ocasião, seria destruído e levaria para a cova, junto com ele, toda a Operação Lava Jato, não aconteceu absolutamente nada, porque nada se apurou de real contra ele – seu nome, na verdade, mal apareceu no noticiário neste fecho de novela, quando se apresentou a denúncia. Quem apareceu segurando o caixão, no fim das contas, foram os delinquentes que furtaram suas comunicações, e o jornalista que fez uso delas. É pouco para tanto barulho. Sobra, num gesto final de resistência para dar algum verniz de seriedade ao episódio, uma tentativa de escrever o último capítulo da história como um combate em favor da liberdade de expressão. A dificuldade prática para se montar essa causa será encontrar, ao longo de toda a “narrativa”, algum momento em que a liberdade de imprensa tenha sido desrespeitada.

Não houve, desde que apareceu a primeira fita, nenhum gesto dos poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário para impedir ou dificultar a publicação de coisa nenhuma. Não se tentou qualquer tipo de censura. Não houve ameaças a ninguém. O jornalista que originou as publicações chegou a receber uma espécie de salvo-conduto do STF, no qual se proibia que a polícia investigasse qualquer dos seus atos. A um certo momento, inclusive, formou-se uma espécie de consórcio entre órgãos de comunicação para dar mais impacto ao que ia sendo divulgado. A única coisa que houve foi um inquérito policial para apurar os crimes cometidos pela gangue. Não se trata de uma opção – é o que a lei manda que se faça. Se o jornalista envolvido na história foi denunciado, é porque o Ministério Público acha que ele participou dos delitos – e não porque publicou as fitas. Um juiz decidirá se aceita ou não a denúncia, e a partir daí a justiça segue seu curso. A liberdade de imprensa não tem nada a ver com isso. 

J. R. Guzzo





Psol celebra Lênin: “Viva os comunistas
O perfil oficial do Psol no Twitter publicou na terça-feira (21) uma mensagem sobre os 96 anos da morte de Vladimir Lênin. No texto, o partido diz que "outra sociedade que seja guiada pelo poder do povo e não pelo poder do dinheiro é possível". A publicação encerra com a saudação "viva os comunistas! ".

Guedes busca acordos tributários e comerciais
no Fórum Econômico Mundial
O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou a ida ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, para negociar acordos comerciais e tributários para o Brasil. Guedes se reuniu, nesta quarta-feira (22), com o chanceler do Reino Unido, Sajid Javid. O assunto foi um acordo para evitar a bitributação nas trocas comerciais entre os dois países. O ministro também esteve com representantes da EFTA, que inclui Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. "Queremos acordos com Coreia do Sul, Japão e Canadá. Tudo gradual, para assegurar a competitividade da indústria brasileira", disse o ministro.

Sem citar Glenn, secretário da PGR fala em
punir para proteger os verdadeiros jornalistas
O secretário de Direitos Humanos da Procuradoria-Geral da República (PGR), Ailton Benedito, usou uma rede social para comentar novamente a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o jornalista Glenn Greenwald. Na última terça, o procurador já havia defendido a legalidade da denúncia. Sem citar o nome, publicou uma mensagem no Twitter nesta quarta-feira (22) sobre punir para proteger os verdadeiros jornalistas.

Bolsonaro cita processo e evita jornalistas:
“Solução é não dar entrevistas”

O presidente Jair Bolsonaro publicou, no Twitter, nesta quarta-feira (22), uma mensagem dizendo que não vai mais dar entrevistas. A publicação é acompanhada por um vídeo da saída do Palácio da Alvorada em que Bolsonaro diz ser alvo de um processo por agredir a imprensa. "Quando eu falo, eu agrido vocês", disse.

BNDES deve repassar à União R$ 15
bilhões por receitas de dividendos
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve repassar à União até R$ 15 bilhões de receitas de dividendos - um recorde, se concretizado. A estatal pagou, até novembro de 2019, R$ 8,5 bilhões à União. O lucro pode ser ainda maior com o resultado das vendas de ações do banco com Petrobras e JBS e chegar a R$ 20 bilhões em 2020. O valor vai auxiliar nas novas despesas com o salário mínimo, por exemplo, que sofreu reajuste de R$ 6 com o novo IPCA.