terça-feira, 26 de novembro de 2019
Após receber advertência,
Deltan diz que
exerceu “direito à
liberdade de expressão”
Deltan Dallagnol afirmou
que a advertência que recebeu do Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP), nesta terça (26), por ter feito críticas a ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) não reflete o apreço que tem pelas instituições.
"Minha manifestação decorre de um sistema de justiça que não funciona, em
regra, contra poderosos, e é na omissão e no silêncio que a injustiça se
fortalece. O debate dos problemas de nosso sistema é essencial", disse
Dallagnol em uma série de tuítes. Por 8 votos a 3, os conselheiros do CNMP
decidiram dar uma advertência a Deltan, por ter dado uma entrevista à rádio CBN
em que fazia críticas a ministros do Supremo.
Deltan vai ao STF após
sofrer advertência por críticar ministros
A defesa de Deltan
Dallagnol, procurador da República e coordenador da força-tarefa Lava Jato em
Curitiba, vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a advertência
imposta pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) nesta terça-feira
(26). A punição ocorreu após o procurador dizer que ministros do STF passam
mensagem de leniência com suas ações (vote na enquete da Gazeta do Povo). A
defesa, diz a Crusoé, aguarda para ver se entra com embargos de declaração
contra a advertência - o objetivo é esclarecer pontos que levaram os
conselheiros a optarem pela punição. No STF, o advogado ainda pretende impetrar
um mandado de segurança.
Bolsonaro diz que
Congresso vai decidir
se GLO vai impedir “atos
terroristas”
O presidente Jair
Bolsonaro voltou a falar na segunda-feira (25) sobre o projeto de lei que prevê
excludente de ilicitude em Garantia de Lei e da Ordem (GLO) vai impedir determinados
protestos - comparado pelo presidente a atos terroristas. “Vai tocar fogo em
ônibus, pode morrer inocente, vai incendiar bancos, vai invadir ministério,
isso aí não é protesto. E se tiver GLO já sabe que, se o Congresso nos
der o que a gente está pedindo, esse protesto vai ser simplesmente
impedido de ser feito", afirmou o presidente. A fala de Bolsonaro é sobre
o projeto enviado ao Congresso na última semana que retira a punição a
policiais em operações. "O Parlamento é quem vai dizer se quer que a
gente venha a combater esses atos terroristas ou não”, afirmou.
Ato em frente à residência
de Alcolumbre
pede aprovação da 2.ª
instância
Um grupo de manifestantes do Vem Pra Rua realiza um ato na manhã desta terça-feira (26) em
frente à residência oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Eles pedem a aprovação da prisão em segunda instância no Congresso. Os
presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, se reúnem
agora pela manhã com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, para tentar costurar
um texto de consenso sobre o tema.
Kajuru diz que passou mal
no Senado por 2.ª instância
Ainda em recuperação
depois de passar mal no Senado, Jorge Kajuru atribuiu a convulsão que teve no
plenário na última semana à votação da prisão após condenação em segunda
instância. Em entrevista a revista Época, o senador disse que passou mal quando
percebeu que a votação não ocorreria e que a sessão seria encerrada. "Foi
aquela sessão tensa do Senado. É essa questão da segunda instância. Eu não
consigo entender. Perdi a paciência", disse. Jorge Kajuru afirmou que,
apesar de estar de licença até sexta, vai retornar às atividades antes do
previsto.
Eduardo Bolsonaro tem “Dia
D” com processos
disciplinares na Câmara e
no PSL
O líder do PSL na Câmara,
Eduardo Bolsonaro, enfrenta nesta terça-feira (26) seu "Dia D". A
comissão de ética do PSL avalia processos que podem acabar com sua expulsão por
infidelidade partidária. Eduardo é alvo de cinco procedimentos na comissão de
ética depois de ter protagonizado uma disputa pelo comando do partido na
Câmara. A punição mais grave é a expulsão. Na Câmara, o Conselho de Ética pode
dar os primeiros passos na análise de ações contra o parlamentar por causa de
sua declaração sobre o AI-5. A reunião desta terça vai definir em sorteio os
parlamentares que irão compor a lista tríplice de potenciais relatores do
processo que pode culminar com a perda do mandato parlamentar.
Moro mais que dobra arrecadação com
venda de bens apreendidos
de traficantes
Apesar das dificuldades
de Sérgio Moro com seu pacote anticrime no Congresso, o ministro poderá encerrar
o ano com um tento a favor da Justiça no combate ao crime organizado, uma de
suas bandeiras neste ano. A arrecadação com a venda de bens apreendidos de
traficantes mais que dobrou em comparação ao valor de todo o ano passado,
chegando a R$ 24,3 milhões. Em 2018 foram R$ 10,3 milhões. A explicação para
esse salto é a MP editada no meio do ano, transformada em lei em outubro pelo
Legislativo, que facilita a venda desse espólio.
