Lula e as mentiras sobre a
economia
“Depois que eu fui preso
(...) o Brasil não melhorou. O Brasil piorou, o povo está desempregado, o povo
está trabalhando de Uber, de bicicleta para entregar comida.” “Eu duvido que o
ministro demolidor de sonhos, destruidor de emprego, destruidor de empresas
públicas brasileiras chamado Guedes durma com a consciência tranquila que eu
durmo.” “Eles têm de explicar por que eles estão apresentando um projeto
econômico que vai empobrecer ainda mais a sociedade brasileira”. O
ex-presidente Lula, condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de
dinheiro, escolheu a economia como um dos campos de batalha contra o governo de
Jair Bolsonaro em seus primeiros discursos depois de deixar sua cela na sede da
Polícia Federal em Curitiba. Uma estratégia que só tem como prosperar se a
população brasileira for subitamente acometida de uma amnésia poderosa, que
apague até mesmo a memória do passado recente.
É verdade, como disse
Lula, que “o povo está desempregado”. São mais de 10 milhões de brasileiros à
procura de um trabalho formal, e outras dezenas de milhões na informalidade ou
trabalhando por conta própria. Mas, se existe no Brasil um “demolidor de
sonhos” e um “destruidor de emprego”, seu nome é “nova matriz econômica”. Este
é o nome da política econômica baseada na expansão desenfreada do gasto público
e no intervencionismo estatal, desenhada pelo petismo e adotada no fim do
segundo governo Lula e nos dois mandatos de Dilma Rousseff. Ela representou o
abandono do tripé macroeconômico – meta de inflação, câmbio flutuante e
superávit primário – criado no governo Fernando Henrique Cardoso e respeitado
por Lula em seus primeiros anos no Planalto.
Se existe no Brasil um “demolidor de sonhos” e um
“destruidor de emprego”, seu nome é
“nova matriz econômica”, a política
econômica do petismo
Ao deixar de lado a
responsabilidade fiscal e estimular o consumo sem bases sólidas para essa
expansão, os governos petistas criaram as condições que resultaram na disparada
dos juros e da inflação, seguida pela recessão e, por fim, pelo desemprego. A
política econômica que destruiu o Brasil não tinha nada de “liberal”, nem mesmo
de “neoliberal”; era o puro intervencionismo de esquerda, aquele que Fernando
Haddad prometia retomar se tivesse vencido em 2018.
Tamanho estrago não tem como
ser consertado integralmente em tempo recorde – ao menos, não sem fazer uso de
soluções heterodoxas que podem dar resultados imediatos, mas deixam plantada a
semente da próxima crise. Felizmente, não foi este o caminho trilhado no
pós-impeachment, marcado por reformas que retomam o compromisso com a saúde
fiscal do país. É o caso, por exemplo, do teto de gastos, da recém-promulgada
reforma da Previdência e do esforço, ainda incipiente, de reduzir o tamanho do
Estado por meio de concessões e privatizações das empresas estatais destruídas
não por Paulo Guedes, mas pela corrupção petista. Em outra frente, a reforma
trabalhista em vigor há dois anos e a recente Lei da Liberdade Econômica
destravam o empreendedorismo e a geração de empregos, mas não têm como trazer
efeitos de curto prazo se o setor produtivo não tiver a confiança necessária
para investir no país – e está confiança, interna e externamente, está apenas
começando a retornar. Isso explica por que bons indicadores, como a inflação
abaixo do centro da meta, os juros básicos no menor patamar desde 1999 e o
risco-país mais baixo desde 2011, ainda convivem com números preocupantes, como
o alto desemprego e as previsões de crescimento abaixo de 1% para este ano.
Mentira ou incompetência
(editorial de 27 de agosto de 2015)
A reação do nível de
emprego (editorial de 30 de setembro de 2019)
Até mesmo os bons números
obtidos por Lula em seus dois mandatos, usados para reforçar a mitologia do
presidente que “tirou milhões da pobreza” e que por isso é “perseguido” pelas
“elites”, precisam ser vistos com lupa. Como demonstrou na Gazeta do Povo o
colunista Pedro Menezes, Lula se beneficiou de bases estabelecidas por seus
antecessores (e aos quais nunca deu crédito, preferindo falar em “herança
maldita”) e a maior parte dos mandatos do petista transcorreu durante um
período de prosperidade mundial, intervalo em que o país teve uma das menores
médias de crescimento da América do Sul. Em comparação com nações semelhantes,
o Brasil do lulismo ficou para trás em vários indicadores. Ou seja: poderia ter
entregue muito mais caso não tivesse optado por um caminho que, anos depois,
reverteria praticamente todos os avanços obtidos nos tempos de bonança.
O lulopetismo legou ao
Brasil a mais grave crise econômica da história do país, mas tenta ressurgir
apelando justamente para a economia como forma de criar antagonismo com o
governo de Jair Bolsonaro. É uma estratégia que só funcionará à base de muita
mentira, martelada insistentemente sobre a população que ainda sofre os efeitos
do desastre causado pela “nova matriz econômica”. É preciso recuperar e
relembrar a verdade sobre os responsáveis pela recessão e pelo desemprego,
quantas vezes for necessário.
Gazeta do Povo