terça-feira, 24 de dezembro de 2019



“É a economia, estúpido”.
E ela está reagindo!

Encerrando o ano a gente vê que está valendo aquela frase do assessor do presidente americano “É a economia, estúpido”. Podem fazer e dizer o que quiserem, mas, a economia está reagindo.

A economia veio lá de trás com a maior recessão da história com Dilma, no governo Temer já estava começando a se recuperar e este foi o ano da recuperação. Ainda na segunda-feira (23), no Palácio da Alvorada, residência do presidente, na biblioteca nós conversávamos sobre isso.

Na ocasião, ele disse que "a bola está com Paulo Guedes" e repetiu que Guedes é o patrão. O ministro está fazendo uma recuperação da economia. Eu estive ontem (23) também com o presidente do BNDES e o banco está mudando, vai se tornar, em primeiro lugar, um banco social.

Crescimento
Aqueles pessimistas que apostaram na pior, quebraram a cara. A economia americana está crescendo mais do que o esperado, a economia chinesa caiu menos que o esperado e a economia brasileira vai crescer bem mais do que o esperado.

Aqui no Brasil falavam em crescimento de 0,8% e pode chegar em 1,2% ou 1,3%. Eu aposto em 1,3%, porque é o otimismo que empurra a economia, como sempre empurrou.

Venezuela
A Venezuela teve um ataque em um quartel da Infantaria de Selva, no Sul, por parte de gente rebelada. Com isso, o governo venezuelano foi buscar a explicação fora. Ele deveria encontrar explicação dentro do país de onde as pessoas estão fugindo.

O governo do país acusou a Colômbia, o Peru, o Brasil e os Estados Unidos de tomarem parte desse ataque ao quartel. Foi morto um oficial e roubados 100 fuzis, diz a informação oficial que os fuzis foram recuperados. O Brasil, a Colômbia e o Peru não têm nada a ver com isso.

Tragédia
Em Belo Horizonte, na região da Pampulha, o pai atropelou e matou o filho de dois anos e três meses enquanto manobrava o carro no prédio em que mora. O menino estava brincando com um balão.

O pai disse à polícia que o vidro tem uma película muito escura e que não viu a criança. Eu quero deixar o registro porque o Código de Trânsito proibia qualquer adesivo no para-brisa nos vidros do carro.

Depois foi feito um lobby para permitir até um certo limite, mas esse limite não está sendo observado. Por isso, a gente vê pessoas mascaradas dentro dos carros, não é possível ver através do carro que está na nossa frente ou ao lado para a gente avaliar manobras no trânsito. Também não dá para saber se têm pessoas armadas dentro do carro.

Alexandre Garcia




A era das narrativas e o empresariado
que se deu bem com o petismo

Há, como se diz hoje a respeito de quase tudo, uma nova “narrativa” na praça. Como é bem sabido, tornou-se praticamente impossível, no Brasil atual, o cidadão passar 24 horas seguidas sem ouvir na mídia algum tipo de “narrativa” – a “narrativa” de Sua Santidade o Papa, da moça que apanhou do marido ator de novela, do bandeirinha de futebol e daí por diante, até o último dos 7 bilhões de habitantes do planeta.

A “narrativa” que se pode pegar no momento por aí, e que já começa circular no ambiente político-empresarial-jornalístico-jurídico-garantista e mais tudo o que em geral entra nessa sopa, é o que daria para se chamar de: “Fábula do empresário nacional mal tratado pela justiça do seu próprio país, em vez de apoiado por todos nesta sua hora de desventuras, como aconteceria nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, onde os governos pensam em salvar empresas e empregos”.

É o que as classes instruídas, e melhor equipadas para pensar do que você, começam a ouvir – e, mais que isso, a dizer em palestras, entrevistas à imprensa, mesas redondas e por aí afora.
  
Os empresários apresentados ao público como vítimas de maus tratos da justiça, ou coisa parecida, boa parte deles hoje afastados do comando efetivo das suas empresas, são em geral de um biotipo muito conhecido no Brasil dos últimos anos: donos e altos executivos de empresas que praticaram atos bilionários de corrupção nas suas relações com os governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, e hoje não andam mais no lado da rua onde bate o sol. Foram pegos em flagrante. Confessaram, com papel passado e assinado, os crimes que cometeram. Delataram-se uns aos outros, sem constrangimento, diante da autoridade judiciária. Pagaram multas-gigante, tiveram de devolver dinheiro roubado e fizeram “acordos de leniência” com órgãos do Estado, para pagar penas financeiras mais em conta – acordos que são, de novo, confissões perfeitas da prática de delitos previstos no Código Penal brasileiro.

A “narrativa” que começam a vender, agora, é que o mal que fizeram, junto com os participantes dos governos de Lula e de Dilma, não foi, no fundo, tão grande assim. Na verdade, talvez nem tenham tido tanta culpa pelo que fizeram – afinal, precisavam fazer suas empresas trabalhar (e gerar empregos, claro, gerar empregos acima de tudo) e os governos deste pais, como todo mundo sabe, não deixam ninguém funcionar sem o pagamento de propinas. Não se pode esquecer que muitos pagaram, com todos os juros, tudo o que tomaram emprestado do BNDES, Banco do Brasil e outros guichês onde magnatas amigos de quem manda encontram “dinheiro barato” – não fizeram nada de útil para o país com as cordilheiras de dinheiro que receberam, mas isso são outros 500, não é mesmo? Foram enganados em seus negócios com Angola, Cuba, Moçambique, Guiné e outras potências desse porte; como iriam imaginar que uma coisa dessas pudesse acontecer? E por aí vamos.

Não faltam ajudantes para tocar essa “narrativa” segundo a qual ladrões confessos de dinheiro público vão tentando, discretamente, livrar-se do seu registro como bandidos e ir vestindo a fantasia de empresários mais ou menos normais, “simples homens de negócios úteis para a economia brasileira”, ou mesmo vítimas das circunstâncias. Aqui e ali o presidente do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, dá a sua mão. Aqui, ele diz que não pode haver progresso se houver muito rigor nas exigências de ordem. Ali, diz que um “lado ruim” da Operação Lava Jato foi quebrar empresas; imagina-se, então, que seus crimes de corrupção não deveriam ter sido punidos, para que elas continuassem colaborando com o avanço econômico do país. É aplaudido por banqueiros e tratado com deferência na mídia.

A Odebrecht, no momento, parece ser quem está avançando mais na construção da nova “narrativa” – justo ela, a Odebrecht, dada como a campeã mundial da corrupção em todos os tempos. Seu ex-presidente, Marcelo Odebrecht, voltou a aparecer na mídia e a empresa voltou a ser comentada. Só que você não vai ouvir falar na palavra “corrupção” em nada disso. A “narrativa” vai tentar lhe mostrar que o problema da empresa e do reinado de Odebrecht, no fundo, foram dissenções internas, operações de altíssima complexidade no exterior e mais uma porção de milagres. Quem sabe acaba pegando?

J. R. Guzzo