quinta-feira, 26 de setembro de 2019
Governo quer reintegração
de posse em
área ocupada por centro de
formação do MST
O governo federal quer a
reintegração de posse de área onde fica o maior centro de formação do Movimento
Sem Terra (MST) no nordeste. O pedido foi feito pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) e autorizado pela Justiça Federal em
Pernambuco para despejar o assentamento em Caruaru, diz a Folha de S.Paulo. O
processo é de 2008 e o processo transitou em julgado em 2017. O Incra alega que
a edificação foi erguida sem autorização. Em agosto, diz o jornal, cerca de 20
dias após assumir o cargo, o superintendente do Incra no estado, o coronel da
PM Marcos Campos de Albuquerque, solicitou à Justiça Federal o
cumprimento da sentença. A Justiça deu prazo para que a saída ocorra até 10 de
outubro, com possibilidade de uso da força policial. A Folha afirma que o
governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que é de oposição ao governo de
Jair Bolsonaro, não vai acionar a força policial para cumprir a ordem judicial.
Na posse de Aras,
Bolsonaro deseja ao novo
PGR que “interfira onde tem que interferir
O presidente Jair
Bolsonaro discursou durante a solenidade de posse de Augusto Aras no cargo de
procurador-geral da República (PGR). Bolsonaro afirmou que o Ministério Público
Federal (MPF) "tem que continuar altivo, independente e, obviamente,
extremamente responsável". Bolsonaro afirmou que a escolha de Aras foi
"difícil, tendo em vista o bom quadro que nós temos no MP". "Não
é fácil tomar decisão como essa, com pessoas tão competentes e patrióticas
existentes nessa exemplar instituição", disse o presidente.
Ao fim da fala, o
presidente desejou que Aras "interfira onde tem que interferir".
"Peço a Deus que, neste momento, ilumine o doutor Aras, que ele tome boas
decisões, interfira onde tem que interferir e colabore, também, como sei que é
da da tradição dele, a um bom andamento das políticas de interesse do nosso
querido Brasil. Todos nós ganhamos com essa indicação", afirmou.
POLÍTICOS PRESOS
Ex-governador do Tocantins
Marcelo Miranda
A Polícia Federal prendeu preventivamente,
nesta quinta-feira (26), o ex-governador de Tocantins Marcelo Miranda (MDB),
seu pai, José
Edmar Brito Miranda, e seu irmão, Brito Miranda Júnior. Eles são suspeitos
de integrar uma organização criminosa que teria causado prejuízo de R$ 300
milhões aos cofres públicos. Entre os crimes investigados estão corrupção,
fraude em licitações e desvio de recursos públicos.
Miranda estava em
Brasília, no apartamento funcional da mulher, a deputada Dulce Miranda (MDB).
Ela não é investigada. Brito, que tem 85 anos, foi preso em Palmas, onde a PF
também cumpre um mandado de busca e apreensão na casa do ex-governador. Brito
Miranda Júnior estava em Santana do Araguaia (PA). As medidas foram autorizadas
pela 4ª Vara Federal de Palmas.
A defesa da família
informou que "a princípio não há fatos que justifiquem o pedido de
prisão", mas vai se posicionar somente após ter acesso à decisão.
Esta é a segunda ação da
PF nesta semana para investigar Marcelo Miranda. Na quarta-feira (25), durante
a operação
Carotenóides, a polícia prendeu um casal suspeito de ser laranja do
ex-governador para o registro de veículos e imóveis.
Prefeito de Coari se
entrega
O prefeito de Coari, Adail
Filho (PP), se entregou no fim da manhã desta quinta-feira (26) ao Ministério
Público do Amazonas (MP-AM). Ele e a irmã, Mayara Pinheiro, são alvos da Operação
Patrinus, que investiga um esquema de corrupção no município que
envolveria políticos e empresários. De acordo com o MP, cerca de R$ 100 milhões
teriam sido movimentados pela ação criminosa.
