Quando acaba o
toma-lá-dá-cá,
tem que se dizer o óbvio
Amanhã é dia de votar a
liberdade econômica – provavelmente é nesta terça (13) que a MP vai ao
plenário. Se você estiver gostando do relatório do deputado Jerônimo Goergen,
ligue para o seu empregado lá na Câmara – isto é, o seu deputado. Ligue para
ele e peça o voto dele. Porque é algo que vai libertar amarras do empresariado
brasileiro – ou seja, libertar amarras de mais investimento e mais emprego.
No Senado, a reforma da
Previdência já tem os votos necessários para ser aprovada. O interessante é que
o presidente tenha sido obrigado a dizer quem manda na Câmara e quem manda no
Senado – o que é o óbvio, né? Quem conduz as votações na Câmara, disse
Bolsonaro, é Rodrigo Maia e, no Senado, é Davi Alcolumbre.
Essa é a coisa mais óbvia
do mundo. Só que em outros tempos quem mandava era o toma-lá-dá-cá, o
é-dando-que-se-recebe, o conchavo, “me dá um ministério que eu consigo quinze
votos para você”, “libera uma diretoria para a gente aí na Petrobras, porque a
gente quer roubar a Petrobras”. Era assim que funcionava. Agora não funciona
mais, e aí tem que dizer o óbvio: o presidente da Câmara e o do Senado é que
comandam as votações. Por isso o cargo é tão disputado.
Sabotagens
Muito disputado também tem
sido o cargo de procurador-geral da República. Deve haver algum motivo para
isso, porque acho que não é só um cargo, mas um encargo. Eu também fico
admirado a respeito de como os advogados lutam para chegar a tribunais
superiores – a gente sabe como advogado ganha muito mais. Um bom advogado ganha
muito, muito, muito mais do que um ministro do Supremo, por exemplo. Mas, enfim,
as honrarias também afetam as pessoas.
Li no jornal que Sua
Santidade disse que os líderes do mundo têm que salvar a Amazônia. Nós não
vamos nos meter no Vaticano e aí o papa não se meteria na Amazônia, porque a
Amazônia é nossa. Estamos cuidando muito bem dela. Essa história do INPE: o
diretor foi muito bem trocado. Tenho depoimento de gente lá de dentro que diz
que o que foi feito foi uma sabotagem a respeito do desmatamento. A Alemanha
fala mal da gente, mas ela só tem uma última florestinha que está sendo
arrasada para fazer mina de carvão. Falo de florestinha natural, remanescente,
não de reflorestamento.
Vamos mostrar o que é bom
Outra questão importante.
Aqui no Brasil agora fazemos o contrário: o que é bom se esconde, e o que é
ruim se mostra. Então vamos mostrar o que é bom: o governo isentou de impostos
de importação remédios para câncer e HIV. Não sei por que cobravam imposto de
importação, já que a Constituição diz que saúde é um direito de todos e dever
do Estado.
O presidente Bolsonaro
pediu para a Secretaria da Receita e o Ministério da Economia examinarem a
possibilidade de isentar do imposto de renda quem ganha até cinco salários
mínimos, ou seja, quase R$ 5 mil – agora com o novo salário mínimo vai passar
de R$ 5 mil. É justo que quem ganhe mais pague mais. Aliás, o imposto de renda
é o imposto mais justo que existe. Os outros impostos cobram a mesma tarifa de
todo mundo. O imposto de renda não: quanto mais se ganha, mais se paga.
Um novo Caramuru
Por fim, eu queria
comentar essa história de um novo Caramuru. Um bandido ao telefone – grampeado
por autorização da Justiça – fala muito mal do Sergio Moro, que está pegando a
bandidagem, e mostra-se saudoso dos tempos em que tinham um “diálogo cabuloso
com o PT”. Aí a gente entende por que é que tem tanta gente brava com o
ministro Moro.
Alexandre Garcia