Se alguém neste País
assusta investidor
é Toffoli e seus parceiros
do STF
O planeta Terra seria um
lugar perfeitamente insuportável se todo o mundo, sem nenhuma exceção, dissesse
sempre a verdade, o tempo todo, para todas as outras pessoas que conhecesse. Já
imaginou? É melhor não imaginar. O fato é que esta vida precisa ter os seus
momentos de hipocrisia, para funcionar com um mínimo de paz – mas também é fato
que as autoridades da nossa vida pública não precisavam exagerar. É a velha
história: gente que manda não perde praticamente nenhuma oportunidade de ficar
cega para os seus próprios desastres, mas nunca é surda, nem por um minuto,
para qualquer erro que possa ser cometido pelos outros.
O hipócrita, felizmente, é
um bicho que só morde de verdade quando consegue esconder que está sendo hipócrita
– quando a sua hipocrisia fica na cara de todo mundo, como vive acontecendo, o
mal que faz não leva a lugar nenhum. É o caso, neste preciso momento, do
ministro Dias Toffoli, que acaba
de compartilhar com o resto da nação suas preocupações com a má imagem que os
investidores estrangeiros fariam do Brasil depois de uma declaração do
ministro Paulo Guedes sobre
o AI-5. Teria o ministro sugerido
a ressurreição do “Ato”, que está morto há 40 anos – quatro vezes mais, aliás,
que o tempo durante o qual esteve vivo? Não. Ele disse o seguinte: “Não se assustem se alguém
pedir o AI-5”, no caso de haver baderna na rua, em
vez de oposição na política.
É livre, obviamente, o
julgamento de cada um sobre o que disse Guedes. O que não tem cabimento é
imaginar que Toffoli está
sendo aquilo que ele finge que é – um cidadão aflito com o futuro do
investimento externo no Brasil. Se há alguém nesse País que assusta o
investidor, de qualquer nacionalidade, é ele mesmo, em pessoa – junto com os
seus parceiros de STF que
acabam de proibir a prisão de criminosos condenados em segunda instância. Isso
sim, é construir a imagem de uma nação sem lei.
J.R. Guzzo