Os mandados começaram a
ser cumpridos por volta das 6h. Adail chegou a ser considerado foragido pelo
MP-AM por algumas horas.
A assessoria de
comunicação do prefeito disse que "as acusações são graves", mas que
prestará todos os esclarecimentos desejados pela Justiça.
Outros dois homens foram
presos até o fim da manhã desta quinta-feira (25): o sócio de uma rede de
supermercados de Manaus e um sargento da Polícia Militar. Uma terceira prisão
deve ser cumprida até o fim do dia, segundo o MP-AM.
IMPEACHMENT DE TRUMP
Democratas já tem maioria
na Câmara para aprovar
na Câmara para aprovar
Pelo menos 218 deputados
americanos declararam apoio ao processo de impeachment contra o presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump. Isso ocorreu depois que a Casa Branca divulgou,
nesta quarta-feira (25), a transcrição de um telefonema no qual Trump pede ao
presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenskyy, que investigue o candidato democrata
Joe Biden, um dos nomes mais cotados para disputar as eleições presidenciais
dos Estados Unidos contra Trump no ano que vem. Os democratas acusam o
presidente de "traição" à Constituição e à segurança nacional.
Esse número - 217
democratas e um deputado independente - é suficiente para a aprovação do
impeachment na Câmara de Deputados, que necessita maioria simples para seguir
adiante. Outros 20 deputados democratas estão relutantes em apoiar o processo.
No Senado, porém, os
republicanos são maioria e, no momento, não há indicações de que eles estejam
dispostos a virar as costas para Trump, que possui um grande apoio entre os
eleitores do partido.
Quem ganha com o
impeachment de Trump?
Por enquanto, Elizabeth Warren
A senadora Elizabeth
Warren, no momento, é a pessoa que mais saiu ganhando com o escândalo
envolvendo os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr
Zelensky - e que resultou em um processo de impeachment contra Trump. Ela é
candidata à presidência dos Estados Unidos e disputará as primárias democratas
com o ex-vice-presidente Joe Biden, que também foi arrastado para a crise
política, já que, no telefonema, Trump pede que Zelensky investigue Biden e o
filho dele na Ucrânia.
Em uma pesquisa de
intenção de voto nacional, divulgada após a abertura do processo de
impeachment, Warren pela primeira vez apareceu na frente de Biden, que até
então vinha se mantendo como primeiro colocado na extensa lista de candidatos
democratas. A senadora apareceu com 27% de apoio, enquanto Biden teve 25%, de
acordo com a pesquisa da Quinnipiac University. A vantagem dela está dentro da
margem de erro, mas é um grande avanço para a democrata que estava 13 pontos
percentuais atrás de Biden em agosto.
Bolsonaro foi contundente
sem
ser agressivo. E Alcolumbre?
Por 68 a 10, o Senado
Federal aprovou a indicação feita pelo presidente Jair Bolsonaro do novo
procurador-geral da República, que entra no lugar de Raquel Dodge. É Augusto
Aras, que não estava naquela lista tríplice levada corporativamente pelo
pessoal do Ministério Público.
Nem todos os procuradores
estão presentes nessa escolha da lista tríplice, porque é feita uma eleição
interna. Depois eles levam ao presidente. Isso era feito do governo Lula para
cá, mas não há nenhuma disposição legal a respeito disso. Aras passou na
sabatina na Comissão de Constituição e Justiça e agora é o novo
procurador-geral da República.
Alcolumbre vai a Toffoli
Davi Alcolumbre,
presidente do Senado, foi ao presidente do STF, Dias Toffoli, pedir que anule a
liminar concedida pelo ministro Luís Roberto Barroso, que autorizou busca no
gabinete do senador Fernando Bezerra Coelho, líder do governo no Senado.