Desde a promulgação da
lei, foram leiloados 311 ativos, arrecadando mais de R$ 2,6 milhões. Sob Moro,
o foco da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
(Senad), com Luiz Roberto Beggiora, mudou para
descapitalizar o tráfico de drogas.
Congresso encampa volta da
prisão em
2ª instância – para o bem
da nação
O mal, uma vez feito,
costuma gerar apenas o mal – mas, felizmente, não é sempre que as coisas são
assim. Acontecem, aqui e ali, casos em que o mal acaba sendo consertado, e é
possível que o Brasil esteja a caminho de eliminar a aberração que o Supremo Tribunal
Federal criou dias atrás com a sua decisão de proibir a prisão de criminosos
condenados em segunda instância.
O motivo está no mal-estar
que a história provocou num outro ambiente das nossas “instituições” –
curiosamente, aliás, um lugar em geral muito mal afamado: o Congresso Nacional.
A maioria dos deputados
federais e senadores, como sabem até as crianças de 10 anos de idade, não estão
entre as figuras mais admiradas pela população neste país. Mas, comparados com
o STF de hoje, se transformam em gente finíssima no espaço de cinco minutos e
assumem o ar de salvação da lavoura. É o que podem estar fazendo agora, com sua
tentativa de anular o desvario imposto ao Brasil por sua “corte suprema”.
Segundo reportagem
publicada neste fim de semana pelo jornal O Estado de S. Paulo, um levantamento
de votos na Câmara e no Senado mostra que já existem, neste momento, 290
deputados e 51 senadores que se declaram dispostos a restabelecer a prisão para
condenados em segunda instância. Vão dar uma volta no STF, se forem realmente
adiante nesse propósito, e mostrarão ao Brasil algo que nos últimos tempos foi
esquecido pelos ministros supremos e pela própria classe política: quem tem o
direto de fazer leis nesses país é o Congresso Nacional, e mais ninguém.
Isso pode vir através de
uma emenda constitucional, que eliminaria qualquer espécie de dúvida utilizada
pela maioria do STF para adiar até o fim da vida o julgamento de ladrões do
erário público. Estuda-se, também, outros caminhos para chegar ao mesmo
objetivo através de reformas na legislação ordinária ou da criação de novas
leis compatíveis com a Constituição. O fato é que os números são matadores.
Na Câmara (onde a Comissão
de Justiça, aliás, já aprovou o projeto de mudança por larga maioria), os 290
votos declarados praticamente garantem a aprovação de uma PEC – faltam apenas
mais 18 votos para completar os 308 que formarão os três quintos exigidos para
as mudanças constitucionais. No Senado, com 51 votos, o número mínimo já foi
superado. Contra, é claro, só estão o PT e os seus satélites.
Há, naturalmente, as
dificuldades que se pode imaginar, pois “Os Seis” do STF têm os seus parceiros
nas duas casas do Congresso. O presidente da Câmara dos Deputados fica à beira
de um ataque de nervos a cada vez que ouve a palavra “prisão”, em qualquer
instância. Seu colega do Senado é pinga da mesma pipa. Gostariam, pelo que
mostram os seus atos, de mandar tudo para o arquivo morto. Seu problema é que
talvez não consigam.
Deputados e senadores são
gente preocupada, em geral, com os humores do eleitorado – e há poucos casos,
no momento, em que a vontade da maioria da população seja algo tão claro quanto
sua exigência de mandar a bandidagem para a cadeia o mais cedo possível. Até
não muito tempo atrás a vontade popular era algo meio distante. Hoje em dia,
sobretudo por causa da internet, ficou bem mais próxima, mais imprevisível e
mais perigosa.
O fato é que os
parlamentares, ao contrário de magistrados que não são eleitos por ninguém,
percebem a força das redes sociais e imaginam, com mais ou menos razão, que
elas podem fazer com que não sejam reeleitos. Sentem o cheiro de queimado no ar
– e por isso estão mostrando essa vontade de cair fora. Eles já derrubaram
Dilma, por exemplo, quando viram que era arriscado demais ficar a favor dela.
Já aprovaram a Lei da Ficha limpa, quando votar contra lhes pareceu uma
tentativa de suicídio. Podem estar numa viagem parecida agora.
J.R. Guzzo
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