Alvo é o controlador do
grupo Petrópolis (Itaipava)
Em meio a pressões por
publicações de reportagens que trazem supostas conversas entre procuradores e o
ex-juiz do caso – o atual ministro da Justiça, Sergio Moro –, a Lava Jato
deflagrou nesta quarta-feira (31) sua 62.ª fase, chamada de Rock City. Segundo
a Polícia Federal, são cumpridos cinco mandados de prisão temporária (válida
por cinco dias), um mandado de prisão preventiva (sem prazo para acabar) e 33
mandados de busca e apreensão.
O alvo desta operação é o
Grupo Petrópolis, dono de cervejarias, que teria auxiliado a Odebrecht no
pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais. O controlador do
grupo, Walter Faria, é o alvo da prisão preventiva da operação desta quarta.
“O objetivo é apurar o
pagamento de propinas travestidas de doações de campanha eleitoral realizada
por empresas do Grupo investigado, que também teria auxiliado o Grupo Odebrecht
a pagar valores ilícitos de forma oculta e dissimulada, através da troca de reais
no Brasil por dólares em contas no exterior, expediente conhecido como
operações dólar-cabo”, explicou a Polícia Federal, em nota.
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Walter Faria |
Segundo a PF, offshores
relacionadas ao Grupo Odebrecht realizavam no exterior transferências de
valores para offshores do Grupo Petrópolis, que por sua vez disponibilizava
dinheiro em espécie no Brasil para realização de doações eleitorais. Segundo a
PF, a operação tem relação com o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht,
o departamento da empreiteira que gerenciava o pagamento de propina a políticos
e agentes públicos.
Segundo o Ministério
Público Federal (MPF), O Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht costumava
utilizar três camadas de contas no exterior em nome de diferentes offshores. A
empreiteira ainda utilizava uma estrutura de contas no exterior relacionadas às
atividades do Grupo Petrópolis.
Em conta mantida no
Antigua Overseas Bank, em Antigua e Barbuda, no nome da offshore Legacy
International Inc., Faria recebeu US$ 88,4 milhões da Odebrecht de março de
2007 a outubro de 2009 . Já entre agosto de 2011 e outubro de 2014, duas contas
mantidas pelo executivo no EFG Bank na Suíça, em nome das offshores Sur trade
Corporation S/A, e Somert S/A Montevideo, receberam da Odebrecht,
respectivamente, US$ 433,5 mil e US$ 18 milhões.
O MPF também aponta que a
Odebrecht realizou operações subfaturadas com o grupo cervejeiro, como a
ampliação de fábricas, a compra e venda de ações da empresa Electra Power
Geração de Energia S/A, aportes de recursos para investimento em pedreira e
contratos de compra, venda e aluguel de equipamentos.
Paralelamente,
constatou-se que o grupo Petrópolis disponibilizou pelo menos R$ 208 milhões em
espécie à Odebrecht no Brasil, de junho de 2007 a fevereiro de 2011. Além
disso, o grupo comandado por Faria, por meio das empresas Praiamar e Leyroz
Caxias, foi utilizado pela Odebrecht para realizar, entre 2008 e 2014,
pagamentos de propina travestida de doações eleitorais, no montante de R$ 121,5
milhões, segundo o Ministério Público.
Navios-sonda da Petrobras
Segundo o MPF. contas
controladas por Faria no exterior também foram utilizadas para o pagamento de
propina no caso dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000.
Entre setembro de 2006 a
novembro de 2007, Júlio Camargo e Jorge Luz, operadores encarregados de
intermediar valores de propina a mando de funcionários públicos e agentes
políticos, creditaram US$ 3,4 milhões em favor das contas bancárias
titularizadas pelas offshores Headliner LTD. e Galpert Company S/A, cujo
responsável era o controlador do grupo Petrópolis.