No dia em que houve a
busca, o senador entregou o cargo à Presidência da República. O presidente
Bolsonaro não aceitou e, inclusive, afirmou que já sabia que ele estava sendo
investigado e o escolheu mesmo assim. Portanto, vai esperar o fim dessa
história. Vai esperar a conclusão para saber se realmente existe alguma
ilicitude ao fim das investigações.
A polícia alega que pegou
um registro digital intitulado “doações ocultas”. De qualquer forma, isso
ocasionou o adiamento da votação da reforma da Previdência para semana que vem.
Alcolumbre alega que em primeiro lugar vem a defesa do Legislativo, por isso
ele foi ao Supremo pedir anulação disso tudo.
Vetos derrubados
O resultado do adiamento
da reforma da Previdência foi a votação dos vetos do presidente na Lei de Abuso
de Autoridade. De 33 vetos presidenciais, 15 permaneceram, mas 18 foram
derrubados.
Quem festejou isso foi o
autor dessa lei, que é o senador Renan Calheiros (MDL-AL). Ele não era o autor
inicial, mas fizeram tantas mudanças que ele se tornou o autor. Essa lei pegou
carona no projeto inicial do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Se a gente ler como ficou
a lei, ela se tornou o abuso do criminoso investigado. Porque a ameaça o juiz,
o Ministério Público e a polícia. Qualquer coisa que ele fizer virou crime ele
corre o risco de ir para a cadeia. Alguns exemplos:
Mostrar parte do
investigado. Fazer algum interrogatório com o preso no horário que em que ele
devia estar dormindo. O juiz decretar prisão que não era devida ou sebloquear
bens muito acima do que seria razoável. Se fizer algo do tipo, o juiz corre o
risco de “pegar uma cadeia”.
Contundente sem ser
agressivo
O presidente Jair
Bolsonaro, entrevistado pelo Correio Braziliense, disse: “Tínhamos que ser
contundentes, mas não agressivos”. Na verdade, ele foi bem contundente sem ter
sido agressivo.
Eu tenho falado com as
pessoas, e se eu fizesse uma enquete daria quase 100% de apoio. Eu vou voltar a
dizer, é claro, que os eleitores de Haddad certamente não aprovam a fala
presidencial na Assembleia Geral da ONU.
Mas as pessoas em um
auditório em que eu estava - que são médicos e administradores de hospitais -
aprovaram inteiramente o discurso e ainda disseram que aquele foi um discurso
de estadista. Um discurso forte, mas que mostrou que o Brasil tem dono: os
brasileiros.
Há uma convicção sobre
aquilo que foi decidido nas eleições de outubro. O discurso foi uma espécie de
prestação de contas que Bolsonaro fez na ONU perante os seus eleitores.
Sobre a Amazônia
O governo está preparando
um projeto de lei para tratar sobre mineração em reserva indígena. Porque a
Constituição diz que o subsolo é propriedade da União. A reserva é a
superfície, mas o subsolo é propriedade da União.
Isso vai tirar a cobiça
externa e deixa tudo mais claro. Vão fazer uma lei para regulamentar isso,
inclusive, envolvendo os índios no assunto. Pelo menos aqueles que estiverem
desfrutando da Reserva.
Alexandre Garcia
O abuso de autoridade e os
vetos
derrubados no Congresso
De uma hora para outra, o
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidiu que a reforma da
Previdência poderia esperar. Ela deveria ter passado tanto pela Comissão de
Constituição e Justiça quanto pelo plenário da casa nesta terça-feira, mas foi jogada
para a próxima semana para dar lugar a uma sessão conjunta do Congresso,
convocada às pressas, para analisar os vetos do presidente Jair Bolsonaro ao
projeto de lei de abuso de autoridade, aprovado em agosto deste ano. O
presidente havia vetado um total de 33 itens em 19 artigos. Destes, os
congressistas colocaram de volta 18 itens na lei, enquanto em outros 15
prevaleceu a decisão de Bolsonaro. E, assim como havia ocorrido com os próprios
vetos presidenciais, o resultado final tem pontos positivos e negativos.
Em ocasião anterior, esta
Gazeta já lamentou o fato de Bolsonaro ter deixado na lei trechos mal escritos
– talvez intencionalmente – que complicarão muito a vida de autoridades
honestas, como o artigo sobre a condução coercitiva “manifestamente descabida”,
a investigação estendida “injustificadamente” e o ato de demorar “demasiada e
injustificadamente” para que um juiz devolva um processo do qual pediu vistas.
Com a decisão do Congresso, outros trechos que o presidente havia acertadamente
retirado voltaram para a lei, criando ainda mais ocasiões de revanchismo de
investigados, acusados, réus e condenados contra aqueles que os investigam,
acusam e julgam.
Há uma batalha entre
poderes, em que
muitos não aceitam a possibilidade de serem
investigados e
punidos
É o caso, por exemplo, do
trecho que criminaliza o ato de “constranger o preso ou o detento, mediante
violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a (...)
produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro”. Como já lembramos, a
Constituição garante que todo cidadão tem o direito a não se incriminar, e por
isso o texto da lei de abuso de autoridade faz sentido à primeira vista. Mas o
pulo do gato está novamente na redação imprecisa, que daria margem a
interpretações segundo as quais, por exemplo, as prisões preventivas ou
temporárias decretadas no âmbito da Operação Lava Jato se encaixariam nesta
descrição, pois teriam o único objetivo de forçar delações premiadas. Também
retornou à lei a punição para quem der “início ou proceder à persecução penal,
civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe
inocente”, outro texto de redação imprecisa – como decidir quando um indício
leve ou uma denúncia anônima, por exemplo, seria uma “justa causa fundamentada”?
O Congresso até manteve
uma minoria dos bons vetos de Bolsonaro, como aquele referente ao uso de
algemas e à mobilização “desproporcional” de pessoal, veículos ou armas na hora
de executar um mandado, mas o resultado final é indubitavelmente prejudicial.
Policiais, procuradores, promotores e juízes estão agora sujeitos a todo tipo
de processo judicial, com base em uma lei cujos termos são vagos e, portanto,
permitem interpretações as mais diversas. De nada vale argumentar que tais
autoridades terão de ser denunciadas por procuradores e julgadas por
magistrados, como se se antecipasse algum tipo de corporativismo envolvendo
casos de abuso de autoridade, pois o ideal seria que nem chegássemos a esse
tipo de situação: as leis, especialmente no campo penal, precisam ser redigidas
da forma mais clara possível, de forma a reduzir a margem para interpretação e
arbitrariedade. A lei de abuso de autoridade não cumpre esse critério.
A sessão desta terça-feira
é sintomática não apenas pelo conteúdo das deliberações, mas pelo contexto em
que ocorreu. Alcolumbre deixou de lado a reforma da Previdência e convocou às
pressas a sessão conjunta do Congresso em reação a uma operação da Polícia
Federal, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que cumpriu mandado de
busca e apreensão nos gabinetes no senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE),
líder do governo no Congresso, e de seu filho, o deputado Fernando Coelho Filho
(DEM-PE), além de outros endereços ligados a ambos. O objetivo era apurar
denúncias de propinas da época em que o senador Bezerra era ministro da
Integração Nacional no governo Dilma Rousseff. Os parlamentares viram na
operação uma afronta às suas prerrogativas, ainda que decisão recente do
Supremo tenha validado operações em dependências do Poder Legislativo,
decidindo que não existe foro privilegiado para imóveis.
Nesta batalha entre
poderes, em que muitos não aceitam a possibilidade de serem investigados e
punidos – e é emblemático que a articulação para derrubar os vetos de Bolsonaro
tenha envolvido o Centrão, repleto de partidos envolvidos até o pescoço na Lava
Jato –, perde o bom combate à corrupção, perdem as autoridades que buscam fazer
seu trabalho de maneira firme e correta, perde o país, e só ganham aqueles que desejam
imunidade e impunidade.
Gazeta do Povo
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